terça-feira, 23 de junho de 2009

Mãos.

A minha mão tem dois cortes: um da lata de ervilha que abri ontem para fazer sopa, outro da couve que cortei antes de ontem. As unhas estão curtas, os dedos longos insistem em ficar pequenos nesse inverno. Mão encolhe? Sim, porque eu acho que a minha mão está encolhendo pelo uso. Engrossando talvez. Cresce para os lados, mas não cresce em tamanho.

A mão da minha mãe tem a pele molinha. Ela cheira alho na hora do almoço e creme na hora de ir à missa. Há machinhas pretas no dorso da mão dessa mulher. Acho que são das gotas endiabradas de óleo que pulam da panela em direção a mão dela. A mão da mamãe não é preguiçosa. Acorda cedo, passa roupa, descongela geladeira, poli a frigideira, trança o meu cabelo. Ao mesmo tempo em que sabe fazer coisas que precisam de força, também sabe fazer carinho.

A mão do vô era gorda, cumprida. Nunca vi mão mais grande! Eu lembro dele pousar a mão na testa, não sei se fugindo do sol, não sei se clamando de dor de cabeça. Já no final de sua vida ele enxergava pouco. A sua mão o guiava pelas paredes da própria casa. Uma vez, estava eu a pentear o cabelo sentada no sofá da casa dele. O vô se encontrava do meu lado e passou a mão numa mecha dizendo assim: Nossa menina! Você tem cabelo de mais! As lembranças terminam na primeira mão roxa que vi sobre um caixão.

A mão do peão era larga, grossa, mão de homem mesmo! De vez em quando a mão sungava uma fivela grande e dourada. Noutras vezes, ajeitava o chapéu para que, esse, ficasse alinhado ao olhar que ele usaria para me seduzir. Eram duas mãos bem usadas: Numa ele tinha uma corda imaginária para laçar moças desavisadas. Com a outra ele já agarrava a morena por traz e a levantava para que, sem pés no chão, ela reconhecesse que não tinha saída.

A mão do meu amor platônico é na verdade a mão que eu queria comigo para o resto da vida. Mão morena, grande também. Dizem que o tamanho do coração de uma pessoa é equivalente ao tamanho de sua mão fechada. O tamanho do coração dele é grande literalmente e poeticamente. A única vez que me aventurei com essas mãos foi estralando-as. Desajeito esse que deve ter contribuído com o fato dele jamais sonhar que um dia eu cheguei a gostar demais dos seus dedos, cutículas e pelinhos.

A mão da Aline (o bebê em que fiz um teste do pezinho) era uma miniatura mais que perfeita! Unhas: dois milímetros por dois milímetros. Pregas dos dedos resumidas. Certeza que a velhice aumenta a quantidade de pregas de uma mão. A mão da Aline era rosa. Não rosa choque ou rosa claro, mas rosa pele. E as pontas dos dedos da menina eram transparentes, consegui ver um capilar sanguíneo por ali.

As mãos são feitas de sangue e muitas vezes é o sangue que me permite conhecer uma variedade grande delas. Na minha rotina no postinho de saúde, a cada quarta feira eu furo aproximadamente dez mãos diferentes para avaliação de glicemia capilar (açúcar no sangue). Tem mão medrosa que arruma uma tremedeira grande, só de me ver arrancar a agulhinha da maleta. Tem mão que é tão grossa que precisa de agulha especial ou dois furos. Tem mão pequena, grande, fina e forte. Mão suja, limpa, seca e molhada. Mão machucada, mão bem cuidada. Mão que faz o bem, mão que faz o mal. Mão sem dedo ou com dedos a mais. Branca, preta, amarela de susto, vermelha de limpar batom. São muitas mãos!

“Deve haver alguma coisa que ainda te emocione.”

E quando nada mais parece poder te impressionar, é necessário ver um campo com girassóis a se perderem de vista.


Trevo da cidade de Boa Esperança - MG. O caminho de Divinópolis a Alfenas fica cada vez mais bonito!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Bontando um pingo no Y.

Opa, eu vi meu nome escrito na bunda do mosquito.

E tudo começou porque eu comentei assim no blog dele:

"Certeza que vc é um cara feio, não cata mulher nenhuma e precisa de um espaço para desabafar"

Depois ele veio perguntar se eu sou puta ou princesa e escreve mais um texto típico de um pinto desiludido.

Agora a resposta dele, e no território seguro do meu blog. Ou não tão seguro assim.

Ah meu caro, não implique comigo só porque te chamo de feio e você lê no meu blog apenas um péssimo texto sobre como fabricar bolinhas de silicone. Aliás, apesar de péssimo, tais coisinhas redondas lhe seriam úteis para tacar no rabo das suas putas e melhorar o seu animalesco momento de usufruto de um buraco. Infeliz de você que se contenta com tão pouco.

Olha, eu tenho vinte anos e desculpa se tenho mais vida para viver que você. Mas, sinceramente, o motivo foi muito pouco para você arrancar um desajeitado e imaturo insulto de “criancinha” contra mim. Não discordo da maioria das argumentações que escreveu no seu blog. Existem muitas citações interessantes. Se não me despertasse um mínimo interesse, eu não teria desperdiçado tempo para comentar.

Mas vem cá, eu tenho o direito de te odiar por detonar as minhas possibilidades de encontrar um príncipe encantado ahn?

E respondendo sua pergunta, não sou nem puta nem princesa. Não é da sua conta, não é para o seu bico. É que eu tenho carro, viajo sozinha, e também tenho dinheiro para pagar por sexo se eu quiser.
(Apesar de mulheres não precisarem de dinheiro. É só abanar a mãosinha!)

O fato é que realmente eu procuro algo mais meu querido! Por que eu sou mulher? NÃO. Porque sinceramente eu acho uma incompetência muito grande para o homem ter uma cama vazia e precisar de buracos diferentes todas as noites. Assim como é uma incompetência a mulher servir só de buraco.

Não são idéias românticas que eu quero defender. Eu não sou romântica. Para mim tudo gira em torno de reprodução.
Os seus genes só pensam naquilo. Claro! Se não você usava o buraco de algum amigo desmunhecado. Aliás, uma boa alternativa de buraco úmido para você Y.

Você é Hedonista porque seu gene quer ter um monte de filho nesse mundo. E você mesmo acabou de escrever coisas que concordam com isso. “A mulher gasta horrores se produzindo porque ela quer reproduzir”. Que descoberta legal! (ironia)

Esse assunto não é nem um pouco inédito. Aliás, reproduza o livro “Guerra de espermas” no seu blog e assim você terá o que postar com frequência.

No mais, mesmo com suas teorias que tentam ser a descoberta mais fantástica do mundo, continue postando. Você faz um bem para a humanidade. Muitas outras adolescentes vão te seguir. Mostre a elas como um pau túmido (que palavra exótica!) pode ser engraçado e um objeto mais que ridículo.

Sem mais considerações hostis caro Y. É que não é muito bom discutir com uma letra enquanto meu nome aparece em outdoor.

sábado, 13 de junho de 2009

Criando bolinhas.

Eu descobri essas bolinhas na minha manicure: A dona Elaine. Saudade que eu estava dela gente! Oh moça boa para deixar minha unha grande! Mas voltando as bolinhas. Descobri elas num vaso de flor que ficava na mesa dos esmaltes. O vaso era de vidro, as flores eram amarelas, os esmaltes eram coloridos, as bolinhas eram coloridas a minha unha estava ficando colorida.

Cada semana que fazia unha, tinham bolinhas de uma cor diferente lá. A cor do meu esmalte era ditada pela cor das bolinhas. No começo eu pensei que era bolinha de gude, mas uma bolinha de gude é uns dez centavos e como assim ela tinha um monte de bolinhas de gude e de todas as cores? Foi o que me perguntei. Mas o que me levou a descobrir a Maravilha das bolinhas que engordam, foi o pacotinho que eu descobri nessa última vez que fiz unha. Estava perto do já falado vaso da Dona Elaine.

Mistério solucionado: As bolinhas eram cristais mágicos de água que agente pode comprar em qualquer loja de 1 real.

Nesse sábado eu criei um montão de bolinhas. Bolei uma guerrinha com os meus primos usando elas. Joguei uma na testa da minha irmã, espatifei um monte nos dedos e agora vos escrevo extremamente satisfeita com possibilidades terapêuticas que essas coisinhas redondas podem trazer.
É por isso que posto agora - para os meus leitores estressados - um tutorial em sequência de imagens sobre como criar bolhinhas.

[Só uma observação breve: As fotos têm a participação especial das mãos da minha madrinha. Hehe]
Clica na imagem e a amplie!

5 minutos com o Fernando.

Quem é ele?
Meu vizinho, amigo, irritante.
...
Ele: Quem vem primeiro: O ovo ou a galinha?
Eu: O ovo. Porque os répteis vêm antes das aves e eles já botavam ovos.
Ele: Quem vem primeiro: O ovo ou os répteis?
Eu: O ovo porque ele parece com um cisco redondo e o cisco redondo vem primeiro.
Ele: Quem vem primeiro: O ovo ou o pó?
Eu: O pó, porque ele é uma figura simples.
Ele: É por isso que o pó é tão bem falado no Rio de Janeiro.
...
Eu: Não sei para quê tanta rede de relacionamento. Tem um século que não entro no meu twitter. O meu Orkut só tem gente falando que tá com saudade e de quem eu quero recado mesmo, não tem recado.
Ele: Quer dizer que você mantém um Orkut só com a desculpa de trepar?
Eu: Ahn?
Ele: Você não falou que só fica esperando a figura de um cara lá te cortejar? Então.
Eu: Ahn?
...
Ele: É engraçado ver as pessoas mudando assim de repente. Você era uma pessoa mal realizada profissionalmente e com pensamentos a frente da sua idade. Agora você vira Doutora e cheia de idéias retrógradas.
Eu: Ahn?
Ele: Uai é. Acabou de me falar que quer ir para a Amazônia cuidar de indiozinho. Tão simples cuidar de quem tem dinheiro!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Vizinhança violenta? Ouvido violento? ou Pensamentos violentos?

Eu acho que ouvi um assassinato aqui perto de casa.

Era noite. Eu, na fortaleza dos meus muros e grades, tomo todos os barulhos como desestabilizadores.

Primeiro foi um tiro. (Não sei como é direitinho o barulho de um tiro, mas era um barulho próximo daquele que acredito ser de um tiro).

Depois ouvi um grito.

Um cachorrão começa a latir alto.

Aí um chicote corta o ar e o cachorro faz um “Auuuuuuuuu!” triste de mais como se sentisse muita dor.

Meu estômago roncou. Não sei se de medo ou de fome.
Era barulho de mais para uma pessoa tão acostumada a processar Solidão e Silêncio!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Vida.

Desculpa a minha ausência do blog gente! É que, como muitos já sabem, além de blogueira eu sou um protótipo de médica e tenho que estudar horrores!
Mas não é ruim estudar tanto assim não, se estudamos o que a gente gosta. Eu tô apaixonada cada dia mais pelo que eu faço, cada dia mais pela minha faculdade: Faculdade de Ciências Médicas de Alfenas – UNIFENAS (A primeira colocada no último ENADE entre as particulares de Medicina de Minas Gerais!). Inflei o peito agora! Mas é pela satisfação e o reconhecimento de que a instituição em que estudo cria um monte de projetos de extensão e propicia, até para os alunos do primeiro período, momentos que vão ficar guardados para sempre.

Essa semana eu presenciei um Teste do Pezinho no postinho de saúde em que faço estágio. Teste do Pezinho é um exame feito no quinto dia de vida do recém-nascido. Faz-se um big furo num little pé e é colhido sangue para identificar uma série de doenças.

Eu não furei o bebezinho não, mas eu ajudei a enfermeira a fazer o exame segurando firme uma pilustrica de uma menininha. Foi o meu primeiro Teste do pezinho!


A enfermeira Dona Terezinha fez uma compressa de água quente com uma luva de procedimento. Era para dilatar os vasos sanguíneos e preparar o local da picada. Eu, com essas mãos inexperientes para segurar criança, recebo um chingo da profissional de saúde:


_ Ela não é casca de ovo Mariana! Segura essa menina direito!


Apertei a piquitita mais um pouquinho nas mãos e contra ao peito. O bebê ficou de costa para a moça que colhe o sangue e de frente para mim. A menininha estava dormindo quando recebeu a picada. E de repente acordou... chorou, chorou e chorou.


Eu senti a dor da pequena nos meus dedos. Ela se retorceu todinha.


Enquanto se colhia as cinco necessárias gotinhas de sangue, susurrei baixinho tentando parecer menos malvada para aquele ser tão indefeso:

_Calma mocinha! Já passou. Essa foi só uma das dores que você vai precisar viver nesse mundo!

Não consegui ser mais consoladora.