quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Paz!

Aêeee! 2009 eu posso ter sido um fracasso como blogueira, mas eu vivi muito mais! Para vocês e para mim, outras grandes conquistas em 2010!
Saúde e paz! É tudo que a gente precisa.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Que bicho é esse?

Morar em apartamento te livra um pouco da presença de insetos. Casas sem terreiro e que fiquem localizadas em regiões mais centrais das cidades, também ficam menos acessíveis aos insetos da mata.

Em Alfenas – MG, eu moro em uma casa e perto de uma reserva verde. Na verdade, Alfenas é piquitita e para qualquer lado que a gente vai, encontra mata. Resultado: Dia sim, dia não, aparecem artrópodes estranhos nas minhas dependências.

Olha essa espécie de grilo-tatuado que apareceu por lá:

Gente! Ele tem uma ‘carinha’ tatuada nas costas! Juro que não foi eu quem desenhei com caneta para CD! Apesar de ter dado uma vontade louca de acrescentar uns chifrinhos ali para dar mais ibope à imagem. Hehe

Aprecie a simpatia do bichinho! Rindo ainda! Oh natureza mais bela essa!

A pessoa que vos escreve - uma semi-bióloga que abandonou o curso de Biologia no segundo ano de faculdade - ainda aprecia de mais essas miudezas vivas do mundo!

Que tal um besourro-rinoceronte?


Clica na imagem! Amplia ela! Salva para você! Põe de plano de fundo no desktop! Pruveita sô! =)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pé! Eu te amo! Eu amo cada coisinha em mim!

Muitas coisas me aconteceram nesses últimos 2 meses e por indisposição – entre outras causas – nada foi parar no Chuva de Containers. Entrei em depressão senhores! Entenda DEPRESSÃO como um período de reflexão em que estive desmotivada a fazer coisas que habitualmente gostava. Não contei para vocês. Melhor assim. Este blog nunca nasceu para ser triste. Aliás, a fossa de Mariana Martins não durou muito tempo, graças a Deus! Então saibam que a ausência nesse blog nem foi por causa exclusiva de ocupação com os estudos, mas foi pelo tempo que tirei para tratar minhas descobertas depois da primeira cirurgia. É que caiu a ficha que o ser humano é uma casquinha. Que o bisturi, esse instrumento indecente, põe fim em alguém em poucos minutos. Agora, plenamente convalescida, sinto uma culpa danada de ter deixado de escrever coisas que participaram desse meu grande amadurecimento pessoal. Tudo aconteceu muito rápido. Nesse momento eu reconheço: foi preciso!

Algum dia você já acordou e disse: “Pé adorado! Lindo! Macio! Eu te amo!” ?

Que fosse “Pé áspero! Da unha encravada! Cheio de bolhas! Eu te amo!”?

Nunca né?

É por isso que todo mundo devia ver a cirurgia de amputação de um pé!

Eu não chorei. Eu não senti enjôo. Só fiquei em choque! A cirurgia foi mais rápida que todas as outras que já tinha acompanhado. Mais rápida que extração de um tumor de 15 centímetros de um testículo, mais rápida que a reconstrução de um fêmur comissurado, mais rápida que by pass de artéria poplítea. Amputar um pé durou 50 minutos! O motivo da amputação: Diabetes. Essa doença causa lesão das células que revestem o interior dos vasos sanguíneos. Assim, células de defesa no sangue não conseguem sair do vaso para combater uma infecção que comece por pequenos machucados. O resultado é um pé neuropático, infeccionado, que pode chegar perder a perfusão sanguínea. É o pé diabético. Se esse pé inútil não for amputado, torna-se problema para o resto do corpo. A infecção se espalha e a pessoa morre.

Para chegar ao ponto de perder um pé por esse motivo, muita omissão do paciente aconteceu. E, sim, o paciente que perdia o pé naquela mesa de cirurgia era de simples condição social. Ele não tinha consciência que as coisas chegariam a esse ponto e não foi instruído para evitar aquilo. O paciente era um velhinho que provavelmente chegou aos serviços de saúde para pedir ajuda calçando um chinelo havaianas azul.

A minha reflexão nessa hora foi admitir que a maioria dos pacientes que se humilham nas filas de atendimento do pronto socorro são de condição humilde. Falta instrução a essas pessoas para prevenção de doenças. E a saúde - que pelo SUS é deficiente de recursos e pelo meio privado não sai barata - falha justamente para quem mais necessita: quem tem pouca renda.

A segunda reflexão não foi pela injustiça social de privar atendimento de saúde a quem tem pouca renda. A segunda reflexão foi puramente existencial. É que bisturi circula a canela do paciente em 10 segundos. O pé doente é encapado por uma sacola plástica no início da cirurgia. A amputação prossegue pela dissecação de camadas. A pele o bisturi já levou! O cauterizador vai rompendo a gordura. Os vasos sanguíneos são amarrados e depois cortados pelo cautério também. O osso é cerrado por uma cordinha metálica dentada. ‘Cera de osso’ é o nome da massinha que veda o buraco que a medula óssea ocupa. O soro lava tudo e os pontos terminam de fazer o cotoco de perna. Um cotoco é uma coisa feia! Murcha! E, sim! Nessa hora dá vontade de chorar. O pé sai inteiro dentro do saco plástico de cor específica para restos hospitalares orgânicos.

Mas então... e se o bisturi subisse? Subisse... subisse... subisse...

Sobrava um corpo dentro de um saco plástico?


Passei esses últimos três meses formulando RESPOSTAS.

Não as tenho.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Oi! e Tchau!

Oh! Estou muito ocupada com os estudos! O Chuva de Containers não morreu!
Juro que, dentro de uma semana, eu postarei na frequência de 3 vezes por semana para me redimir da ausência de quase um mês e meio por aqui. Curuis!


Clique na imagem e a amplie!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Minha primeira cirurgia.

Eu NÃO nasci de pai médico, nenhum parente próximo meu é médico. Então não tive favorecimentos familiares para conhecer a rotina interna de um hospital. Muitos que estudam comigo e cursam o primeiro ano na faculdade de Ciências Médicas de Alfenas, se gabam de já terem ajudado, por exemplo, a mamãe cardiologista ou papai obstetra em alguma cirurgia. Nesse mundo – realmente - quem alcança algum fio do rabo do gato é sempre quem tem contato ou quem tem esperteza e bedelhudeza.

Esperta e bedelhuda eu sou. Contato eu ando fazendo. Desconsidero médico mal educado e às vezes até encho a bola deles. Mas nem meu cabelo longo castanho escuro e nem meus olhos combinantes, também castanhos escuros, têm ajudado muito. Essa simpatia transparente da minha pessoa (Hehe) e a eximia aptidão para fazer a carinha do gato de botas do Sherek, não funcionam quando descobrem que quem está pedindo para assistir uma cirurgia é uma reles aluna do primeiro ano. Uma aluna que não tem conhecimento nenhum de práticas cirúrgicas. Que não tem conhecimento nem mesmo da forma correta de se vestir para entrar no bloco cirúrgico de um hospital.

Eu já tentei várias formas de entrar no HUAV (Hospital Universitário Alzira Vellano). A intenção era conseguir ver alguma coisa interessante no meio da agonia geral que domina os 3 primeiros anos do curso de Medicina. Nessa fase, estudantes estão limitados só a um monte de livrinhos grossinhos.

A primeira tentativa de adentrar no hospital ocorreu quando aproveitei de um trabalho da disciplina de Metodologia Científica. Criei a desculpa de que era necessário entrevistar alunos do quarto, quinto e sexto ano. Esses são encontrados nos seus estágios dentro do hospital. Belezura total! Cheguei nos corredores do Alzira, mas as portas das salinhas de lá de dentro estavam todas fechadas.

A segunda tentativa para ver coisas sanguinolentas no Hospital, era entrar para a Liga de Angiologia. Uma vez na vida e outra na morte, a Liga cede a cada membro a oportunidade de assistir a um plantão do Doutor João Batista. Um cirurgião famoso aqui da faculdade. Passei na prova da Angioliga. Felicíssima, o meu plantão seria dia 25 de setembro. Para atrapalhar tudo, final de agosto todos os plantões da Liga tinham sido cancelados por causa de casos da Gripe Suína no hospital.

Depois dessas frustrações, comecei a confabular estratégias assim meio cinematográficas, como entrar no lixo da faxineira que limpa o bloco cirúrgico. Digo ‘cinematográficas’, mas a possibilidade existe mesmo porque os lixos são bem grandões. Antes de cometer qualquer loucura, eis que me aparece um anjo todo de branquinho que é legal e já se tornou meu amigo. É ele Deodato Rubens, um acadêmico do 4° ano que já conhece um pouco da grande cidade que é o Hospital Alzira Vellano.

Mariana: Deodato, me leva com você para ver alguma coisa?
Deodato: Que alguma coisa?
Mariana: Alguma coisa que tenha muito sangue!

Ele entendeu o meu ‘muito sangue’ e – enfim – me colocou dentro de um bloco cirúrgico. Narro agora para você a experiência da minha primeira cirurgia. Não a primeira cirurgia que eu fiz, é claro, mas a primeira que assisti.
Eu combinei com o Deodato três e meia da tarde de ontem na porta do pronto socorro. Ele atrasou e eu cheguei mais cedo aflita com a possibilidade de estar perdendo alguma coisa que já estivesse na mira de um bisturi. Quando ele chegou, a gente entrou pela porta atrás da recepção sem nem comunicar ninguém. Nós estávamos vestidos de branco e eu ainda estava com o jaleco no ombro. Como assim era só abrir a porta e entrar? O Deodato parecia estar muito íntimo com o lugar.

Então, estando nos corredores - já familiares à minha pessoa - eu não vi a hora de ver uma daquelas salinhas de atendimento se abrirem para mim. O Deodato me apresentou alguns ambulatórios, mas esclarecendo para vocês leitores que são leigos no assunto, ambulatório é um lugar onde pacientes sem grande quantidade de sangue são atendidos. E eu queria sangue!

Mariana: Deodato onde é o bloco cirúrgico?
Deodato: Calma menina!
Mariana: Ah não Deodato! Cadê? E vai dar para ver alguma coisa? Tem cirurgia toda hora? E se não tiver cirurgia? Você conhece os professores (todos os médicos do HUAV são - por conseqüência - professores) que estão de plantão? E se eles não deixarem eu ver nada? Deodato! E se eu desmaiar você me acode? Deodato vamos logo!

O Deodato é calminho. Ele nem se altera muito com a minha euforia. A gente anda por um corredor, sobe outro, vira a esquerda e depois a direita. Aquele lugar é um labirinto. Passa segundo, passa minutos... o meu amigo pára de frente a uma porta. A placa acima dela avisava que estava perto de conseguir o que queria: “Bloco cirúrgico. Entrada restrita”.

O Deodato passa as primeiras instruções:
_ Olha! Você vai entrar nessa porta que é o vestiário feminino e eu vou entrar naquela outra para me trocar também. Tem umas roupas verdes dobradas nos armários e são estas que estão limpas. Você vai me encontrar depois que sair pela portinha do outro lado do vestiário. E ah! Me espera! Não ultrapasse a linha vermelha!

Não entendi a coisa da ‘Linha vermelha’ mas gravei as instruções. Entrei e que emoção! Eu estava vestindo roupinhas verdinhas de fazer cirurgia! Realmente haviam roupas bagunçadas e roupas dobradas. Peguei uma blusa e uma calça devidamente dobradas como dizia a instrução. Fui rápida e sai bem rápido, deixando jaleco e pertences num armarinho lá do vestiário mesmo. O Deodato demorou um pouco e enfim saiu de uma outra porta que dava para o mesmo lugar em que eu estava. Ele me olhou dos pés a cabeça e falou assim:

_ Minha filha! Você tem que tirar a roupa de baixo.
Que indecência! Eu pensei. Depois retruquei:
_ Debaixo tudo? Eu fiquei em dúvida oras!
_ Calcinha e sutiã você deixa!

Que manota! Volto para vestiário para me trocar toda de novo! E... haha, dessa vez eu lembrei de olhar no espelho. Modéstia a parte, eu fiquei muito sexy naquela calçolona verde e naquele camisão verde! Nunca me senti tão poderosa! Sai na porta de novo e dessa vez o Deodato aprovou. Ele me mostrou a linha vermelha no chão, que limitava a passagem do recinto que estávamos para o corredor cirúrgico. Antes de ultrapassar a linha vermelha, faltavam mais alguns detalhes para serem ajeitados no corpo: touca para conter os cabelos, 2 toucas para proteger os pés e máscara. Ai que chique!

O Deodato pergunta se tá tudo pronto e eu respondo que tá tudo mais do que pronto. Pé direito, passo a linha vermelha e... Tcharam! Estou no bloco cirúrgico. =)

Todo mundo ali estava igualsinho a mim e praticamente irreconhecível por causa da máscara. Ninguém identificaria a aluna do primeiro ano.

O bloco cirúrgico é cheio de salinhas e em cada uma acontece uma cirurgia diferente. As portas das salas estão semi-abertas e naquele ponto a única coisa a se fazer era pedir permissão para acompanhar algum procedimento que já estava ocorrendo. A gente - eu e o Deodato - conseguiu entrar em 3 salas. Eu vi 3 cirurgias num dia só! Os órgãos operados foram uma parótida (no pescoço), palato (céu da boca) e a mais interessante e sanguinolenta de todas: Uma fratura em muitos pedacinhos do fêmur (coxa).

As duas primeiras cirurgias não tinham muito sangue. Eram cortes pequenos e não dava para ver muito bem, pois o cirurgião trabalhava bem em cima do local. Já a do fêmur foi simplesmente o máximo! Sangue para todo lado! No chão, nos panos, nos milhares de instrumentos que estavam numa mesa de quase dois metros. O Deodato lembra de me passar as últimas instruções:

_ Não desmaie e não esbarre na mesa de instrumentos!

Eram instruções um pouco óbvias, mas para uma pessoa estabanada - feito eu - essas considerações eram extremamente úteis (principalmente a de não desmaiar). Eu não desmaiei, mas saí da sala umas cinco vezes suando frio.

Eu estava num açougue! Uma bitela de uma coxa estava na cama de cirurgia e um médico - compenetrado - fazia cortes, sugava o sangue do local, usava uma furadeira mesmo nos ossos! Ortopedia é marcenaria com açougue. Até um instrumento tipo martelo ele usava. Na mesa de instrumentos tinham brocas de vários tipos para a furadeira. Haviam ainda afastadores, tesourinhas de muitos tipos, pinças, espátulas, agulhas e coisas muito estranhas mesmo. Não dá para descrever. Na lateral da coxa direita que estava sendo operada no homem havia um corte de fora a fora. Esse corte é feito na cirurgia e a gente o chama de fasciotomia. Serve para romper a membrana que envolve o músculo deixando-o frouxo e livre das compressões necessárias para o acesso ao osso fêmur. Desse corte estava protuso um grande bife: o músculo Vasto Lateral! (Aham! Eu sei Anatomia! Kkk) Dessa carne vermelha brotava muito sangue! E o sangue vermelhinho recebia aquela luz branca e sinistra da sala que ilumina o local operado e quase toda a mesa cirúrgica. Atrás da cabeça do paciente, uma tela monitora os seus sinais vitais. Aparecem as linhas dos batimentos do coração, mas não reparei se havia algum barulhinho de ‘bip’ indicando normalidade do órgão. Uma bolsa de sangue pinga vagarosamente o sangue que vai repor a quantidade perdida na cirurgia. Também existe uma câmara com uma sanfona circular que parece produzir um ar, talvez de controle da respiração do paciente. Eu olho para a cabeça do homem sendo operado e, claro, ele está apagadão. O ortopedista pega mais um bisturi e abre mais um pouco a incisão. Eu aviso o Deodato: To passando mal! A gente sai da sala e eu sento num banquinho milagroso que aparece de repente. Abaixo a cabeça e chupo uma balinha que também apareceu milagrosamente. =)

Depois eu voltei. Entrei e saí da sala de novo ainda por muitas vezes. Era só eu me concentrar no cheiro de sangue que a coisa piorava.

A cirurgia deve ter durado umas 4 horas, mas não a acompanhei toda. Estava bom por aquele dia. A valia de tudo foi que eu resolvi a minha vida: Vou ser cirurgiã. De alguma coisa, mas eu vou ser. O Deodato me abriu as portas daquele hospital e agora eu vou entrar na cara dura toda hora que me sobrar um tempinho. Eles vão ter que engolir aquela que - um dia - será uma das maiores cirurgiãs (de alguma coisa) que esse país vai conhecer. Hihi

sábado, 3 de outubro de 2009

A tchaca tchaca tchaca tchaca... Ôôoooo!

Essa foto eu desafio o Ailton a tirar uma igual. Hehe

O normal de se ensinar para uma criança de um ano imitar é som de boisinho (béee!), cachorro, gato ou qualquer outro animal que seja do seu convívio. Não fugindo a regra, eu - com certeza – também devo ter passado por essa fase de engrandecimento liguístico que é aprender falar “au, au” e “miau”. No entanto, na minha infância, tive a figura criativa da vovó Bina para incrementar esse treinamento de onomatopéias. Ela me ensinou a imitar cigarras.

As instruções eram mais ou menos as seguintes:
- Mariana! Encha o pulmão de ar e fala: ‘A tchaca, tchaca, tchaca, tchaca’. Depois, até quando o fôlego não agüentar mais, você vai gritar: ‘Ôôoooooooooooooo...!’. E grita bem fininho.
Acho que eu nem sabia direito o que era uma cigarra, mas mesmo assim me empenhei para imitar uma. A vovó me inspirava quando fazia com perfeição aquele som engraçado. O final ‘Ôôoooooooooooooo...!” dela era como daquelas cancionistas mais velhas de festa de Reinado. Fininho, esganiçado e longo, o som – assim como o de uma cigarra – incomodava, mas era ao mesmo tempo simples e aconchegante aos ouvidos. Sério! Eu sentia prazer em ver dona Bina se esgoelando para imitar uma cigarra para mim.

Eu lembrei disso esses dias, porque Alfenas (MG) - esse mês - está totalmente invadida pelas bichinhas. Ninguém as desliga. As cigarras cantam de 7 da manhã de um dia às sete da manhã do outro dia. Na minha teoria nem é um canto, mas uma zombação da gente que passa todo ocupado de um lado para o outro o dia inteiro. Essa semana, eu estive feito uma formiguinha - para lá e para cá - resolvendo um monte de coisas e fazendo um monte de provas. Elas simplesmente pareciam aumentar a cantoria quando eu, ou alguém na mesma correria, passava. Se não conseguiam chamar a atenção, cigarras lançavam uma aguinha nojenta sobre as pessoas. E continuavam cantando, na verdade, acho que morrendo de rir por acertar a gente.

Mas e a aguinha? O que era? Alguma frutinha que ela apertava e saia água? Epa! A árvore não tinha frutinhas aquosas. Ugh! Seria xixi de cigarra? Meu Deus, que nojo! Mas antes fosse isso gente! Como desagradavelmente uma amiga conhecedora de cigarras me esclareceu, ela lança é esperma sobre a gente!
Jesus apaga a luz! Será que um cigarrão me veria lá de cima das árvores como uma cigarrona boazuda? Quanta taradesa! o.O

Bom, eu só não tinha conhecimento da metralhadora de espermas, mas cigarras - como eu já contei para vocês - me foram apresentadas quando bem pequenininha. Poucos têm avós com criatividade anormal ou nascem em uma cidade com um mínimo de verde para vir a conhecer cigarras. E fui descobrir isso quando uma garota de São Paulo-capital soltou algo assim: _ Que barulho é esse? Essa máquina vai atrapalhar as aulas!

Todo mundo aqui anestesia os ouvidos para não ficar surtado. A Faculdade de Ciências Médicas de Alfenas, que é muito arborizada, tem muitas cigarras, mas muitas mesmo! E elas realmente conseguem atrapalhar as aulas. Quando todo mundo está em silêncio, nem o barulho do ventilador tem ponderância mais.

Quarta eu fui arejar a cabeça perto da lagoa e do prédio da veterinária. Andando por lá, encontrei muitas cigarras em troncos bem baixos, próximas da altura dos olhos. Eram filhotinhos de cigarra, cigarras velhas, cigarrões tarados e – impressionantemente - casquinhas de cigarras de todo tipo! A cigarra se liberta de um esqueleto externo que grava exatamente sua forma sem asinhas. Pensei na vovó. Ela teria gostado de ver aquilo. Talvez, do céu, ela observasse ou me guiasse àquele lugar. Para mim, a partir daquele momento, vovó era uma cigarrinha que havia se libertado de sua casca material para cantar no meio das árvores.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Malandragem científica: Questionário de Morisky.

Um dos acompanhamentos necessários que o médico deve fazer é se o seu paciente toma o medicamento prescrito de forma correta. Nós, estagiários de medicina e os agentes de saúde ajudamos o médico do postinho a avaliar isso. Para tanto, fazemos visitas de rotina na casa das pessoas para certificar, inclusive, que elas tomam seu medicamento todo dia e nos horários certos. Só que é complicado você avaliar isso, porque - por exemplo - uma velhinha nunca iria admitir com todas as palavras que ela não toma o seu remédio direitinho. Na verdade, a maioria dos pacientes inadeptos a alguma medicação, sabem que estão errados. Eles omitem isso pelo medo de que o médico saiba do seu erro e negue um futuro amparo que o paciente novamente venha precisar. Contudo, na faculdade e no posto de saúde a gente é orientado a usar uma certa ‘malandragem científica’ para identificar esses cabeçudos que não entendem a importância de tomar o remédio que lhe foi prescrito: A gente aplica um Morisky neles!

Morisky (lê-se ‘morrisqui’) não é um golpe de jiu-jitsu, nem uma macumba braba para que o espírito interior da pessoa confesse que ela não está tomando remédio. Morisky é um questionário criado por alguém que se chama (ou chamava) Morisky. Grande esclarecimento! Hehe. São só quatro perguntas que prometem desmascarar o paciente que não está tomando seu medicamento. E é verdade que ele funciona! Apliquei um Morisky esses dias numa velhinha hipertensa e identifiquei o seu mau uso do captopril.

Questionário de Morisky:
1. Você alguma vez se esquece de tomar seu remédio?
2. Você, às vezes, é descuidado para tomar seu remédio?
3. Quando você se sente melhor, às vezes, você pára de tomar seu remédio?
4. Às vezes, se você se sente pior quando toma o remédio, você pára de tomá-lo?

Caro leitor, são quatro perguntas praticamente IDÊNTICAS! Mas o paciente que não toma remédio direito se enrrola em alguma dessas perguntas e você descobre um indivíduo-problema. Realmente funciona! Eu visitei essa semana a Dona Vera, de 62 anos. Perguntei se alguma vez ela tinha esquecido de tomar seu remédio (Pergunta 1). Ela falou que ‘NÃO!’, ‘NUNCA!’, e acrescentou: ‘Todo dia eu até peço os meus menino p’ra comprar leite de noite p’ra eu tomar de manhã junto com os comprimido.’ Na segunda pergunta, Dona Vera titubeou: ‘Quando eu durmo na casa do meu filho mais velho eu esqueço de levar o remédio’. Aí eu perguntei né: ‘De quando em quando a senhora dorme na casa de seu filho?’ Ela responde: ‘Todo fim de semana’. E eu: Glup! o.O

Belezinha! Em 30 dias de um mês, a Dona Vera não toma remédio em pelo menos 8 dias! Aí é hora de sentar com ela e com jeitinho, educação e paciência, explicar que sem o seu remédio uma veinha do cérebro ou do coração vai inchar, explodir e ela MORRE. Se a velhinha resolve ter um ataque cardíaco nessa hora pela consciência pesada, a gente põe a culpa no Morisky.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Incrível Homem de Blusa Azul.

Nesse feriado, felizmente, não estive sozinha a esperar pelo telefonema de um banana qualquer que pudesse me fazer sentir desejada. Os bananas disponíveis na minha vida não são pessoas sérias e nem sempre raciocinam que num feriado a pobre garota dos containers precisa de carinho. Para o fim de todos os males e fadigas, o super-homem loiro adivinhou que eu precisava ser socorrida.

Olha, eu não escrevo nada nesse blog que explicite assim a minha vida amorosa não. Mesmo porque é uma vida múltipla e cheia de causos. Mas o homem da blusa azul merece esse texto, porque, afinal de contas, ele já escreveu muitos outros para mim no blog dele. É só uma retribuição. Esclareço isso porque a gente não tem absolutamente nada e dentro de poucos dias ele arruma mais uma namorada (que não é eu) para sanar as suas necessidades sexuais e abranger a sua coleção de 10 indivíduas. Inclusive, do final de samana para hoje, ele já até arrumou uma falsa ninfeta qualquer para transar.

Mas enfim, me desculpem os meus outros tantos amores existentes. Em todos os casos, vocês - nobres possuidores do meu coração - não escreveram nenhum texto ou carta de amor para mim, não é mesmo? E mesmo assim, ainda escrevo citações indiretas para todos no blog inteiro. E mesmo assim, ainda me encontro solteiríssima a procura de homens seja de camisa azul, verde ou vermelha, mas montados num cavalo branco. Repetindo, é só uma retribuição.

Superman, apesar de não poder te dizer "Te amo!" e apesar de não termos trocado oficialmente nada mais que beijos, eu reafirmo que não descarto a possibilidade de criar um filhinho junto com você. Você me completa em potencial criativo, como nenhum outro homem me completa. É bom fazer piadinhas sórdidas e negras e ter alguém para entender e rir comigo. É bom ouvir piadinhas negras suas superhomem! É bom conversar de história, matemática, astrofísica, astroquímica, astrobiologia, tudo ao mesmo tempo! É bom te propor usar a cuequinha box de zebra (corrige lá que no seu blog tá ‘vermelha’) do manequim da vitrine e ver que você fica todo sem jeito porque é magrelo de mais para caber dentro de uma delas. É bom dividir com você milkshake de alpiste, comidinha digna de dois passarinhos de mente fértil. É bom desenvolver elucubrações sobre a frustração sexual do homem sentado sozinho no balcão e enamorando uma Kaiser. É bom bagunçar seu cabelo e fantasiar estar pegando um Hansons. Foi bom ter um personal elogiator. Foi bom ter alguém não-orgulhoso para andar comigo num fusca, mesmo sendo o carro velhinho e a motorista uma recém-possuidora de carteira.

Foi especial te conhecer, é especial te conhecer.

E as cores no nosso arco-íris não se restringem a minha calça roxa e a sua blusa azul. Afinal, sempre existiram Duendes Cor de Rosa.

Foi desse jeito que tudo começou...
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Texto de 07 de Julho de 2008

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Homem de Blusa Azul:
... sou transportado para o meu Jardim High-Tech. Vocês já ouviram falar dele, é onde planto meus cadáveres.
Porém, dessa vez não foi um dos meus que vi brotar da terra. Não... Estava lá, estirado de bracinhos abertos e lingüinha pra fora como um siricate do Rei Leão, um maldito cadáver de Duende-Cor-De-Rosa. Essa praga que já tanto amaldiçoei por aqui, que tanto fuça em meus domínios, que tanto quis matar, trucidar, exorcizar, e que nada adiantou, esses escrotinhos do Angeli, essa merda que empesteia meus pastos verdejantes, um redundante e fosforescente Duende Cor De Rosa. Tava lá, mortinho, um cadáver de duende.
Eu que sempre quis matá-lo, vejam só, agora ao vê-lo ali, esticadinho feito uma lagartixa, sei lá, bateu um remorso disfarçado de peninha dele. Quase chorei, se em meu rosto houvesse lágrimas. Mas não há. Muita coisa falta em meu corpo.
E o Duende, fiédamãe, lá, todo durinho, olhando pra mim dois olhinhos vidrados.
...
Não, não... parece morte morrida mesmo, não morte matada. Sei lá.
Ia estender a mão pra pegá-lo, mas vieram então da terra, do fogo, da água e do ar, uma série de outros duendes, não só Cor De Rosa, mas de todas as cores. Ora essa, eles sempre se esconderam de mim, mexendo no meu jardim enquanto eu distraído jogava video-game. Agora estavam todos perfilados, vindo numa marcha fúnebre, bem frente a meu nariz.
Vieram, sem nem ao menos me notar ou fugir assustados de Mim-Gulliver, gigante na terra dos duendes. Esnobaram minha presença como poucos o fazem, apenas carregando o cadaverzinho do diminuto duende (olha o pleonasmo).
Ele tinha nome, esse pequeno Satan que por tanto tempo me atormentou? Se tinha não estava na lápide, que era apenas uma pedrinha lisa entre a violeta e o condomínio BE HAPPY, que construí com exímia arquitetura para as formiguinhas e continua desabitado, às traças, até hoje. Lá, num buraquinho de um palmo, enterraram o finado amigo, em sua roupinha de Peter Pan, sua pele rosa-bebê já até meio empalidecida. Enterraram lá aquele banquete pra meia dúzia de vermes. Se é que ao menos vermes habitam aquele condomínio. Tô realmente ofendido pelo condomínio, construí com o maior esmero, com visão panorâmica e tudo. Elevador de serviço e um besourão na portaria que me deu o maior preju no Ministério do Trabalho. Magoei mesmo, mas isso não vem ao caso. Vamos nos ater ao velório que prossegue sem muita cerimônia.
Deveria eu dizer alguma coisa, quem saber fazer uma oração?
Bah, não quero interromper nada. Parecem tão resolutos em seus rituais pagãos ali, sem caixão nem velas, só um buraquinho que mais parece um pila de bolinha de gude.
Queria dizer que já o conhecia de longa data, desde a inauguração desse jardim, que o diabinho me pentelha desde sempre com suas fuçações noturnas. Mas não disse nada, apenas aprecie em silêncio aquele ritual bonitinho e comovente.
Depois de cobrir o buraco com terra e meia colherzinha de adubo (do MEU adubo, que era para as cebolinhas!), plantaram encima uma linda florzinha azul, que até agora estou por entender onde eles conseguiram.
De noite, quando o ritual acabou e os duendes estavam mais uma vez escondidos sabe-se lá onde (o condomínio BE HAPPY, quem sabe?), eu fui lá e pratiquei uma heresia e uma blasfêmia ao mesmo tempo, movido pela curiosidade e não por qualquer outro ímpeto anárquico que eu venha a ter, deve-se entender. Fui lá e cavuquei a covinha com a ponta do dedão. E não havia mais nada lá, nem ossinhos nem vermes, nem roupinha de Peter Pan. Só a raiz da florzinha, que crescia forte apesar do curto prazo de tempo.
Então eu sentei, peguei meu velho e antológico saquinho de bolinhas de gude, e me puz a jogar, com a alegria de uma criança - uma por uma - naquele redondinho Pila que era um túmulo.
Saudades do meu Duende Cor De Rosa.

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Mariana, a mulher da calça roxa comentando:
...
Considerando o fato de que esse duende é uma praga miserável que surgiu no antigo Egito e era chamada de 'flor roxa que nasce no coração dos trouxas', ...informo que o Duende Rosa costuma fingir de morto. Se a língua dele ficar roxo-amarelada e estiver esturricado no chão (como pode ter sido o seu caso), é porque o bichinho fez cópula e vai ter filhinhos. A absorção da criatura pela terra é o processo de gestação. Florzinha azul é aviso de ‘não perturbe!’. Duende cor de rosa não conhece contraceptivo e tudo vira uma praga danada!
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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Atendendo O Pedido.


Eu gosto de presentear as pessoas. Só que, às vezes, tenho problemas por comprar aquilo que eu queria ganhar e nunca o que realmente daria certo para a pessoa a ser presenteada. Só percebi isso depois da cara feia que a minha madrinha fez quando recebeu uma camisa verde com a Maria Bonita e o Lampião estampados.
Após essa crítica ocasião, a estratégia é sempre perguntar o quê a outra pessoa quer ganhar.

Dias desses foi aniversário de um amigo meu que muito considero. Semanas antes da data, já estava sondando antecipadamente alguma camisa com uma frase legal. Talvez com dizeres do Guimarães Rosa, escritor que o aniversariante tanto gosta. Talvez com o escrito por Rubens Alves, porque o meu amigo é professor. Haha. Tá vendo? Para se comprar um presente a gente tem que adivinhar possíveis coisas que a pessoa vai gostar. E se ele, mesmo sendo professor, odiasse Rubens Alves?

Sorte a minha, encontrei a dita cuja pessoa que precisava presentear no MSN e averigüei as preferências.
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Mariana: Querido! Seu aniversário tá chegando né? O quê é que você vai querer ganhar de presente?
F.: Ah sei não! Será que eu mereço?
(As pessoas sempre se fazem de arrogadas, mas todas gostam de ganhar presentes).
Mariana: Claro que sim! Pede aí?
F.: Traz a lua para mim?
Mariana: Só a lua?
F.: E mais algumas estrelinhas. =)
Mariana: A lua e mais umas três estrelinhas então?
F.: É! E uma delas pode ser você.
Mariana: Eu? Mas... como é que eu me embrulho?
F.: Desembrulhe-se.
Mariana: o.O
_________________________________

Pedido é pedido e, modéstia a parte, eu tenho muita classe para realizar desejos. Hehe. O desejo do F. chegou num potinho e completo!

Cliquena imagem e a amplie!

Dando um zoom, dá para ver até a marca de baton na minha bunda. kkk

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Afastem canetas, facas e coisas parecidas!

Olha, eu não vou ser desonesta e falar que eu faço medicina por sacerdócio, por amor a profissão não. Tá certo que eu desejei esse curso desde pequena e que ‘médica’ era a minha resposta decorada para a pergunta ‘o que você vai ser quando crescer?’. Mas gente! No colegial eu era uma gênia na Matemática e na Física. E não é modéstia não, porque desafiava até o professor. A minha meta era conseguir os 100 créditos anuais nessas matérias e conseguia em quase todos os anos (exceto quando o professor era orgulhoso e resolvia me retirar um subjetivo ponto de conceito). Tenho guardado os históricos escolares que não me deixam mentir.
Eu faço Medicina por ambição. De dinheiro? Até que não, eu ganharia bem também se tivesse seguido a Engenharia Elétrica. Na verdade eu sempre me dedico muito ao que faço e gosto de estudar. E essa é a receita básica para ganhar dinheiro. Mas enfim, tem um tipo de ambição - bem interessante - que me fez optar por Medicina: a de me tornar uma super-heroína.

A idéia é mais ou menos assim: Imagine eu num jantar romântico. Estou lá num restaurante finérrimo trocando olhares com o meu affair. A gente pede um vinho e alguma comidinha chique que venha em bolinhas super estranhas. O meu pretendente, emocionado demais – melhor dizendo, nervoso - com a presença de uma morena linda, 1,69, olhos castanhos perto dele, começa a comer as bolinhas estranhas e engasga. Eu vou acudir claro! Sugiro que ele beba o vinho ou a água que também estava sobre a mesa. Não resolve. Aí entra a experiência acadêmica da super-médica-Mariana: Efetuaria a Manobra de Heimlich nele. Esse é um procedimento usado em primeiros socorros. Nada muito delicadinho: Perna direita entre as coxas do moço por traz. (Oua mesmo!) Depois é só enrolar os braços sobre a cintura da pessoa engasgada, apoiando as mãos 3 dedos abaixo do seu apêndice xifóide. Acima do umbigo, para os leigos. Por três vezes faz-se um aperto em J na cavidade abdominal. Pronto! Acabei a manobra de Heimlich. Não resolveu nada! O homem não desengasgou. Ele está ficando roxo. Aí eu pego uma faquinha e o tubo da caneta bic do garçom. Miro a faquinha entre o osso hióide e a cartilagem tireóide. Furo o pescoço do engasgado e ancoro a abertura do buraco com o tubo da caneta. Traqueostomia concluída! Não vou mais ficar encalhada porque meu pretendente não morreu de falta de ar. O restaurante inteiro parou horrorizado para saber o que aconteceu. Aí eu chamo o corpo de bombeiros, começo a tranqüilizar todo mundo que eu sou médica e assim que os transeuntes acreditarem, já posso começar a distribuir autógrafos. Hehe.

Mas... e se eu furei num lugar errado? É tudo tão pertinho.
Iiiii! Esqueci de esterilizar a caneta do garçom. Nem uma limpesinha de nada eu fiz!
Melhor sair correndo. E pensando bem, super-heróis nem dão autógrafos.

domingo, 16 de agosto de 2009

Uma comida.


Saindo do banho, minha irmã me chama atenção para a reportagem da televisão que fala sobre o preparo de um prato de Baiacu. Um peixe esquisito que incha, vira bola e tem espinho. Não dei trela. Trocando de roupa repensei o que ela falou e cai na risada. Como assim a minha irmã, totalmente leiga na cozinha, se interessa pela culinária de um peixe. Ainda mais esse peixe tão esquisito. Será que ela queria que eu cozinhasse um Baiacu para ela? Eu ein!

Voltei na sala e ela explicou que o seu interesse não era comestível, mas puramente pela técnica de preparo. Em alguns paises orientais esse prato é extremamente comum, mas não é fácil de ser montado. É que um único peixe desses tem um veneno capaz de matar 30 pessoas! A reportagem ainda mostrava que gourmets tinham de fazer prova para mostrar que realmente eram capazes de retirar o veneno do bichinho e descartá-lo da melhor forma. Descartar os restos do Baiacu em lixo comum já chegou a matar muita gente. Na Segunda Guerra, a falta de alimentos para as pessoas levou muitas delas a condição de aproveitar do lixo de restaurantes. O veneno do Baiacu nesses lixos, acelerava aquela morte que talvez seria de fome.

Um doce.

Ele tem gosto de mão.
Não, não é de mamão.
Só de mão.
E é bão
De mais da conta!


Uma vontade.

Eu cheguei a escrever no celular assim oh: “** **** ******** * ****** ** ***** ** ****” (mensagem de amor censurada). Procurei o número dele na lista de contatos. Selecionei ele. Faltava só apertar o botão ‘enviar’. Aí uma coisa chamada razão pulou do dedo para a cabeça e voltou. O dedo mesmo aceitou que não adianta nada duas pessoas se gostarem, mas não terem favorecimentos espaciais e de menos orgulho. Mensagem apagada.

Um presente.

Toda vez que a mãe chega na minha casa aqui em Alfenas, ela fica avaliando canto por canto se falta alguma coisa. É assim que surge magicamente um escorredor de macarrão, copos de vidro, reposições dos pratos que quebrei, entre outros utensílios muito importantes. Na última vez agora, cheguei da faculdade e ela veio com um papo de que tinha me comprado um presente. E tinha mesmo! Embrulhado em papel vermelho, a coisa que chegava pelas suas mãos tinha um formato estranho. Desembrulhar alguma coisa sem saber o que é, dá sempre uma sensação boa. Sensação que durou só até eu descobrir que o presente era uma vassourinha de limpar vaso. Mãe, você me paga por essa! E que nojo! Eu não preciso de uma vassoura para limpar fezes oras!

Uma propaganda.

Clique na imagem e a amplie para ler!

Página 18 da revista Seleções Reader’s Digest desse mês. Uma propaganda dos Correios apela para o Divino para ganhar dinheiro. É a filosofia Edir Macedo se espalhando minha gente! E como assim fazem uma pesquisa para avaliar o índice de confiança dos brasileiros? Milhares de fiéis brasileiros confiam na idoneidade da Igreja Universal. O que esperar da confiabilidade dessa confiança?

Nada contra o Sedex que fique bem claro! Mas que propaganda audaz!

Um e-mail.

O Robson sempre me manda bobeiras por e-mail. Dessa vez, pelo menos, mandou uma bobeira construtiva. E como! Tende a salvar muitos relacionamentos. Hehe

Uma música.

Voltei a ouvir Mano Chao essa semana. Por causa de um show da banda do meu amigo Fernando que apesar de não ter tocado coisa nenhuma de Mano Chao (mas só Buena Vista), deixou meu coração sedento de música latina. Acredite se quiser, ouvi a faixa 5 do álbum “Próxima Estación... Esperanza” mais de 50 vezes! Tudo por causa de um jingle viciante na música 'La Primavera' (versão mais acústica) na parte:
“Nos engañaron Byebyebom !
Nos engañaron con la primavera !
Nos engañaron Bye Bye Bom !
BOMBALA BOMBALA BOMBALA….
BOMBALA BOMBALA BOMBALA….
BOMBALA BOMBALA BOMBALA”

Outra música dessa banda tem uma letra muito singela. É ela ‘Infinita Tristeza’.

O filho pergunta para mãe:
Puedo tener Hijos?
Posso ter filhos?

A mãe responde:
Ahora no porque tienes siete años. Pero los tendra cuando seas mayor y te cases.
Agora não porque tem sete anos. Você pode tê-los quando for maior e se casar.

A conversa continua:
[Garoto:] Quién tiene antes el niño, la madre o el padre
Quem tem antes o filho? A mãe ou o pai?
[Mãe:] El padre pone la semilla como te he dicho,y la madre pone la tierra en que esa semilla hara la flor.
O pai põe a semente, a mãe põe a terra para que essa semente gere a flor.
[Garoto:] Y quién es la flor?
E quem é a flor?
[Mum:] Tu
Tu.
[Garoto:] Por qué no crecen los niños dentro de los papas?
Por que não crescem filhos dentro dos papais?
Yo ya estoy deseando tener niños, y tu Quique?
Eu estou desejando ter filhos, e tu o que quer?
[Outra voz (parece ser a voz da futura namorada desse garoto):] Oh Yo no...
Oh eu não!
...
[Garoto:] Oye Mama! Puedo tener niños ya? ... Y qué tienen que hacer el padre y la madre para tener niños.
Mamãe! Posso ter filhos já? E o que tem que ter o pai e a mãe para ter filhos?
[Mãe:] Solo quererse mucho. Yo siempre estare a tu lado.
Só querer muito. Eu sempre estarei ao seu lado.
[Garoto:] Como vivimos dentro de ti?
Como vivi dentro de te?
[Mãe:] Pues como la luz vive en su lampara.

Como a luz vive em sua lâmpada.

Um fim.

Odeio ‘fins’. Meu maior problema em postar com freqüência: Dificuldade de criar ‘fins’. “Põe as coisas sem ‘fim’ Mariana!” Não tem jeito. Tem uma coisa que se chama Trastorno Obsessivo Compulssivo que, no meu caso, se manifesta em necessidade por pontos finais. Vai entender! Mas, com sinceridade, um texto sem um ponto me incomoda profundamente.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Cof, cof!

Olha a gentileza ein gente?!
É de assustar, qualquer um, o adiamento de uma semana para o retorno às aulas depois das férias de julho. Gripe suína não tinha relevância nenhuma para mim e outras pessoas. Isso, porque a relativa pequena quantidade de mortes não passava de uma insignificante protagonização de desastres que acontecem longe do nosso nariz. O fato é que estudantes do Brasil inteiro e os pais que contam com seus filhos na escola para poderem trabalhar, não esperavam ter de passar por esse transtorno de férias alongadas. Mesmo sendo esse nosso país um apreciador de feriados.

E por que adiaram o início das aulas? Bem, circulam na comunidade científica algumas estatísticas de que nas duas primeiras semanas de agosto há uma maior circulação dos viri (plural de vírus) no geral. Tudo estaria relacionado à temperatura ou não passaria de uma mera coincidência do aumento de contaminações viróticas constatado em alguns estudos epidemiológicos. Outra justificativa para o alongamento das férias seria preparar melhor os profissionais das escolas e universidades, para recepcionar os alunos diante da iminência da gripe A ou do porco. As instituições de ensino - como qualquer ambiente que aglomera pessoas viventes em diversos espaços – são, sim, um ambiente de risco, propício a disseminação de doenças, piolhos, etc. O evento das férias também acrescenta o problema do aumento das viagens de lazer, podendo transpor a doença de uma área para outra com facilidade. Mas enfim, o principal motivo, pelo menos o divulgado em rede televisiva, foi o que já comentei: Ensinar professores a ensinar seus alunos a lavar as mãos, usar máscara e não abraçar ou pegar na mão do coleguinha.

Eu cheguei em Alfenas com medo. Sério mesmo! O quadro de hipocondria leve da pessoa que vos escreve nem deve ser levado muito em consideração. Ainda bem que gripe suína em Minas apesar de um assunto em pauta, conta com poucos casos de morte. Só que parece que no Brasil está morrendo quase todo mundo. Hehe. O fato é que na Universidade em que eu estudo (UNIFENAS de Alfenas - MG) tem estudantes Brasil inteiro. Mais especificamente, na minha sala tem gente de Curitiba, Barra do Garças no Mato Grosso, Salvador e do estado de São Paulo quase inteiro. Em São Paulo o trem tá feio! Aí eu pensei: Vou comprar antecipadamente máscaras para enfrentar a faculdade né não? E assim fiz. Acabo de confessar isso aqui nesse blog e só para vocês. Uai! Eu achei que todo mundo iria estar com medo na faculdade, que não iria ser manota usar minhas máscaras porque todo mundo estaria usando máscaras. E se não estivessem, logicamente receberiam uma na entrada da faculdade, porque os professores devem que receberam treinamento e orientação para incentivar essa prática. Que nada! A Unifenas fez foi nada. Nem parecia que faculdade via importância em ter seus alunos vivinhos continuando a pagar suas avolumadas mensalidades. Não tinha ninguém recepcionando com máscaras lá na porta. Não tinha nenhum álcool com gel na sala. E pior! Ninguém teve a iniciativa individual de usar máscaras. Eu fiquei que nem otária com aquele objeto de proteção que eu tinha comprado na mão e a dúvida cruel atormentando: Uso ou não uso? Não usei.

Falar que a Instituição não fez nada foi um exagero. A Universidade aqui de Alfenas interditou os bebedouros. Isso mesmo! Só os bebedouros representavam um problema. É muita palhaçada não é mesmo? Olha, li na internet um texto argumentando sobre a Gripe Suína ser uma invenção para emplacar a venda do Tamiflu. Não sei se vocês lembram, pouquíssimos meses atrás o que existia era uma tal de gripe aviária. O vírus dessa doença teria sido identificado em animais e o maior risco aparente era que ele sofresse mutação e passasse para uma forma disseminante entre humanos. O texto lembrava que o Tamiflu foi um medicamento que surgiu para combater uma possível forma nociva humana da Gripe Aviária e não para curar a gripe Suína. Algo muito estranho mesmo, mas que, sinceramente, não justifica tratar a nova gripe com tanto deboche.

O meu amigo Ronald falou que depois da doença da vaca louca, da gripe aviária e da gripe suína, podiam era surgir doenças mais chiques como a gripe do peru, a febre do faisão, o resfriado do caviar de Beluga, bronquite do scargot, o mal do salmão defumado. A idéia lógica é que os males da humanidade se afastem dos animais e comidas comuns e afetem só o bolso de quem pode pagar por ‘Tamiflus’. Mas enfim, piada pode ser uma manifestação de quem está nervoso com a situação. Não que o Ronald esteja nervoso, mas eu estou nervosa. Eu achei ruim ver o meu avô - uma pessoa simples de 83 anos - me aconselhar a ir para Alfenas e rezar muito. A Gripe aviária, segundo ele, parece ser uma praga daquelas bíblicas para eliminar excesso de gente pecadora do mundo. Ele pode ter pensamento extremista, mas está preocupado. O povo lá da faculdade não está preocupado. E enquanto existe divisão de opiniões, o que a gente pode é evidenciar um despreparo da população para combater em união, possíveis mutações de microorganismos. Pode não ser essa a nossa hora, mas muitas ameaças são quase sempre silenciosas.

domingo, 2 de agosto de 2009

P'ra frente, p'ro alto!

Recesso. No meio dessa semana eu posto texto.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Beijão Furacão!

Olha só, falando sério agora. Se um dia eu me casar e o meu marido ficar benzinho p’ra lá, benzinho p’ra cá e abaixar a cabeça para tudo que eu falar, separo dele na hora. Um relacionamento é feito de brigas. Brigas são necessárias para que existam momentos de reconciliação.

Minha mãe, Sra. Nelma, e meu pai, Sr. Januário, estão juntos há mais de 20 anos e o tanto que esses dois se implicam não está escrito. As discussões se dão desde críticas sobre a forma como um e outro jogam Paciência (Spider) no computador, até discussões mais sérias, questionando - por exemplo - onde o outro foi, com quem o outro estava e por aí vai.

Meu pai não é muito de consertar coisas aqui em casa. Mesmo pequenos problemas - como um espelho que precisa ser pendurado na parede – se torna algo complicado de mais para ele. A minha mãe fica louca se tem alguma coisa para arrumar e o meu pai não resolve ou nem chama alguém para socorrer o problema. Para piorar a situação, o senhor meu pai ainda alfineta essa louca dona de casa - que é no que se transforma a dona Nelma nessas situações.

Há alguns meses atrás, a torneira da cozinha começou a vazar água por um problema na rosca ou na borracha vedante, razão que nem vem ao caso. Depois de reclamar horrores para meu pai na cozinha tadinho, a mamãe exigiu providência naquele momento. Sabe o que o Sr. Januário fez? Rancou cinco reais da carteira e falou assim: “Aqui oh! Chama o profissional para te ajudar!”. Lógico! No tom mais debochado possível, porque cinco reais mal dão para comprar um doce na esquina. Na verdade, não sei como ele não teve medo. Pelo que conheço a mãe, se ela estivesse de TPM, ela arrancava aquela torneira e jogava na cabeça de seu homem na hora!

Mas dona Nelma não desiste! Esses dias ela fez um pedido simples para o marido dela: Que ele calçasse direito a máquina de lavar roupas, pois estando em desnível com o solo produzia uma trepidação.

Vocês acham que ele fez alguma coisa?
Fez. Escreveu um bilhete e saiu de fininho.

“Nelma quando
você sair verifique a máquina de
lavar. Eu desliguei porque
eu senti algo estranho. Confesso
que fiquei com muito medo sai
sem olhar para traz. Se você tiver
consertado, você me liga.
Januário. Beijão Furacão!”

sábado, 18 de julho de 2009

Ontem.

É férias horas! Por um mês eu acordarei 11 horas com muito orgulho! O dia - para todos - devia funcionar a partir desse horário. E ainda sobra muito tempo para a gente estragar essa fração de 24 horas do tempo. Ontem eu repeti a rotina de casulo ambulante que assumia na minha adolescência. Não muito diferente, onze horas eu acordei. Abri os olhos, é melhor dizer. O processo de descer da cama demora mais outra hora. Nada de café, o almoço está pronto. “Marra esse cabelo para almoçar Mariana!” Minha mãe grita comigo. No espelho eu mesmo concluo: “Meu Deus que porcaria de juba!”. Antes de começar a pentear o cabelo, na privada, o meu mp3 – que já acorda na minha mão – resolve tocar Janis Joplin para mim. Perfeito! Com cabelo monstro que nem o dela que eu estava, eu nasci Janis nesse dia. Incorporei as profundezas de cada grito das músicas dela. E gente! Eu lembrava cada acorde, cada arrancada ganissada que a cantora dava em suas canções. Eu já quis ser Janis, e... na verdade, nem tem tanto tempo assim. Mudei foi nesses últimos dez meses, em que forças estranhas ocultas mataram a minha capacidade de me divertir sozinha e de fazer cover’s artísticos assim... do nada.

Pentear cabelo é uma coisa que eu não gosto. Você também odiaria se tivesse quase um quilo de cabelo na cabeça e de um tamanho enorme que quase alcança a bunda. Então, melhor coisa a se fazer é ir para o chuveiro, passar muito creme para pentear tudo e conseguir, enfim, aparecer em sociedade. A Janis interior murcha junto com a água que acalma os cabelos. Depois de resolvido o ‘hairproblem’, eu almocei. A minha mãe reclama de eu sempre almoçar em horas erradas, mas é que em Alfenas eu faço almoço só quando eu estou com fome. O que acho ser um procedimento honesto com o meu estômago que aceita qualquer tipo de comida, qualquer hora. Esse órgão se tornou uma figura safada do meu corpo que come por comer. O meu estômago nunca questiona se ele realmente está com vontade de comer e estarei trabalhando (gerúndio a la Betina Botox) para educá-lo nesse sentido. Diante da comida de mamãe é impossível resistir. A fome é falsa, o estômago continua safado. Vamos comer! A dieta, ou punição do meu estômago, eu início quando voltar para minha cidade universitária (Alfenas-MG). E essa fome de hoje não foi só para a comida da mamãe. Hoje eu decidi: Iria comer Divinópolis (MG)!

Por onde começar? Quem dividiria o banquete comigo?
Que nada! Assim como chocolate que é bom de comer sozinho - sem ninguém olhando ou desejando um pedaço precioso - eu gosto de apreciar minha cidade sozinha. E assim fiz. Na biblioteca pública, li um monte de crônicas atrasada da Takai no Estado de Minas. Depois desci alguns quarteirões para comer os 5 famosos pãos de queijo por 1 real da Dona Dica. Sentei no banco da Praça do Santuário e observei pessoas passarem apressadas e atrasadas. Há muito tempo não fazia isso! Em Divinópolis há ruas boas de andar, há calçadas elegantes, feito tapete vermelho que te deixam mais importante e até mais bonito. Eu gosto da Antônio Olímpio, da 21 de Abril e da Sete de Setembro em seus trechos centrais. Já a Primeiro de Junho é movimentada por gente sofrida de tanto trabalhar. Quando a gente passa por essa rua, lembra que a cidade não funciona só de coisas aprazíveis como pão de queijo e livros. Gente - de cara feia - demonstra estar cansada de pegar ônibus amarelinhos da Trancid. Será que se o ônibus ficasse cor rosa choque a Primeiro de Junho ficava mais otimista? Mudanças que logo se tornariam rotina.

Eu gosto da minha cidade. Nunca me preocupei em medir o quanto. Continuo não me preocupando. Só sinto. Hoje - morando, a maioria dos dias do ano, na nem tão ruim cidade universitária Alfenas (MG) - vejo como faz falta andar na rua e reencontrar olhares conhecidos. Em Divinópolis eu arrisco o olhar para dentro dos carros a procura de pessoas conhecidas, de amores conhecidos. E há lugares que trazem lembranças boas e há lugares que trazem lembranças ruins. Há degraus que sentei para namorar, há lojas que já comprei vestidos belíssimos na promoção. Eu sei achar tudo nesse lugar. Se me pedirem por uma rosca da parafuzeta, sei onde encontrar. Divinópolis é o terreiro do meu verdadeiro lar. É bom estar aqui!

A magia é minha.


Quarta feira, dia 15 de junho de 2009, três horas e meia da tarde. Sabe o que essa garota de vinte anos que vos escreve estava fazendo? Então, eu estava na fila do cinema comprando um concorridíssimo ingresso para ver o lançamento nacional de Harry Potter: O filme 6 da série. Isso depois de superar a frustrada derrota na tentativa de conseguir ingressos para a primeira sessão 00h01min, na madrugada de terça para quarta. Por desaforo, na primeira sessão do dia seguinte lá estava eu.

A fila tinha só crianças e adolescentes. Gente adulta e séria, mesmo fã da mágica história de J. K. Roling, não vai ao cinema 4 horas da tarde. Eu posso ser adulta, mas pessoa séria, nenhum um pouco. Por fim, lá estava Mariana com um pacote de pipoca na mão, enfrentando uma fila cheia de dobras e redobras. Tudo para assistir mais um episódio da bendita história que acompanhou a minha infância e adolescência. Não só a minha, de muitos outros.

Sinceramente, esse texto não é para adultos que nunca leram ao menos um livro ou que só viram os infantis filmes 1 e 2 de Harry Potter. Tem muito preconceito que surge contra esse best seller, tarjando-o como infantil - pela objetividade da linguagem - e até macabro. Engana-se quem pensa que a bruxaria da narrativa traz elementos de maldade. Há passagens nos livros que ainda reafirmam a importância de elementos como o Amor e a Amizade.

Uma história recheada de detalhes, de linguagem simples, com elementos que criam elos perfeitos entre os livros. Foi com Harry Potter que eu aprendi a ler, a viajar com a leitura. Foi com Harry Potter que a minha mente conseguiu ser melhor que qualquer super-produção Holliwodiana. Sim, este texto é de uma amante incondicional dessa fantástica literatura!

O primeiro livro eu li na sexta série (2000). Em três dias todas as páginas foram devoradas. E cadê? Acabou? Não tinha mais? Foi única coisa que, obcecada, procurei saber. Na época, se não me engane, o livro dois já existia. Em quatro dias o li. Depois, a rotina era esperar por todos os outros lançamentos com uma inquietude para saber o que aconteceria.

Mais livros veio. Os filmes começaram e a tara ficou dupla. Os potermaníacos só apareciam na sala de cinema para criticar que no filme tinha faltado isso, mudado aquilo. Nada que viesse da tela chegava aos pés do quê a mente de cada um que lia as obras antes criava.

O livro 6 - que inclusive é o que é retratado no filme que lançou essa semana – me fez chorar. Lembro direitinho o dia. Sentada no sofá da sala, a mamãe passa por mim para ir ao quarto e na hora que voltava para a cozinha ela se desperta por uma fungada. “Mariana! Você está chorando?!” perguntou. Estava mesmo. E pior, as lágrimas soltas molhavam as páginas do livro novinho do meu amigo que tinha tanto recomendo por cuidado.

Olha, eu sou chorona mesmo. Mas normalmente é filme e coisa triste real que me faz chorar. Agora, os textos e letras que fizeram brotar água dos meus olhos posso contar nos dedos de uma mão só. Definitivamente, a narração da morte de Dumbledore em Harry Potter foi uma dessas ocasiões.

Na quarta feira que se foi, me despi totalmente da armadura de mulher estudada, conhecedora de tantas outras literaturas consideradas úteis. Eu era uma criançona naquele dia, como todas as outras crianças ali da fila. E não deixaria de ser por nenhuma aparência que precisasse sustentar.

Enfim, mesmo conhecendo a história, sabendo do fim dela, mesmo decepcionada porque o filme não mostrava o velório de Dumbledore - com o Hagrid carregando o corpo enrolado num pano roxo estrelado e com o canto dos sereianos – estava lá, numa daquelas muitas poltronas vermelhas do CineRitz, chorando horrores no fim do filme.

sábado, 11 de julho de 2009

E eles? O que fazem com esses números?

O Mateus tem 10 anos. Ele é meu vizinho. Arteiro que nem ele, não existe! A sua mãe – mulher fraca, magra, mas brava na fé – põe o filho para rezar terços toda vez que ele faz alguma coisa errada. As penas variam de 1 a 3 terços. 1 terço para palavrões ditos e 3 terços, se ele arruma alguma briga de unha na rua. Essa é a regra da casa ao lado, mas na minha casa também se educa com números.

Eu moro num prédio onde também vive a família inteira por parte do papai. De primos, conto aproximadamente uns 10. Somos praticamente irmãos. 2 deles são rapazinhos, 17 e 19 anos. Idades de afloramento do instinto de safadeza masculina. O meu pai - nobre homem entendedor de finanças - chama os dois novos potenciais reprodutores da família para efetuar cálculos na mesa da cozinha. Calculadora sobre a mesa, o Rafa e o Carlos somaram, multiplicaram, fizeram suposições de inflação, juros simples, composto... e resultado: Um filho, até completar 18 anos, não fica por menos de 30 mil reais! Isso só com o pagamento mínimo da pensão, tirando consultas médicas extras e auxílio externo.

Resultado funcional: O Mateus parou com as agressões físicas e as agressões verbais ele anda fazendo baixinho. O Carlos falou que só vai pegar mulheres acima de 60 anos com afirmação de passagem pela menopausa.

O texto saiu meio Florbela Espanca, mas pode me espancar pela pretensão de ser essa poetisa.

Impressionante a capacidade que ela tem de matar as borboletas que se atrevem visitar o seu estômago.

É um medo sem igual do amor carnal.
Ninguém atravessa o limiar da boca naquele corpo.
A alma cautelosa permanece só,
a abraçar os amores infantis.

E cria príncipes pelo cheiro de um simples perfume.

Cria outros príncipes, simplesmente pela música que resolveu tocar de fundo em algum beijo.

Na pefumaria descobre a existência solitária de uma essência,
na rádio, a existência solitária de uma música,
no espelho, a existência solitária de uma princesa.

Quem é ela? Corto o meu pescoço e não conto quem é.

sábado, 4 de julho de 2009

Dolce & Gabbana & Mariana.

Olha só, em 20 anos de vida eu já fui muita coisa: Técnica em Eletricidade Industrial pelo Senai; Técnica em Eletrônica Industrial; Professora de Computação da primeira a oitava série; Professora de inglês; Professora de reforço; Protótipo de Bióloga; Professora de Biologia. Agora eu sou um protótipo de médica e seja o que Deus quiser!

Só que nessas minhas testadas (de bater com a testa) e esbarradas pela vida, teve uma coisa que eu comecei, não terminei, mas acho que teria futuro. A profissão de estilista.

Eu estudei numa escola Técnica que oferecia o curso de Vestuário concomitante ao Ensino Médio e comecei a fazer o curso. É que confecção é o forte da minha cidade (Divinópolis-MG) e formar costureira também. Seis meses se passaram e a diversidade de agulhas, linhas, máquinas e panos me estressaram bastante. Foi só começar as aulas de costura mesmo - que ensinava tipos de ponto e como usar máquina - que chutei o balde.

O fato é que a minha história pregressa indicava um talento para fazer roupas sem usar qualquer tipo de linha. Quadrados com dois furos para os braços.


Tudo tem suas justificativas. Então, lá vai as minhas justificativas.
Eu era criança, fêmea (ainda continuo fêmea), só ganhava bonequinhas nos aniversários. As amiguinhas só brincavam de bonequinhas e o jeito era se adequar às condições da sociedade infantil feminina. A sociedade infantil feminina da minha época - não muito diferente da que existe nos dias atuais - valorizava as esbeltas bonecas Barbies. Com o corpinho de modelo que todas tinham, a graça de brincar consistia em trocar a roupa da boneca, pentear o cabelo dela e levá-la para passear com o Bob (o boneco homem com topetinho estilo Elvis).

Roupa para Barbie eu comprava num bazar não muito perto de casa. Era 1 real cada vestido mais lindo! Assim como os meninos de hoje colecionam cards que vêm dentro dos chips de comer, eu colecionava roupas de Barbie. Arrumava cozinha para minha mãe para ganhar um real e comprar roupa de boneca. Algumas vestimentas a minha mãe costurava para mim e o guarda-roupas da Lady Suzy se tornava invejável.

Só que num desses acontecimentos brilhantes para uma criança (O aniversário, porque se ganha muitos presentes), eu ganhei uma boneca grávida - esbelta de qualquer forma - mas que tinha uma barriga removível e um bebê. Um bebê nu! Rsrs.

Não era de ficar fazendo partos toda hora nessa Barbie. Preferia ela sem barriga mesmo. Para vocês verem que não tem essa de talento precoce para Medicina em Mariana Martins. Só que uma coisa era problema nessa situação: O bebê, que eu não gostava de deixar dentro da barriga, não tinha roupa. Não se vendia roupa para ele no bazar. Então o jeito era pedir mamãe para costurar alguma coisa. Ela tinha pouco tempo e talento tadinha. Tomei uma iniciativa.

Agulha é um objeto indesejado nas mãos de qualquer criança. Sobrava tesourinha de ponta redonda e pano. Foi aí que desenvolvi a linha mais fantástica de todas: A de roupas sem costura. Na época, o baby da Barbie chegou a ter cerca de 50 peças no seu guarda roupas. Uma de cada cor! Cotom, Jeans, Xadrez, eram muitos os tecidos explorados. Hoje, enquanto arrumava alguns guardados antigos no meu guarda-roupas, só encontrei seis peças.

O bebê teve um fim trágico, que já narrei num outro texto nesse blog. Ele caiu no ralo do tanque de lavar roupa. Então os modelos da foto abaixo são brinquedos substitutos que o psicólogo me receitou comprar para sanar um trauma de infância.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Mãos.

A minha mão tem dois cortes: um da lata de ervilha que abri ontem para fazer sopa, outro da couve que cortei antes de ontem. As unhas estão curtas, os dedos longos insistem em ficar pequenos nesse inverno. Mão encolhe? Sim, porque eu acho que a minha mão está encolhendo pelo uso. Engrossando talvez. Cresce para os lados, mas não cresce em tamanho.

A mão da minha mãe tem a pele molinha. Ela cheira alho na hora do almoço e creme na hora de ir à missa. Há machinhas pretas no dorso da mão dessa mulher. Acho que são das gotas endiabradas de óleo que pulam da panela em direção a mão dela. A mão da mamãe não é preguiçosa. Acorda cedo, passa roupa, descongela geladeira, poli a frigideira, trança o meu cabelo. Ao mesmo tempo em que sabe fazer coisas que precisam de força, também sabe fazer carinho.

A mão do vô era gorda, cumprida. Nunca vi mão mais grande! Eu lembro dele pousar a mão na testa, não sei se fugindo do sol, não sei se clamando de dor de cabeça. Já no final de sua vida ele enxergava pouco. A sua mão o guiava pelas paredes da própria casa. Uma vez, estava eu a pentear o cabelo sentada no sofá da casa dele. O vô se encontrava do meu lado e passou a mão numa mecha dizendo assim: Nossa menina! Você tem cabelo de mais! As lembranças terminam na primeira mão roxa que vi sobre um caixão.

A mão do peão era larga, grossa, mão de homem mesmo! De vez em quando a mão sungava uma fivela grande e dourada. Noutras vezes, ajeitava o chapéu para que, esse, ficasse alinhado ao olhar que ele usaria para me seduzir. Eram duas mãos bem usadas: Numa ele tinha uma corda imaginária para laçar moças desavisadas. Com a outra ele já agarrava a morena por traz e a levantava para que, sem pés no chão, ela reconhecesse que não tinha saída.

A mão do meu amor platônico é na verdade a mão que eu queria comigo para o resto da vida. Mão morena, grande também. Dizem que o tamanho do coração de uma pessoa é equivalente ao tamanho de sua mão fechada. O tamanho do coração dele é grande literalmente e poeticamente. A única vez que me aventurei com essas mãos foi estralando-as. Desajeito esse que deve ter contribuído com o fato dele jamais sonhar que um dia eu cheguei a gostar demais dos seus dedos, cutículas e pelinhos.

A mão da Aline (o bebê em que fiz um teste do pezinho) era uma miniatura mais que perfeita! Unhas: dois milímetros por dois milímetros. Pregas dos dedos resumidas. Certeza que a velhice aumenta a quantidade de pregas de uma mão. A mão da Aline era rosa. Não rosa choque ou rosa claro, mas rosa pele. E as pontas dos dedos da menina eram transparentes, consegui ver um capilar sanguíneo por ali.

As mãos são feitas de sangue e muitas vezes é o sangue que me permite conhecer uma variedade grande delas. Na minha rotina no postinho de saúde, a cada quarta feira eu furo aproximadamente dez mãos diferentes para avaliação de glicemia capilar (açúcar no sangue). Tem mão medrosa que arruma uma tremedeira grande, só de me ver arrancar a agulhinha da maleta. Tem mão que é tão grossa que precisa de agulha especial ou dois furos. Tem mão pequena, grande, fina e forte. Mão suja, limpa, seca e molhada. Mão machucada, mão bem cuidada. Mão que faz o bem, mão que faz o mal. Mão sem dedo ou com dedos a mais. Branca, preta, amarela de susto, vermelha de limpar batom. São muitas mãos!

“Deve haver alguma coisa que ainda te emocione.”

E quando nada mais parece poder te impressionar, é necessário ver um campo com girassóis a se perderem de vista.


Trevo da cidade de Boa Esperança - MG. O caminho de Divinópolis a Alfenas fica cada vez mais bonito!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Bontando um pingo no Y.

Opa, eu vi meu nome escrito na bunda do mosquito.

E tudo começou porque eu comentei assim no blog dele:

"Certeza que vc é um cara feio, não cata mulher nenhuma e precisa de um espaço para desabafar"

Depois ele veio perguntar se eu sou puta ou princesa e escreve mais um texto típico de um pinto desiludido.

Agora a resposta dele, e no território seguro do meu blog. Ou não tão seguro assim.

Ah meu caro, não implique comigo só porque te chamo de feio e você lê no meu blog apenas um péssimo texto sobre como fabricar bolinhas de silicone. Aliás, apesar de péssimo, tais coisinhas redondas lhe seriam úteis para tacar no rabo das suas putas e melhorar o seu animalesco momento de usufruto de um buraco. Infeliz de você que se contenta com tão pouco.

Olha, eu tenho vinte anos e desculpa se tenho mais vida para viver que você. Mas, sinceramente, o motivo foi muito pouco para você arrancar um desajeitado e imaturo insulto de “criancinha” contra mim. Não discordo da maioria das argumentações que escreveu no seu blog. Existem muitas citações interessantes. Se não me despertasse um mínimo interesse, eu não teria desperdiçado tempo para comentar.

Mas vem cá, eu tenho o direito de te odiar por detonar as minhas possibilidades de encontrar um príncipe encantado ahn?

E respondendo sua pergunta, não sou nem puta nem princesa. Não é da sua conta, não é para o seu bico. É que eu tenho carro, viajo sozinha, e também tenho dinheiro para pagar por sexo se eu quiser.
(Apesar de mulheres não precisarem de dinheiro. É só abanar a mãosinha!)

O fato é que realmente eu procuro algo mais meu querido! Por que eu sou mulher? NÃO. Porque sinceramente eu acho uma incompetência muito grande para o homem ter uma cama vazia e precisar de buracos diferentes todas as noites. Assim como é uma incompetência a mulher servir só de buraco.

Não são idéias românticas que eu quero defender. Eu não sou romântica. Para mim tudo gira em torno de reprodução.
Os seus genes só pensam naquilo. Claro! Se não você usava o buraco de algum amigo desmunhecado. Aliás, uma boa alternativa de buraco úmido para você Y.

Você é Hedonista porque seu gene quer ter um monte de filho nesse mundo. E você mesmo acabou de escrever coisas que concordam com isso. “A mulher gasta horrores se produzindo porque ela quer reproduzir”. Que descoberta legal! (ironia)

Esse assunto não é nem um pouco inédito. Aliás, reproduza o livro “Guerra de espermas” no seu blog e assim você terá o que postar com frequência.

No mais, mesmo com suas teorias que tentam ser a descoberta mais fantástica do mundo, continue postando. Você faz um bem para a humanidade. Muitas outras adolescentes vão te seguir. Mostre a elas como um pau túmido (que palavra exótica!) pode ser engraçado e um objeto mais que ridículo.

Sem mais considerações hostis caro Y. É que não é muito bom discutir com uma letra enquanto meu nome aparece em outdoor.

sábado, 13 de junho de 2009

Criando bolinhas.

Eu descobri essas bolinhas na minha manicure: A dona Elaine. Saudade que eu estava dela gente! Oh moça boa para deixar minha unha grande! Mas voltando as bolinhas. Descobri elas num vaso de flor que ficava na mesa dos esmaltes. O vaso era de vidro, as flores eram amarelas, os esmaltes eram coloridos, as bolinhas eram coloridas a minha unha estava ficando colorida.

Cada semana que fazia unha, tinham bolinhas de uma cor diferente lá. A cor do meu esmalte era ditada pela cor das bolinhas. No começo eu pensei que era bolinha de gude, mas uma bolinha de gude é uns dez centavos e como assim ela tinha um monte de bolinhas de gude e de todas as cores? Foi o que me perguntei. Mas o que me levou a descobrir a Maravilha das bolinhas que engordam, foi o pacotinho que eu descobri nessa última vez que fiz unha. Estava perto do já falado vaso da Dona Elaine.

Mistério solucionado: As bolinhas eram cristais mágicos de água que agente pode comprar em qualquer loja de 1 real.

Nesse sábado eu criei um montão de bolinhas. Bolei uma guerrinha com os meus primos usando elas. Joguei uma na testa da minha irmã, espatifei um monte nos dedos e agora vos escrevo extremamente satisfeita com possibilidades terapêuticas que essas coisinhas redondas podem trazer.
É por isso que posto agora - para os meus leitores estressados - um tutorial em sequência de imagens sobre como criar bolhinhas.

[Só uma observação breve: As fotos têm a participação especial das mãos da minha madrinha. Hehe]
Clica na imagem e a amplie!

5 minutos com o Fernando.

Quem é ele?
Meu vizinho, amigo, irritante.
...
Ele: Quem vem primeiro: O ovo ou a galinha?
Eu: O ovo. Porque os répteis vêm antes das aves e eles já botavam ovos.
Ele: Quem vem primeiro: O ovo ou os répteis?
Eu: O ovo porque ele parece com um cisco redondo e o cisco redondo vem primeiro.
Ele: Quem vem primeiro: O ovo ou o pó?
Eu: O pó, porque ele é uma figura simples.
Ele: É por isso que o pó é tão bem falado no Rio de Janeiro.
...
Eu: Não sei para quê tanta rede de relacionamento. Tem um século que não entro no meu twitter. O meu Orkut só tem gente falando que tá com saudade e de quem eu quero recado mesmo, não tem recado.
Ele: Quer dizer que você mantém um Orkut só com a desculpa de trepar?
Eu: Ahn?
Ele: Você não falou que só fica esperando a figura de um cara lá te cortejar? Então.
Eu: Ahn?
...
Ele: É engraçado ver as pessoas mudando assim de repente. Você era uma pessoa mal realizada profissionalmente e com pensamentos a frente da sua idade. Agora você vira Doutora e cheia de idéias retrógradas.
Eu: Ahn?
Ele: Uai é. Acabou de me falar que quer ir para a Amazônia cuidar de indiozinho. Tão simples cuidar de quem tem dinheiro!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Vizinhança violenta? Ouvido violento? ou Pensamentos violentos?

Eu acho que ouvi um assassinato aqui perto de casa.

Era noite. Eu, na fortaleza dos meus muros e grades, tomo todos os barulhos como desestabilizadores.

Primeiro foi um tiro. (Não sei como é direitinho o barulho de um tiro, mas era um barulho próximo daquele que acredito ser de um tiro).

Depois ouvi um grito.

Um cachorrão começa a latir alto.

Aí um chicote corta o ar e o cachorro faz um “Auuuuuuuuu!” triste de mais como se sentisse muita dor.

Meu estômago roncou. Não sei se de medo ou de fome.
Era barulho de mais para uma pessoa tão acostumada a processar Solidão e Silêncio!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Vida.

Desculpa a minha ausência do blog gente! É que, como muitos já sabem, além de blogueira eu sou um protótipo de médica e tenho que estudar horrores!
Mas não é ruim estudar tanto assim não, se estudamos o que a gente gosta. Eu tô apaixonada cada dia mais pelo que eu faço, cada dia mais pela minha faculdade: Faculdade de Ciências Médicas de Alfenas – UNIFENAS (A primeira colocada no último ENADE entre as particulares de Medicina de Minas Gerais!). Inflei o peito agora! Mas é pela satisfação e o reconhecimento de que a instituição em que estudo cria um monte de projetos de extensão e propicia, até para os alunos do primeiro período, momentos que vão ficar guardados para sempre.

Essa semana eu presenciei um Teste do Pezinho no postinho de saúde em que faço estágio. Teste do Pezinho é um exame feito no quinto dia de vida do recém-nascido. Faz-se um big furo num little pé e é colhido sangue para identificar uma série de doenças.

Eu não furei o bebezinho não, mas eu ajudei a enfermeira a fazer o exame segurando firme uma pilustrica de uma menininha. Foi o meu primeiro Teste do pezinho!


A enfermeira Dona Terezinha fez uma compressa de água quente com uma luva de procedimento. Era para dilatar os vasos sanguíneos e preparar o local da picada. Eu, com essas mãos inexperientes para segurar criança, recebo um chingo da profissional de saúde:


_ Ela não é casca de ovo Mariana! Segura essa menina direito!


Apertei a piquitita mais um pouquinho nas mãos e contra ao peito. O bebê ficou de costa para a moça que colhe o sangue e de frente para mim. A menininha estava dormindo quando recebeu a picada. E de repente acordou... chorou, chorou e chorou.


Eu senti a dor da pequena nos meus dedos. Ela se retorceu todinha.


Enquanto se colhia as cinco necessárias gotinhas de sangue, susurrei baixinho tentando parecer menos malvada para aquele ser tão indefeso:

_Calma mocinha! Já passou. Essa foi só uma das dores que você vai precisar viver nesse mundo!

Não consegui ser mais consoladora.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Só existe um nome para isso: Assédio.

Boa parte do meu dia eu passo sozinha. Da casa para o fusca, do fusca para a faculdade, da faculdade para o supermercado, do supermercado para o fusca, do fusca para a casa, entre outros deslocamentos. Às vezes, têm coisas que acontecem comigo que não encontro uma testemunha se quer para confirmar qualquer absurdo que seja. Só sobra eu, o fusca e o acontecimento. O carro é quase sempre a minha única testemunha. Uma testemunha muda, mas uma testemunha, já que quando há testemunhas que podem falar, elas simplesmente se evaporam anônimas na esquina mais próxima.

Ontem eu estacionei o buzungão bunitinho na faculdade, próximo aos portões de entrada. Buzungão é o meu fusquinha. Ele toma banho regularmente e é um exímio exemplar conservado, ano 77 e que desperta admiração de muitos adoradores de Volks por aí.

Nós dois, eu e o fusca, chegamos adiantados na faculdade ontem. A gente ficou parado debaixo de árvores fresquinhas do estacionamento e como faltavam mais de meia hora para começar a aula, aproveitei o tempo livre descansando nos bancos da frente do carro. Eu dobrei os joelhos que se acomodaram no banco do passageiro. Pus um pano no caroço que machucava do freio de mão e acomodei o tronco do meu corpo. Abri a porta do motorista e deixei a cabeça para fora meio largada. Observava as fendas de sol que vazavam das folhas das árvores e ouvia O Teatro Mágico pelo walkman (Tá bom, eu sei que é mp3 mais o nome ‘Homem que anda’ é bem mais condizente ao aparelhinho que traz a voz de um homem andando com você).

No alto da empolgação - ouvindo a música Zazulejo, achando que o sol era todo meu e tocando violino no ar - chega um idiota de um passarinho e defeca bem na lente esquerda dos meus óculos. Ai que ódio! Quero deixar expressa aqui a minha revolta com as aves que pensam que o meu fusquinha é banheiro delas. Tudo bem que ele é um carro irresistível e com certeza um dos banheiros mais asseados que os passarinhos poderiam encontrar, mas será que não existe mil-e-outros lugares para eles fazerem as necessidades deles? O passarinho que cagou nos meus óculos com certeza era macho. Nem acertar o vaso sanitário - que os passarinhos convencionaram ser meu fusca – ele conseguiu acertar. Errou a mira e acertou os meus óculos. Que nojo!

Ótimo! Mas não só passarinhos amam fuscas limpinhos como moçoilas casadoiras também.

Muitas coisas acontecem num mesmo dia e nesse mesmo dia eu e o buzungão recebemos um bilhete. A aula da tarde tinha acabado, pegaria o carro para voltar para casa. Um papel curioso me aguardava no chão próximo a porta do motorista. Era um bilhete da Marília.


“Oi, meu nome é Marília vou me casar em outubro e estou procurando um carro bem bonito p/ me levar na igreja eu achei o seu lindo. Será que vc poderia fazer o favor de me ligar para ver a possibilidade. Meu nome é Marília e meu telefone é (xx) xxxx xxxx. Me desculpe pelo incomodo! Obrigada!”
Clique na imagem e a amplie para ler!

Bem, eu estou em dúvida. O bilhete pode ter sido para o carro esteve estacionado do meu lado. Contudo, são grandes as possibilidades do interesse de Marília ser pelo meu fusquinha mesmo. Eu já tive essa idéia antes: Chegar ao meu casamento num fusca branco cheio de coraçõesinhos vermelhos, latinhas amarradas atrás e um monte de gente jogando arroz. O bom é que o arroz escorre nas curvaturas redondas do carro. Se algum convidado joga arroz carregado de más vibrações, nenhum grão fica retido no fusca. Não hei de perder tempo e vou tratar de ligar logo para a moça. Nada, nada, posso estar diante da possibilidade de faturar cenzinho! Tlim! Tlim!