sábado, 3 de outubro de 2009

A tchaca tchaca tchaca tchaca... Ôôoooo!

Essa foto eu desafio o Ailton a tirar uma igual. Hehe

O normal de se ensinar para uma criança de um ano imitar é som de boisinho (béee!), cachorro, gato ou qualquer outro animal que seja do seu convívio. Não fugindo a regra, eu - com certeza – também devo ter passado por essa fase de engrandecimento liguístico que é aprender falar “au, au” e “miau”. No entanto, na minha infância, tive a figura criativa da vovó Bina para incrementar esse treinamento de onomatopéias. Ela me ensinou a imitar cigarras.

As instruções eram mais ou menos as seguintes:
- Mariana! Encha o pulmão de ar e fala: ‘A tchaca, tchaca, tchaca, tchaca’. Depois, até quando o fôlego não agüentar mais, você vai gritar: ‘Ôôoooooooooooooo...!’. E grita bem fininho.
Acho que eu nem sabia direito o que era uma cigarra, mas mesmo assim me empenhei para imitar uma. A vovó me inspirava quando fazia com perfeição aquele som engraçado. O final ‘Ôôoooooooooooooo...!” dela era como daquelas cancionistas mais velhas de festa de Reinado. Fininho, esganiçado e longo, o som – assim como o de uma cigarra – incomodava, mas era ao mesmo tempo simples e aconchegante aos ouvidos. Sério! Eu sentia prazer em ver dona Bina se esgoelando para imitar uma cigarra para mim.

Eu lembrei disso esses dias, porque Alfenas (MG) - esse mês - está totalmente invadida pelas bichinhas. Ninguém as desliga. As cigarras cantam de 7 da manhã de um dia às sete da manhã do outro dia. Na minha teoria nem é um canto, mas uma zombação da gente que passa todo ocupado de um lado para o outro o dia inteiro. Essa semana, eu estive feito uma formiguinha - para lá e para cá - resolvendo um monte de coisas e fazendo um monte de provas. Elas simplesmente pareciam aumentar a cantoria quando eu, ou alguém na mesma correria, passava. Se não conseguiam chamar a atenção, cigarras lançavam uma aguinha nojenta sobre as pessoas. E continuavam cantando, na verdade, acho que morrendo de rir por acertar a gente.

Mas e a aguinha? O que era? Alguma frutinha que ela apertava e saia água? Epa! A árvore não tinha frutinhas aquosas. Ugh! Seria xixi de cigarra? Meu Deus, que nojo! Mas antes fosse isso gente! Como desagradavelmente uma amiga conhecedora de cigarras me esclareceu, ela lança é esperma sobre a gente!
Jesus apaga a luz! Será que um cigarrão me veria lá de cima das árvores como uma cigarrona boazuda? Quanta taradesa! o.O

Bom, eu só não tinha conhecimento da metralhadora de espermas, mas cigarras - como eu já contei para vocês - me foram apresentadas quando bem pequenininha. Poucos têm avós com criatividade anormal ou nascem em uma cidade com um mínimo de verde para vir a conhecer cigarras. E fui descobrir isso quando uma garota de São Paulo-capital soltou algo assim: _ Que barulho é esse? Essa máquina vai atrapalhar as aulas!

Todo mundo aqui anestesia os ouvidos para não ficar surtado. A Faculdade de Ciências Médicas de Alfenas, que é muito arborizada, tem muitas cigarras, mas muitas mesmo! E elas realmente conseguem atrapalhar as aulas. Quando todo mundo está em silêncio, nem o barulho do ventilador tem ponderância mais.

Quarta eu fui arejar a cabeça perto da lagoa e do prédio da veterinária. Andando por lá, encontrei muitas cigarras em troncos bem baixos, próximas da altura dos olhos. Eram filhotinhos de cigarra, cigarras velhas, cigarrões tarados e – impressionantemente - casquinhas de cigarras de todo tipo! A cigarra se liberta de um esqueleto externo que grava exatamente sua forma sem asinhas. Pensei na vovó. Ela teria gostado de ver aquilo. Talvez, do céu, ela observasse ou me guiasse àquele lugar. Para mim, a partir daquele momento, vovó era uma cigarrinha que havia se libertado de sua casca material para cantar no meio das árvores.

8 comentários:

Unknown disse...

Então eu fui acertado uma certa vez por espermas de Cigarras, é triste isso! Eu gosto de cigarras, vivia capturando algumas e colocando em caixinhas pra ouvi-las cantar, coisa de menino!!!

aqui, será que algum dia te como você fazer a imitação das cigarras cantando pra gente filmar e colocar no youtube?

.ailton. disse...

onde eu passei a infancia tbm tinha muitas cigarras. a universidade que eu fiz foca dentro de uma reserva de mata atlantica, logo... inumeras cigarras pra atrapalhar. mas eu nunca tinha visto uma cigarra cantando (oou seja lá o que for que ela faz). eu nunca soube dizer exatamente de onde vinha o barulho. quando via os bichinhos, estavam calados. por isso tenho ate duvidas mesmo se um bichinho desse tamanho faz aquele barulho todo.

mas essa foto aí nao valeu. vc conseguiu se aproximar pq era a casquinha de uma cigarra. sabe que já ouvi uma lenda (nao sei se de fato é lenda) que diz que a cigarra canta até estourar?

agora, essa de lançar espermas é a primeira vez que eu ouço. eu nunca soube que fosse um canto erótico este das cigarras. nao lembro de ter sido alvejado com aguinha de cigarra nunca. ainda bem.

mas a foto ficou massa mesmo.

felipe lacerda disse...

Estranho. Achei que fosse xixi mesmo. mas parece que nascemos numa geração que não conhece muito bem esse tipo de coisa que canta, né? Lindinho o texto, parece coisa de quem está em paz com o próprio espírito. Isso é gostoso de sentir.
Agora... ou meu avô me ensinou errado ou "Bééé" é o som de um cabrito.
E agora além de dissecar cadáveres está fotografando presunto de insetos homópteros?
Por um segundo imaginei a pequena Mariana exercitando os dotes vocais no empenhoso canto da cigarra. Depois acha ruim de levar esguinchada dos machos de plantão.
hehe.
E saiba que se você não ligar eu não ligo mais pra você. Vou sentar aqui no chão e dar birra até essas malditas provas acabarem. Tô precisando de uma amiga para me ajudar a tomar algumas decisões sobre minha faculdade. E preciso tomar um porre de sorvete com alpiste.

Leviotto disse...

Oi Mariana,
Já faz um tempo que leio o seu blog(já o li qse todo rs) descobri ele meio assim por acidente de um link pelo o outro... mas é a primeira vez q deixo um comentario.
Adoro ler suas estorias, que são por sinal muito bem escritas, como o cara do coment de cima disse realmente vc deixa a impressão de estar em paz de espirito qdo comentou de sua vozinha.
agora seria legal sua imitação de cigarra no you tube = )
bjs

Mythus disse...

essa primeira imagem tem asas, ailton. não é apenas casca. a foto ficou legal mesmo.

por aqui também tem muita cigarra. lenda ou não, também já ouvi que elas cantam enquanto trocam de casca.

acredito que nunca levei um esporro desses. :p

.ailton. disse...

andas sumida.

Mariana Martins. disse...

André,
Nada de videosinhos no youtube! São Jerônimo da Guadalúpia! Kkkkk

Ailton,
Essa teoria do barulho advindo da tentativa das cigarras romperem a sua casca eu nunca ouvi, mas já pensei com os meu botões aqui.
Se o canto é um canto erótico? Com certeza! Se não for erótico está ligado a reprodução. Eu tive um professor na faculdade de Biologia, que falava que a natureza toda se explica em gerar filhinhos.
I belive in.

Felipe,
Xiiii! Seria 'muuuu!' o som do boisinho? Kkkk
Ah eu te adoro meu caro! E sim, presuntos humanos e presuntos de insetos (que na verdade nem têm presuntos) me despertam bastante tesão. o.O
Tá com ciúmes do cigarrão é? Kkk
Eu vou te ligar. Não foi nesse feriado, é que eu tirei um tempo para mim. Mas eu vou te ligar sim.
Um abraço loro querido!

Leandro,
Deixa contato! Eu gosto tanto de descobrir leitores novos! Se você se identificar eu gravo um canto cigarreis para postar no youtube! =D
Tô brincado... nada disso. Mas muito obrigada pelas visitas!

Mythus,
Eu devia ter feito o desafio para você também ein? Muito boa as suas fotos também!
E, sim, o Aiton ficou com inveja do meu close de cigarrinha viva. Ignorou ela tadinha! Kkkkk

Ailton,
Só você cobrar que arrumo vergonha e escrevo alguma coisa. Você manda aqui meu caro! Vê se gosta do texto da cirurgia. ;)

Jonatas disse...

Oi de um desconhecido! Garota, muito criativo seu blog! Parabéns! Os textos são umas graças ...continue usando aperfeiçoando seu talento.

grande abraço