sexta-feira, 15 de maio de 2009

Só existe um nome para isso: Assédio.

Boa parte do meu dia eu passo sozinha. Da casa para o fusca, do fusca para a faculdade, da faculdade para o supermercado, do supermercado para o fusca, do fusca para a casa, entre outros deslocamentos. Às vezes, têm coisas que acontecem comigo que não encontro uma testemunha se quer para confirmar qualquer absurdo que seja. Só sobra eu, o fusca e o acontecimento. O carro é quase sempre a minha única testemunha. Uma testemunha muda, mas uma testemunha, já que quando há testemunhas que podem falar, elas simplesmente se evaporam anônimas na esquina mais próxima.

Ontem eu estacionei o buzungão bunitinho na faculdade, próximo aos portões de entrada. Buzungão é o meu fusquinha. Ele toma banho regularmente e é um exímio exemplar conservado, ano 77 e que desperta admiração de muitos adoradores de Volks por aí.

Nós dois, eu e o fusca, chegamos adiantados na faculdade ontem. A gente ficou parado debaixo de árvores fresquinhas do estacionamento e como faltavam mais de meia hora para começar a aula, aproveitei o tempo livre descansando nos bancos da frente do carro. Eu dobrei os joelhos que se acomodaram no banco do passageiro. Pus um pano no caroço que machucava do freio de mão e acomodei o tronco do meu corpo. Abri a porta do motorista e deixei a cabeça para fora meio largada. Observava as fendas de sol que vazavam das folhas das árvores e ouvia O Teatro Mágico pelo walkman (Tá bom, eu sei que é mp3 mais o nome ‘Homem que anda’ é bem mais condizente ao aparelhinho que traz a voz de um homem andando com você).

No alto da empolgação - ouvindo a música Zazulejo, achando que o sol era todo meu e tocando violino no ar - chega um idiota de um passarinho e defeca bem na lente esquerda dos meus óculos. Ai que ódio! Quero deixar expressa aqui a minha revolta com as aves que pensam que o meu fusquinha é banheiro delas. Tudo bem que ele é um carro irresistível e com certeza um dos banheiros mais asseados que os passarinhos poderiam encontrar, mas será que não existe mil-e-outros lugares para eles fazerem as necessidades deles? O passarinho que cagou nos meus óculos com certeza era macho. Nem acertar o vaso sanitário - que os passarinhos convencionaram ser meu fusca – ele conseguiu acertar. Errou a mira e acertou os meus óculos. Que nojo!

Ótimo! Mas não só passarinhos amam fuscas limpinhos como moçoilas casadoiras também.

Muitas coisas acontecem num mesmo dia e nesse mesmo dia eu e o buzungão recebemos um bilhete. A aula da tarde tinha acabado, pegaria o carro para voltar para casa. Um papel curioso me aguardava no chão próximo a porta do motorista. Era um bilhete da Marília.


“Oi, meu nome é Marília vou me casar em outubro e estou procurando um carro bem bonito p/ me levar na igreja eu achei o seu lindo. Será que vc poderia fazer o favor de me ligar para ver a possibilidade. Meu nome é Marília e meu telefone é (xx) xxxx xxxx. Me desculpe pelo incomodo! Obrigada!”
Clique na imagem e a amplie para ler!

Bem, eu estou em dúvida. O bilhete pode ter sido para o carro esteve estacionado do meu lado. Contudo, são grandes as possibilidades do interesse de Marília ser pelo meu fusquinha mesmo. Eu já tive essa idéia antes: Chegar ao meu casamento num fusca branco cheio de coraçõesinhos vermelhos, latinhas amarradas atrás e um monte de gente jogando arroz. O bom é que o arroz escorre nas curvaturas redondas do carro. Se algum convidado joga arroz carregado de más vibrações, nenhum grão fica retido no fusca. Não hei de perder tempo e vou tratar de ligar logo para a moça. Nada, nada, posso estar diante da possibilidade de faturar cenzinho! Tlim! Tlim!

Meu pedido por paz mundial a la Yoko Ono.

(Essa postagem só tem sentido se for lida depois da postagem ANTERIOR.)

Povo safado!
Essa postagem é só para avisar que eu bem sei que os leitores desse blog gostariam de ver uma aplicabilidade das bed-ins por Mariana Martins. Quando leram o título já foram logo imaginando uma fotinha minha de branquinho na cama com macho e pedindo por ‘paz e amor’. Eita cambada de leitores ordinários que eu ando criando viu?

Como Yoko Ono deixou de me conquistar.

Como diria meu pai: “Viadagem dupla sô!”.

Gente é a última vez que cito o nome dessa artista nesse blog. Eu juro! Mesmo porque eu já acabei de ler sobre a vida dessa musa no livro ‘A vida das musas’. O problema é que depois de finalizar a leitura, descobri coisas decepcionantes sobre a mulher mais tonta de todos os tempos.

“Epa, epa, epa! Mas Mariana Martins você não estava elogiando as obras de Yoko nas quatro últimas postagens?”

Pensaram certo. Eu estava. Não estou mais!

A maioria dos fãs dos Beatles odeiam Yoko. O motivo principal é que ela fez uma lavagem cerebral no John Lennon e incitou várias brigas entre os integrantes da banda. Sou fã dos Beatles, mas não é por nenhum dos já conhecidos motivos beatlemaníacos que passei a repudiar essa japonesinha. O que ela fez de desgostante eu já explico.

É que essa mulher tinha a concepção retardada de que o sexo podia resolver exatamente todos os problemas sociais do mundo. Imagine uma teoria sobre o uso do amor e do sexo para combater os males do fascismo! São de Yoko Ono as seguintes argumentações nesse sentido:

“Se eu fosse uma garota judia na época de Hitler, eu me aproximaria dele e me tornariam sua namorada. Depois de dez dias na cama, ele iria aderir ao meu modo de pensar.”

Assim, o holocausto não teria existido se uma puta judia tivesse controlado os mandos e desmandos do ditador alemão. É delirante a idéia! Mas não bastasse esse pensamento, uma outra análise que Yoko faz sobre a pobreza é ainda mais estarrecedora:

“Deve haver uma linha a partir da qual isto (pobreza) se torna masoquismo. Estou certa de que há uma maneira de sair da pobreza e existe um ponto em que você decide sair ou não (...). É mais ou menos como dizer ‘estou passando fome, mas nunca fui puta’, o que significa que ela prefere passar fome a ser puta. Há certos tipos de regras que os fazem permanecer nesta posição.”

Simplesmente, Yoko pensava que ‘ser pobre’ para qualquer mulher seria uma condição opcional, já que qualquer fêmea pode optar por ser puta ao invés de passar fome.

É verdade mesmo o que acabaram de ler! Não estou inventando nada não e quem quiser conferir, informo até a página do livro:

Nome: A Vida das Musas.
Autora: Francine Prose.
Editora: Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 2004.
Página: 426.


Então? Já dá para imaginar qual era a melhor forma de lutar pela paz no mundo segundo a Yoko né? Acertou que disse “Fazendo sexo!”.

Junto com John Lennon ela criou a moda das “bed-in for peace”, campanhas pela paz que Yoko e o marido fizeram deitados na cama. O casal fez bed-ins em Amsterdã, Viena e Montreal. Eles provocavam os fãs com sua sexualidade, vestiam roupas castas de dormir e brancas. Os repórteres eram atraídos pela expectativa de observar um ato sexual, mas se deparavam com dois hippongas e sua bandeira noiada de ‘paz e amor’.

Pior que fazer ‘camas do amor’, é ver o casal argumentando de forma séria a importância das bed-ins:

“Somos todos responsáveis pela guerra. Todos devemos fazer alguma coisa, não importa o que seja – deixar o cabelo crescer, ficar de pé numa perna só, conversar com a imprensa, fazer bed-ins – para mudar as atitudes. Precisa-se conscientizar o povo de que só depende dele. As bed-ins são coisas que todo mundo pode fazer e são muito simples. Estamos dispostos a ser os palhaços do mundo para fazer com que as pessoas percebam isso.”

Então, com a licença de todos, vou fazer um ato simples pela paz mundial: Vou tirar minha cutícula do pé.
Vocês ficam com mais fotos.
The bed-ins.

Encarte do CD que Yoko e John gravaram juntos. O nome do álbum é ‘Two Virgins’ e além de trazer a foto dos dois peladões continha na gravação assovios, gemidos, lamentos, queixas e guinchos.

A capa do CD era o encarte envolvido por um papel, tipo papel de pão.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Minha tentativa a la Yoko Ono de produzir arte conceitual.

A importância de tudo depende da agregação de valores que se faz a esse ‘tudo’. Se você pegasse bundas cabeludas, por exemplo, nunca iria ver arte nisso. Mas Yoko Ono viu e agregou valor a essas bundas cabeludas. Mais ainda, nos mostrou que realmente eram obras de arte naturais.

Assim como Yoko convidou pessoas para verem fósforos acesos se queimarem até apagar, eu vos convido agora para ver o escaramujamento de uma pedra de feijão congelado.


Observar o brilho da pedra de feijão. Sinal que alguém realmente soube cozinhar ele bem! E mais ainda, soube com perfeição colocá-lo para gelar!

Observe a leveza da fumaça em contraste da dureza da pedra. É magnífico!


Analisar a quantidade diferenciada de bolhas da fervura. Alguns bagos já conseguem ser bem delineados. A água é corrompida pelo caldo feijinífero!


Ah gente! Desculpa, mas eu realmente me emociono. Snif!

Algumas outras criações de Yoko Ono.

Yoko foi uma artista legal. Ela não morreu ainda não, mas hoje já não é mais artista. Suas obras tinham sempre algo de transgressor, ousado e misterioso. Na verdade ela chegou a produzir coisas muito mais interesantes que uma mera escadinha com um ‘sim’ escrito em seu final. O John Lennon mesmo falava que a visão de arte de sua musa estava além dos conceitos normais e clássicos:

“Yoko me ensinou sobre Duchamp e o que ele fez (...). Ele pegou um porcaria de roda de bicicleta e disse: “Isso é arte, seus babacas!”. John. L.

Mais que uma roda de bicicleta, arte para Yoko eram bundas, fóforos, coisas cortadas pela metade.

Bem, deixe-me explicar isso logo.
Yoko Ono pertencia a um atuante grupo de artistas de Nova York, o Fluxus. Nesse grupo é que desenvolveu a maioria de suas telas e peças.

Em 1955, Yoko compôs uma “partitura” que envolvia fósforos acesos no palco para assisti-los queimar até se apagarem. A arte consistia apenas na simplicidade de fósforos se apagando.

Uma outra obra da japonesa, talvez a mais maluca de todas, foi um filme sobre a anatomia de bundas. O nome dele é “No. 4 Bottoms” e foi filmado em duas versões: a primeira apresenta as nádegas nuas de vários artistas, a segunda de 365 voluntários. O filme, segundo críticos, é hilário, instrutivo e surpreendentemente interessante em sua fria documentação de como a anatomia humana pode ser variável. Enfim, um documentário sobre como podem ser as diferentes morfologias de alguns traseiros peludos.

Entre outras produções de Yoko, registra-se uma importante exposição financiada por John na galeria Lisson. Ela se chamava “Half a Wind”. A brilhante idéia dessa vez, consistia em uma instalação composta de objetos tais como metade de uma cama, de um quarto, de uma cesta, de um abajur, de um quadro, etc., divididos ao meio e pintados de branco. John a teria sugerido: ‘Por que você não vende a outra metade em garrafas?’ E foi o que ela fez. Assim houve a exposição de um Lugar pela Metade e a venda de supervalorizadas garrafinhas com a outra metade das coisas que faltavam. Por exemplo, uma garrafa de vidro com a metade de uma cama em miniatura dentro.


Simplesmente a melhor representação do que cerca uma pessoa solitária, pela metade!


Entre 1965 foi a vez do espetáculo “Cut a piece”. No português, “Corte um pedaço”. Feliz do espectador que tinha uma tesourinha no bolso. É que na peça, Yoko - passivamente de joelhos no palco - pedia à platéia que cortasse pedaços de sua roupa com tesoura. Instruções a que os participantes obedeceram entusiasmadamente até que um homem cortou a alça de seu sutiã. Finalmente ela reagiu, cobrindo os seios.


Isso é arte, seus babacas!
Yoko Ono Lennon! Sou sua fã!