quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Santa Catarina é aqui!

Eu moro no Brasil, um país que fica relativamente no meio da placa tectônica sul-americana. O povo que vive aqui é protegido de maremotos e terremotos em níveis altos da escala Richter. O Estado que vivo é Minas Gerais e as chuvas aqui – pelo menos na região centro oeste dessa unidade federativa que é onde fica a minha casinha – têm ciclos regulares. Isso é muito útil para o homem plantar e a região quase nunca passa por escassez de água para consumo. A cidade que me acolhe é Divinópolis e se gaba de ser a quinta melhor de Minas Gerais. Mais de 80 % do povo daqui tem água limpa tratada chegando em casa, bem como canalização de esgoto, que apesar de não ser tratado não fica na cidade e vai embora pelo rio Itapecerica. O bairro que eu moro é bom, fica perto do centro e tem muitas ruas e casas bem estruturadas. A minha rua é calçada e tem quatro árvores bonitas, duas da quais se enchem de flores amarelinhas toda primavera.

Ataque terrorista, maremoto, vendaval, neve, terromoto, seca, redemoinho, erupção vulcânica, tsunami, chuva de mais, chuva de menos. Tudo isso sempre me pareceu produção holiwoodiana porque felizmente aconteceu bem longe do refúgio que é o meu lar. E quando qualquer desastre desses acontecia, era pela televisão que ficava sabendo de tudo, com direito a melhores imagens, gente chorando que nem em filmes, desgraça acontecendo que nem nos filmes.

A quantidade de desgraças foi se avolumando na TV e as cenas que trazem pessoas e mais pessoas morrendo e sofrendo são comuns. Tudo contribuiu pela minha insensibilidade às coisas ruins que acontecem no mundo.

Na madrugada do dia 17 para o dia 18 de dezembro, contudo, desgraça aconteceu bem perto da minha segura residência. A insensibilidade que ousava sustentar foi infelizmente quebrada por um monte de casas inundadas até o teto. E essas casas se distanciavam no máximo há quatro quarteirões da minha casa! A água do rio Itapecerica recebeu um volume de água grande por demais da leva de chuvas que aconteceu na região. Subiu quase sete metros além do leito normal do rio e inundou casas e edificações da população que vive às margens do rio e às margens do córrego Flecha que atravessa a cidade. A força e a quantidade de água nos rios interditaram quatro pontes da cidade. Ainda cerca de 200 mil habitantes ficaram sem água por cerca de três dias. Já que a estação de tratamento foi completamente inundada.

Enfim, é muito ruim ter de ver tragédia acontecer perto da gente para acreditar que elas acontecem. Eu peno em saber da fragilidade de todos nós diante das muitas intempéries que nos pegam de surpresa. O meu pedido para o papai Noel é que ele ajude as famílias a reconstruir os danos causados pela enchente e que ele proteja as árvores da minha rua contra qualquer coisa braba da natureza que possa impedir o aparecimento das flores amarelinhas da primavera.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Parabéns vovô!

Meu vô fez oitenta e três aninhos esse mês que passou! Eu descobri qual era a sua idade certinha porque minha vó dedurou o ano em que ele nasceu, o que me permitiu calcular. Se dependesse do livre depoimento do aniversariante ele falava que era 38 anos e com um pouquinho mais de inteligência eu teria deduzido que se tratava de uma inversão (83 / 38).
O meu velhinho ainda se gaba de fazer o quatro com as pernas.

Ele está forte, não toma nenhum remédio. Vive na roça e cansa de avisar para os netos que a gente tem de para de comer coisa industrializada para viver mais. Mas o vô abusa da gordura de porco e isso não é muito bom. Ele fala que inhame é depurador do sangue, 'Oropunobre' tem um montão de proteína e 'Arnica' cura qualquer machucado.

Ele não gosta do barulho da cidade, mas gosta quando os netos e filhos fazem barulho no seu sítio. E quando muita gente está reunida na varanda da sua casa, ele pega um acordeom bonito, vermelho, bem guardado dentro de uma cômoda. Os dedinhos durinhos, calejados da lida na roça, começam a dedilhar devagar uma canção. A canção é conhecida, a felicidade dele é conhecida.

O som de sanfona vai se misturando com a fumaça do fogão de lenha. O terreiro varridinho é iluminado por um sol forte. A roda de água que agoa as verduras na horta parece começar girar no compasso da música. Vovó larga de picar o frango e vai cantar também. A minha prima de colo balança o pesinho em sinal de agrado. Um pega uma panela, outro uma caixinha de fósforo e o resto ajuda com a voz. O vô grita:

_ Mariana, pega o violão e vem me ajudar!

E esquecendo do meu abandono ao aprendizado do instrumento eu redescubro que a felicidade pode surgir de poucos acordes.

Parabéns vô pela simplicidade e alegria que o senhor ensina a toda família!

domingo, 30 de novembro de 2008

Como desenhar direito! Ana Paula ensina.

Ana Paula é uma menina de estatura que passa só um pouquinho o meu joelho. Ela tem um cabelinho loiro, mirradinho, cheio de nó. Uma catarreira danada. Tem a pele jambo e é magrelinha. Só tem três anos. Ela apareceu na sala de informática acompanhada dos seus irmãos. Eles são três meninos, todos meus alunos. Cada um em uma série diferente. O irmão do meio me explicou que eles tinham de cuidar dela no horário em que não estavam estudando e me pediu permissão para que ela ficasse com eles enquanto mexiam no computador.

Ana Paula sentou no colo do mais velho e ficou observando. Passou cinco minutos e ela danou a apertar algumas teclas indevidas, atrapalhando todo o desenho que o irmão tinha feito. Ai ela foi passada para o irmão do meio. Ele estava jogando e nem deu trela para a tentativa da irmã de tentar mexer no computador também. O irmão mais novo nem podia pegar a menina porque era pequenininho e Ana Paula escorregaria do colo dele. Aí, eu na minha postura de amante das crianças (hehe), peguei a Ana Paula e enterti ela com uma folha de desenho.

_ Ana Paula! Desenha uma casinha?
_ Sei não. Quero ‘putadô’! (e ela levantou a mãozinha apontando para uma das máquinas em que um menino usava o Paint para desenhar)
Eu tentando consolá - la disse:
_ É a mesma coisa. Você pode desenhar aqui no papel também. E eu te ensino a desenhar uma casinha. Olha aqui! Cada coisa que eu fizer você vai fazer igual tá bem?
_ Tá.

E assim eu fazia um telhado, ela fazia o telhado dela. Eu fazia a parede, ela fazia a parede da casa dela. Eu fazia um pintinho, ela fazia o pintinho dela. Eu colocava pé no pintinho, ela colocava pé na janela.
A Ana Paula terminou o seu desenho rapidinho e não me deixou em paz enquanto não a deixei desenhar no computador. A pirralhinha chamou meu cachorro de boi e eu sai profundamente ofendida com isso.

O da Ana Paula: (Olha os pés do pintinho na janela!)
O meu: (Ela chamou meu cachorro de boi!)

domingo, 23 de novembro de 2008

Trato de Independência Feminina por Mariana Martins e Luciana Maia.

Lu, os acessórios verdes eu compro tah?

Uma semana comum. Uma noite comum. Um ônibus comum leva os estudantes da Universidade de Itaúna de volta para casa. Um sono comum. A poltrona do meu lado ocupada por uma companhia comum. Mas a companhia comum sempre tem conversas incomuns. Ela é Luciana Maia, minha doce e atrapalhada amiga!


- Mari? Eu queria nascer rica ao invés de bonita! Você não queria não?
- Uai Lu! Obrigada pelo elogio de bonita, mas é que eu queria as duas coisas se fosse possível.
- Ah! Mas acho que só ser rica estava bom. Quando a gente é bonita tem homem que se aproxima, fala que gosta da gente, mas na verdade só quer se aproveitar. Quando a gente é feia e rica, qualquer um que lhe fizer jura de amor merece um pé na bunda. Tudo fingimento!
- É só a gente ser rica e bonita e não der trela para nenhum homem!
- É mesmo né? Se for parar para pensar a gente nem precisa de homem.
- Assim... Precisar? Precisa. Para fazer aquelas coisas... você sabe, para ter filhos!
- Aham e por que uma mulher precisa de filhos?
- Algo relacionado à solidão Lu. Pelo menos eu quero ter um filho para cuidar de mim quando eu ficar velhinha!
- Tudo bem! Filho está explicado. Mas onde é que homem entra nessa história? Por que é que depois de arrumar um filho a gente tem que conviver com um homem dentro de casa?
- Para ajudar a criar o filho? Educar ele, comprar coisas para ele?
- Aí está! Se eu for rica eu não vou precisar de homem então. Dinheiro para criar um filho eu vou ter de sobra.
- Um filho precisa de pai Lu. Para dar exemplo, buscar o filho na escola. E você que gosta tanto do seu pai como eu, não devia falar essas coisas.
- É, você tem razão! Mas morar sozinha com meu filho não quer dizer que ele não vai ter um pai. O pai dele pode visitá-lo de vez em quando. O que eu não quero é ter de dividir minha Pickup com um macho, ter toalha molhada em cima da cama, virar objeto sexual e ter de cozinhar a vida inteira para um barrigudo reclamão. Eu quero é ter minha casa própria, um closet só com roupas importadas, uma garagem com uma frota de carros...
- Do tipo um carro para cada cor de roupa e sapato?
- Aham.
- Lu? Você deixa eu morar com você?

sábado, 15 de novembro de 2008

From 'Caçador de Pipas' - Filme.

- A história é sobre o quê?
- É sobre um homem que encontra um copo mágico e ele aprende que se ele chorar no copo as lágrimas dele viram pérolas. Ele é muito pobre e no final da história ele está sentado em uma montanha de pérolas com uma faca ensangüentada e a esposa morta nos braços dele.
- Então ele a matou?
- É Hassan!
- P’ra chorar muito e se enriquecer?
- É Hassan! Como você é inteligente! (ironia) ... Que foi?
- Nada. Bom, me permite fazer uma pergunta sobre a história?
- Claro!
- Por que o homem teve que matar a esposa?
- Porque cada uma das lágrimas dele virava uma pérola!
- Eu sei, mas porque ele não podia só cortar uma cebola?

"Oh Tiiia! Olha a janela esquisita que apareceu aqui!"

Cartinha para a professora. (Clique e amplie!)

Minha madrinha me alertou de ir trabalhar com os cabelos amarrados sobre o risco de pegar piolho. Eu tratei de arrumar logo muitas buchinhas porque o risco é multiplicado por 300, contabilizando que essa seja a quantidade de alunos que arrumei. Trata-se do meu novo emprego: o de professora. Não sou professora de Biologia em condizência a minha formação acadêmica em andamento, mas uma efetivada professora de informática em uma Escola Municipal da cidade de Divinópolis - MG.

O fato é que sempre odiei trabalhar. A frase ‘O trabalho engrandece e dignifica o homem’ me soava injusta e a todo tempo me perguntava que homem era esse quem saía engrandecido. Com certeza não era o homem trabalhador e sim o seu patrão.
O que dignifica você é o ócio! E isso é fato. Só adquirindo um tempo para ler livros, comer rapa de comida de mãe e para tirar à pinça todos os cabelinhos da canela, que o ser humano – pelo menos o ser humano Mariana - produz algo de útil para ele mesmo.

Eu pensava bem assim. Continuo pensando. Mas além de acreditar que o trabalho deve te engrandecer, passei a acreditar em uma segunda utilidade: o de engrandecer o próximo ao prestar serviços e ser útil aos que necessita.
Isso passa bem perto de voluntariado, mas a remuneração é necessária para atender também a idéia inicial de engrandecimento pessoal.

Eu estou vivendo uma experiência parecida. E cada dia que passa me sinto mais realizada e contente com que faço. A atividade remunerada que exerço é a serviço de crianças de uma comunidade periférica da cidade onde moro. Crianças de uma região carente em recursos físicos, onde palavra ‘computador’ soa - ou pelo menos soava - algo distante.

Numa pesquisa por meio de um questionário de cinco perguntas, eu levantei o perfil dos alunos com quem trabalharia. Era para conseguir identificar o nível de conhecimento deles em relação à informática e as expectativas de aprendizagem sobre o assunto. Constatei que cerca de 40% dos estudantes nunca tinham acessado uma máquina e 30% deles mexeram uma vez ou outra em casa de vizinhos, lan houses e outros. Quando perguntei sobre a expectativa para com o laboratório de informática, nenhum aluno marcou a opção ‘poucas expectativas’.

E eles não estavam mentindo só porque o questionário exigia identificação do nome e turma. As expectativas são realmente grandes! A exemplo, não há um dia da semana em que pelo menos uns 10 alunos me parem andando pelos corredores e perguntem: “Tia! Que dia que eu posso mexer no computador?”.
Sim, eu arrumei cerca de 300 sobrinhos! E estou até confundindo. Se perguntarem meu nome, eu respondo ‘Tia’ e espero que compreendam.

A primeira aula eu trabalhei o ‘Paint’ com a escola inteira. Desenho livre com o mouse para adquirirem intimidade com esse hardware. Exceto as raras pessoas com curso de computação, os meus demais alunos usaram o simples programa com um olhar de deslumbre. Um aluno de 5 anos da primeira série fez um risquinho preto na tela em branco e caiu em gargalhada. Era um riso tão bom e puro de se ouvir, que ri com ele e me emocionei.

A escola tem apenas 10 computadores para 16 turmas. A sala onde eles ficam é apertadinha e um teclado já veio quebrado. Se chove, o terceiro computador do lado direito molha porque tem goteira sobre ele. Estudam lá alunos desde o antigo de ‘jardim de infância’ aos da oitava série. É uma loucura adequar a forma de ensinar para todas as idades. Tudo parece conspirar contra a oportunidade da minha galerinha de aprender.

Apesar dos pesares, eles continuam tendo aula. E eu, mesmo diante de tantas dificuldades, não vou esquecer de contrapor tudo ao sorriso daquele menino. É para engrandecer, tornar grande essa criança, que quero trabalhar a partir de agora.

domingo, 12 de outubro de 2008

Todão.

‘Quem come muita piabinha aprende a nadar!’. Quem nunca ouviu essa frase que dê o primeiro grito. Tudo bem que a sua mãe só queria te incentivar a adquirir as proteínas da carne do peixe, mas convenhamos que a idéia seja bem criativa e às vezes pode funcionar. ÀS VEZES, repito, muitas raras vezes.

Quando eu era pequena, se eu comesse um bolo e inevitavelmente junto uma formiga, minha mãe vinha com o papo de que ‘comer formiga é bom para as vistas’. Infelizmente as formigas que por ventura vieram parar no meu estômago não valeram de nada. Hoje eu sou míope e mato aquele que me oferecer uma formiguinha de tira gosto.

De início, parece estranho associar um hábito alimentar a uma qualidade humana para o futuro. Mas não é algo tão sem lógica assim. Não falo de fazer associação como: “criança que come muito doce pode se tornar um adulto com diabetes.” Isso é biologicamente bem explicado. Falo é de associações que não têm fundamento nenhum, mas uma lógica inquestionável.

A filha do verdureiro da minha mãe é uma garotinha de 7 anos. A estratégia que ela adotou para se alimentar de algo que gosta, justifica a minha previsão de que a pirralhinha se tornará uma grande economista. Ela adora todinho! Esses leites com chocolates que vêem em caixinhas pequenas. Só que ela gosta é em muita quantidade! A pequena garota teve a inteligente percepção de que muitas caixinhas de todinho são mais caras que se ela comprar uma caixa de leite, levar Tody de casa, pegar um canudo num bar, misturar tudo (Leite e achocolatado), adquirindo o seu Todão.

A história da pequena garota me fez lembrar um outro caso que aconteceu na aula de microbiologia. A professora comentava que o Yakult era feito de micróbios comuns à flora vaginal humana. Aí teve um engraçadinho para fazer o seguinte comentário: É! Deve ser por isso que um amigo de um vizinho meu virou um adulto tarado. Ele tomou muito Yakult quando era criança.

E assim as minhas aulas na faculdade atingem o grau de produtividade máxima! Eu adotei o Todão como uma bandeira anti-capitalista e a minha mente, apesar de estar um pouco ausente ao Chuva de Containers, continua a articular besteiras.

domingo, 28 de setembro de 2008

Safadonas Voadoras!

Sabe quando você resolve arrumar seus guardados antigos para ver se surge algum espaço porque já não há onde pôr mais nada? Então, entenda – mesmo você que não tem antiquaria acumulada - que essa é uma das tarefas mais doídas de se fazer. Seja pelo lado emocional, que te faz ficar cheirando ou olhando algum objeto por minutos, seja pela quantidade de coisas, o que torna tudo muito cansativo.

No meu caso a coisa é caótica! Eu guardo desde o meu primeiro brinquedo até o laço que embalou as flores dos meus quinze anos. É algo obsessivo e caracteriza uma doença que não lembro o nome, mas é relatada no livro 'Mentes e Manias'.

Tem os momentos que me disponho a jogar algumas coisas fora. Tipo, na última reorganizada, joguei fora o papel de bala Halls que ganhei do primeiro garoto que beijei. Juntando tudo o que consegui eliminar, não deu mais que o espaço de uma caixa de sapatos. Resultado: Meu guarda-roupa continua com seus ¾ ocupados por objetos que chegam a ser até estranhos.

Só para noção da coisa, tenho um walkman de fita tape, uma fita dos Mamonas Assassinas, uma coleção de papel de bombom Personalidades com personagens da Warner Bros, um tererê da primeira vez que fui à praia e uma barriga de Barbie grávida que paria um bebezinho no tamanho da metade de um dedo mindinho. [Um esclarecimento: A Barbie foi doada, o bebê caiu no ralo do tanque da minha antiga casa quando fui dar banho nele = trauma de infância. Só sobrou a barriga e juro que não sei por ainda tenho ela e fico me martirizando olhando aquilo.]

Para consolo daqueles que já estavam começando a soltar uma lágrima no canto do olho, guardo muita coisa que traz lembrança boa! Prova disso foi um achado bem lá no cantinho da minha gaveta inferior: Uma camisa de time de futebol!

Eu já tive um time de futebol! Pasmem-se! Foi na época de colégio, quando fazia o terceiro ano no Cefet da minha cidade. O nome do time era SVEC. Bunitinho não é não? Mas a coisa pega é no esclarecimento das inicias: Safadonas Voadoras Esporte Clube. Fora o nome engraçado - que tem todo um significado e já já eu explico- hilário era a posição que eu jogava: Todas!

Safadonas Voadoras’ faz você leitor pensar que a gente era um bando de safadas que só jogava futebol por status na escola. O ‘Voadoras’ ainda sugere que o time arrasava na agilidade em campo. Equívoco total! Éramos um bando de pernas de pau que só conheciam uma regra do futebol: Colocar a bola dentro de uma coisa que se chama gol! E confesso que ainda não havia consenso sobre qual dos dois gols era o certo.

Inscrevemos o time no campeonato da escola e para fazer ainda mais bonito, criamos uniforme e tudo o mais. Atrás da minha blusa (a que achei no guarda-roupas) tem pintado o meu nome e o número: Doida, √10,8. (hehe!)

Vocês leitores pasmem-se de novo! O time tinha hino! E ao conhecer a cantiga que embalou as nossas vitórias (?) vão, enfim, conseguir entender o nome ‘Safadonas Voadoras’.
Uma homenagem à dupla sertaneja Gino e Geno, eis o nosso hino: “Eu digo isso, digo numa boa, mulher que não dá voa, mulher que não dá voa!”.

E a apartir daí começava a nossa brincadeira. Todas meninas eram Safadonas no espírito debochado e puro da coisa. Tanto é que a gente não dava e por isso Voava. Voava porque sempre fomos alegres, criativas e na época, com certeza, tínhamos metade dos problemas de hoje. Ninguém segurava a gente! Ninguém segurava os nossos sonhos!

É uma das boas lembranças que ficam pela minha vida! Do tempo que tive uma camisa oficializada para vestir: a da Alegria.

sábado, 20 de setembro de 2008

Vai uma aguinha com açúcar aí?

Conhece aquele juramento do casório “prometo lhe ser fiel na alegria e na tristeza”? Muito cuidado com ele! Acabo de evidenciar que é um dos esforços mais difíceis do mundo!

Minha mãe, senhora Nelma, é uma dona de casa muito caprichosa do tipo que o copo que se bebe água brilha de looooonge! Meu pai é um cara largadão que pendura o cuecão branco todo sujo dele no Box do banheiro quando vai tomar banho. Mamãe só não fica roxa de raiva, porque eu e minha irmã sempre amenizamos a situação, catando uma cuequinha ali outra acolá.

A última que o papi aprontou na condição de macho porco, foi uma façanha tão escondidinha e imprevisível que nem deu tempo de evitar o quase enfarte da dona Nelma. É que para implicar com ela, uma serelepe de uma larvinha veio dar o ar da graça pelo chão da nossa cozinha.

Eu, indiferente às manifestações domésticas como sou, encarei o fenômeno com uma larva de alface revolucionária que pulou do seu habitat para tentar a vida num mundo melhor: a cozinha de um humano. Coitada! Tomou um banho de álcool assim que foi vista.

Mas mamãe, mais experiente no assunto ‘casa’ do que eu, começa a ficar amarela. Nem adiantava falar da minha teoria da alface, porque naquele dia, não havia alface lá em casa. Numa atitude corajosa, aquela brava mulher inicia uma tarefa assustadora de arrancar em tempo recorde tudo que estava acomodado no armário da cozinha. O que ela procurava? Os pais daquela larvinha insignificante. Ela tinha uma certeza imensa de que algo errado estava acontecendo em sua cozinha!

Pratos, talheres, lata de arroz, escorredor de macarrão e tudo o mais espalhado pela cozinha. Nada de encontrar um foco justificável para um desenvolvimento larvesco.
Quando tudo parecia insolucionável... bem ali, pertinho da larva primeira afogada no álcool, duas larvas se aproximavam. Seriam os pais em luto pela larvinha morta? Hehe! Minha mãe ficou verde!

E num súbito de raiva, a mulher virou o fogão de cabeça para baixo, revirou a máquina de lavar roupa e... Nada! Desesperada tadinha, ela olha para o canto da área de serviço (conjugada com a cozinha) e vê uma fileirinha de larvas recém convocadas para o velório das outras três que morreram no álcool. Batata! Elas se escondiam ali! Mas ali onde? E o que existia ali para que elas surgissem?

No meio de mangueira, bicicleta, sapatos velhos, tapete em desuso, estava o arsenal de pesca do papai. Aí tem coisa! E tinha. Dentro de um saco escuro, a mãe descobre que o homem dela estava criando isca de pesca dentro de uma caixeta cheia de laranja podre. Ele estava criando larvas dentro de um apartamento! Pode?

Gente! Vocês tinham que ver o exagero dessa mulher chorar. Ela ficou branca! E sentou na sala molinha quase desmaiando. A única coisa que conseguia pronunciar: “Ah que desgosto!”. E chorava, chorava, parecendo criança. Eu devo ser uma insensível porque não me agüentei de tanto rir! É que me lembrei daquela cena de um elefante com medo de uma formiga. Não que a minha mãe seja um elefante ou o medo dela seja de formiga. Mas a fragilidade de um ser grande diante de um ser pequeno era a mesma!

Sábia e equilibrada, sempre sou a provedora de soluções aqui em casa. Mexo uma aguinha com açúcar e ligo para o meu pai. Ele quem sujou, ele quem limpe. Cueca suja é bem diferente de caixa de laranja podre cheia de larva. Não conseguiria limpar aquilo para ele. Ugh!

Papai depois de limpar tudo e prometer para minha mãe que ia jogar fora o criadouro de larvas bem longe da casa dela, me chamou no cantinho com o malfadado saco preto na mão e disse: “Leva isso para garagem! Lá, ela (a sua mãe) não vai atrapalhar o negócio.”

Negócio? Será que aquilo era para ser lucrativo?
O fato é que confio no meu pai e, de uma forma ou de outra, me tornei sócia e cúmplice dele nesse negócio. As intenções são de expandir o criadouro de larvas. Elas crescem de vento em polpa! O quilo delas é um real e se você não pesca, disponibilizamos exemplares únicos de larvas serelepes para assustar MÃES!

sábado, 13 de setembro de 2008

Eternidades da Semana.

União do caranguejo.

Um amigo da faculdade me mandou 50 posições do Kamasutra em slides. O pouco que sei do assunto é que são 100 posições. Acho que ele mandou só 50 para amenizar o efeito sobre a pessoa que vos escreve.

Foi assim. Ele me mandou o material por e-mail e deixou o recadinho:
“Lê e depois me fala o que achou de algumas.”

Ele quem pediu. E comentei algumas posições, só que no Orkut aberto dele. Kkkkk! Sem noção.
Para piorar (ou melhorar) as coisas, o moço me deixou uma bronca por depoimento, reclamando que a namorada dele podia ter visto.

Santa hipocrisia!

Sobre as posições, o mais criativo é o nome delas: ‘A postura da Árvore de fruto’, ‘A postura das Colheres’, ‘A união da Abelha’.
De ‘União’ tem um monte, ‘União do Tigre’, da Rã, da Águia, do Caranguejo, do Escorpião, da Tartaruga. Eu na minha gloriosa inocência e percepção artística, tentei achar uma relação entre formato das duas pessoas com o nome da posição. Tentativa frustrante porque não encontrei nenhum caranguejo ou escorpião naquilo.

Quem quiser o material é só deixar o e-mail em comentário que envio. Tem figurinhas (ilustrações), vantagens e desvantagens da posição. Mas para efeito de reduzir as expectativas, não tem nada de tartaruga, águia ou rã ok?
Ética é tudo!
Mariana: E qual foi a sua maior nota semestre passado ?
Robson: Em Ética, fiquei com 100.
Dani: Seu professor era fulano? Porque tive de colar na prova dele para passar.
Robson: Era esse mesmo! É que sou um cara ético, não tive dificuldades.
Bolhas e pupilões.
Saio eu numa manhã de uma quarta feira ensolarada para uma consulta oftalmológica! Resolvo ir de pé, já que depois de uma consulta no oculista pouco se enxerga para poder dirigir. Pus uma bitelusca de uma sandália verde de plástico para percorrer 25 quarteirões! (da minha casa ao consultório). Acertou quem previu o aparecimento de oito bolhas em cada pé já no vigésimo quarteirão!

Consegui completar os outros cinco quarteirões. No consultório médico fiz questão de enojar o oftalmologista por entrar no escritório dele descalça com um pé cheio de pelinha e pus.
Saibam vocês que oftalmologista é médico fresco que gosta de ver o menos de sangue possível. E meu pé estava quase jorrando tufos de sangue! Hehehe. Resultado: Não foi uma consulta legal, porque o médico dos óio não tirou os óio dele do meu pé. Acho que ele receitou três graus para o meu pé direito e dois e meio para o esquerdo!

O meu oftalmologista é um cara sem esportiva. Para se vingar de eu ter enxugado o pus no carpete do consultório dele, me deixou ir embora sobre o efeito do potente colírio dilatador de pupilas! Pupila é a bolinha preta do olho, que no gato é assim olha: () . Ela regula a luminosidade que entra na sua retina. Enfim, estava eu na rua com os pés dilacerados e os óinho pretinho e cego que dava dó! Nunca odiei tanto um dia iluminado!

Pensei em chamar o Chapolin Colorado, mas nem ele apareceu numa hora dessas. A passos de tartaruga e recalçando a sandália (porque antes um pé machucado que um pé com tétano!) fui caminhando e cantando e seguindo a canção, para um lugar escuro onde os meus pupilões seriam úteis. Ah como nesse momento eu queria ter um real no bolso para comprar band-aid! Melhor! Dez reais para comprar um sandalinha da Norma Lopes!

Em momento de total desespero, já desistindo de prosseguir com qualquer passo que fosse, encontro, nada mais nada menos, que São Cochise! Usuário de óculo, compreendedor do que é uma pupila dilatada, homem generoso, que anda com 1 real no bolso e é desapegado de dinheiro; Cochise num ato de bondade imensa, me guia até uma farmácia e me arranja os malfadados band-aids.

Eu recapo meus pés, despeço do Chapolin Cochise e caminho até o primeiro orelhão para requerer um guincho que me leve até minha casa.

Moral da história: Quem tem amigo, tem band-aid!

Foto da maldita!

“Qualquer coisa que se mova é um alvo”.

Essa postagem vem inaugurar um quadro no ‘Chuva de Containers’: O Eternidades da Semana. Advém de uma necessidade de manter fiéis meus leitores a esse blog, tornando mais freqüentes os textos por aqui. É que sofro da crise de Marcelo ao cobrar de mais de mim e exigir muito dos meus posts. Acaba que não escrevo tudo que queria, simplesmente porque o assunto não rende um texto bonitinho, engraçadinho, com início, meio e fim.

Dessa forma, O Eternidades da Semana virá lhes apresentar os meus eventos picados da semana. Não é um diário! Eu não hei de comentar se a minha bosta boiou ou não! Aliás, é quase sempre diarréia! E para Mariana Martins as fezes ainda devem estar cheias de micróbios dançando bolero, bem como outros fazendo bunda lelê dentro do vaso sanitário. Tudo é sempre bem mais do que podemos esperar!

Aumento, mas não invento! O importante é que vocês continuam a ter as crônicas de sempre. O que muda é apenas o acréscimo desse espaço que me sentirei mais a vontade para postar um pouco das minhas alegrias ocasionais.

sábado, 30 de agosto de 2008

O Ligador, a Camioneta e a Chuva de Granizo.

Hoje, dia trinta de agosto, eu Mariana Martins me fudi (na verdade quase). Desculpa o desconcerto que a palavra destacada remete você leitor, mas é que uma pessoa recém-fudida não liga muito para cerimônias.

Acontece que ao começar o dia de hoje, fiz uma oraçãosinha básica e um pedido nem um pouco normal. Eu pedi: “Papai do céu me livra dos homens que só querem saber de sexo, cessa um pouco esse assédio masculino na minha vida e me mostra um macho descente para me ajudar a comprar uma camionete cabine dupla. Manda um sinal aqui na Terra paisinho! Se o homem certo for o Zé, manda um terremoto. Se for o João manda um maremoto. Se for o Teobaldo, manda uma chuva de pedra.”

Sim, eu sei que eu não ia receber sinal nenhum do céu. Inventei essas coisas impossíveis justamente para não receber resposta nenhuma, já que resposta nenhuma significava eu ter de esquecer qualquer ser com balangandam entre as pernas.

Mas Gente! Hoje choveu pedra em Divinópolis (Mg)! Eu nunca vi um troço desse aqui e até arrepio de pensar! Foi granizo dos grandes e a área de claridade do meu apartamento ficou quinze centímetros atolada em gelo!

Desespero Total! O fenômeno natural indica que o Teobaldo foi o escolhido! E a parte que eu me fodo é que o Teobaldo é o mais inapropriado dos gentlemans que se candidatam ou são cotados a posar do meu lado na sociedade.

Sim, O Teobaldo é lindo, altão, moreno, barbudo, fica bem de amarelo e tem um fusquinha. Mas tem namorada. E não foi o Teobaldo que me ligou depois da chuva de granizo perguntando se eu estava bem. Preocupado se eu estava na rua andando de carro no momento que a chuva ocorreu.

A Chuva de Pedras foi como um daqueles casamentos arranjados sabe? E pior de tudo, um casamento arranjado por uma divindade! Para superar o desespero de ter sido predestinada ao Teobaldo, meu pai arrumou uma brecha para a angústia da madame que vos escreve.

O meu pai é um ‘Ligador’. Desses que tem um monte de bônus sobrando no celular e os aproveitam ao máximo. Depois do fenômeno da chuva ele pegou seu celular e foi fazer um rastreamento dos efeitos do gelo sobre a moradia dos parentes. Resultados constatados: Um primo quebrou a clavícula porque escorregou da moto, o telhado da varanda da minha avó desabou, a sala da minha tia alagou e o carro da minha dindinha levou porrada de quilos e quilos de pedra.
Mas o detalhe interessante está na pergunta que ele fazia aos parentes: “Nevou aí?”

É isso! Foi neve! E ai de quem discordar comigo! O liquidificador que pica os gelos no céu de Divinópolis para formar neve estava inativo há um bom tempo e não funcionou. Mas a intenção dos céus era neve e isso é o que importa.
O fato é que nevar não sinalizava nenhum macho apropriado. As divindades dizem que não preciso de um homem para comprar uma Hilux. O problema é que hei de precisar de um para lembrar de ligar para mim e perguntar se estou bem depois de uma chuva de pedras!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Como ganhar quinze mil reais?

Pegue uma lata de leite Moça e faça dois furinhos nela. Delicadamente, despeje um pouco do produto num recipiente para dar a impressão de que você consumiu o leite condensado. Depois, vá até o cantinho do seu guarda roupas, pegue um daqueles casulinhos pretos de baratas (ooteca, é onde ela põe os ovos). Cuidadosamente com uma pinça dessas de fazer o suvaco, abra o casulo e retire alguns ovinhos de baratinhas. Agora é só colocar dentro do leite condensado, esperar crescer um baratão dentro da lata. O próximo passo é procurar o serviço de proteção ao consumidor (PROCON) e se queixar de que a Nestlé anda fabricando Leite condesado com baratas.

(Detalhe importante: Se a pinça estiver suja de cabelo é melhor ainda. Acuse a Nestlé de fabricar leite Moça com barata e com cabelo! Hehehe)

Assim (ou não bem desse jeito) um guarda municipal de Uberaba conseguiu uma indenização de 15 mil reais da Nestlé. Ele conta que estava bebendo o leite condensado da própria lata por um dos furos quando foi surpreendido por “um objeto estranho de cor escura” obstruindo a saída do produto. Quase que ele confunde a barata com chocolate, mas por infortúnio da Nestlé o consumidor identificou o inseto e meteu (oua!) processo na empresa.

A história saiu no jornal Estado de Minas semana passada. A reportagem oline vocês podem acompanhar clicando bem aqui.

Se você leitor tiver achado difícil fazer o criadouro de baratas, vai aí outras dicas a exemplo de outras indenizações que essa mesma reportagem diz terem sido pagas para alguns consumidores. Eis a estranhices e os respectivos valores das indenizações:

Largatixa dentro de lingüiça rendeu seis mil e quinhentos reais.
Croissant mofado, um mil reais.
Pirulito com formiga deu sete mil e seiscentos reais para uma dona de casa.
Largata em barra de cereais, seis mil reais.
Larva em chocolate, três mil reais.
Cabelo na coxinha, um mil e quinhentos.

Pronto. Você que está na pitimba. Assaltando o mendigo para comprar balas! Seus problemas acabaram!
Pegue uma coisa nojenta e adapte numa comida. Com um bom advogado você pode ficar rico!
E se lembre de pagar royalties a mim!

domingo, 3 de agosto de 2008

A cor do céu quando a galinha d’angola morrer.


O divinopolitano Cochise inventou (ou copiou) um termo muito atraente em uma das suas últimas postagens: “Pavonice”. Ele próprio conceitua a palavrinha como um termo para definir a necessidade dos humanos de se exibirem como um pavão. Seja participando do Big Brother Brasil, seja montando uma banda, seja blogando textos inusitados para que muitas pessoas leiam.

Existe uma coisa que me agrada muito fazer como blogueira! É ser uma galinha d’angola e roubar as penas de um pavão para fingir que sou um. É só uma forma de dizer que adoro comentar a literatura alheia, já que quando descubro alguma coisa interessante nos livros e posto nesse blog, me sinto de posse daquilo.

E as penas pavonescas que roubo dessa vez é coisa linda de se ver e ler! Ironicamente ou não, elas vêm de um livro com nome sugestivo: ‘A menina que roubava livros’ - (Markus Zuzak).
Assim como as penas de pavão, o que roubei desse livro vem recheado de muitas cores!

O livro deve ser conhecido por muita gente, já que esteve (ou ainda está) na lista dos livros mais vendidos da revista Veja. Mas confesso que o quê me levou a lê-lo foi o nome e não propaganda em si.

Bem, vamos às CORES que cheguei a espremer dele.
Imaginem vocês A Morte. É A Morte, aquela que mata (Kkkkk!). Pois é, A Morte é a narradora do livro.

Só por aí eu já comecei a me apaixonar pela obra. É que sempre gostei da personagem Morte na Turma da Mônica nas histórias do Penadinho. Com uma foice pontiaguda e capuz preto. É fantástico admitir feições humanas para ela. Algo debochado e avesso!
E a Morte narradora do livro supradito é assim também debochada e avessa. Sensível! Por que não? E o maior talento desse personagem-narrador que vos apresento é exatamente a sensibilidade. A Morte do livro escolhe a COR do céu para o momento em que deve levar uma pessoa consigo. O que quer dizer que, quando eu ou você morrer, o céu vai ter uma cor que foi criteriosamente escolhida pela Morte.

Segue a explicação extraída logo do iniciozinho do livro: (Lembrando que é a Morte quem vai conversar com você agora!)

MORTE E CHOCOLATE

Primeiro, as cores. Depois, os humanos. Em geral, é assim que vejo as coisas. Ou, pelo menos, é o que tento.

• EIS UM PEQUENO FATO •
Você vai morrer.


Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.

• REAÇÃO AO FATO SUPRACITADO •

Isso preocupa você?
Insisto — não tenha medo.
Sou tudo, menos injusta.
— E claro, uma apresentação.
Um começo.
Onde estão meus bons modos?

Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente.

(...)

A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?
Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo no espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar.

• UMA PEQUENA TEORIA •
As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa.
Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes.
Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.



A Senhorita Morte não explica porque o céu tem cores. Mas posso afirmar que vêm das penas de pavão que ela já levou.
A minha dúvida é saber se como galinha d’angola eu acrescentarei alguma cor ao céu.

domingo, 27 de julho de 2008

Espalhando água.

Clicou, ampliou! É só ler!

Olha o jacarezinho!

Caraca! Que zica pairou sobre mim essa semana! Não postei necas pitibiribas porque fiquei emocionalmente abalada com a falta da minha mãe e por uma descoberta terrível que tive (a descoberta terrível eu conto numa próxima postagem ainda essa semana).

A questão é a seguinte. Meu pai levou minha mãe para pescar durante sete dias! Sete Dias! UMA SEMANA! (para ser mais precisa).
Tinha tudo para ser algo romântico e chique para um casal, porque a pescaria não era num córregusinho qualquer, mas no Rio São Franscico oras! ‘Lugar da elite pescadora!’, como minha própria mamãe definiu.

E qual o problema nisso tudo? (Devem estar vocês leitores se perguntando). Eu respondo e já lhes adianto que o problema não foi só um, mas vários! Variando do ponto psicoanalítico ao psicoegoístico.

O ponto psicoanalítico é que 70% das mulheres (vou escrever um almanaque com as minhas estatísticas) não gostam de pescar. Minha mãe é uma delas. Ela foi arrastada, tipo isso: (mas é que o cabelo dela é um pouquinho menor).


O ponto psicociumístico é que eu faço parte dos 30% de mulheres que gostam de pescar. E o meu pai não me levou! Levou minha mãe e me esqueceu aqui! Tudo bem que eu estou trabalhando e não poderia ir, mas e aquela promessa de ir ao Pantanal nas férias de julho de 2008? (Ein pai? Estou perguntando!) São Francisco já ia ser tão bom! (Ah nem mesmo!)

Mas já que o troglodita do meu pai iria sem mim de qualquer jeito, custava a ele ter deixado a minha mãe aqui?
E aí entra o ponto psicoegoístico. O Sr. Meu Pai largou eu e a minha irmã aqui. SO-ZI-NHAS! Sem mamãe eu fiquei sem café, sem comida magicamente temperada, sem conselhos de como evitar homens abusados, sem leite quente antes de ir trabalhar, sem despertador para acordar, sem cabeleireira (estou com um queimadão de chapa no pescoço!)... EU FIQUEI SEM MÃE ORAS!

A raiva era tanta, que roguei uma praga para que um jacaré levasse o dedão do pé do meu pai. Mas como o homem não estava era no Pantanal, confabulei que não seria nada mal o papi ser transposto junto ao Rio São Francisco para o Nordeste.

Não tocassem na minha mãe! Eu realmente preciso muito dela!

Meu pai pescando!

* As ilutrações são de tirinhas do Fernando Gonçales.

domingo, 13 de julho de 2008

Ninguém merece esse texto!

Eu tinha tudo para passar minhas férias em paz, não fosse a complacência dilacerada de Felipe Lacerda e a leitura sobre a vida do totalmente estranho pintor: Salvador Dalí.

Eu andei descobrindo que o Felipe e o Dalí são EMO! E antes que ele (o Felipe) venha com uma verborragia para me xingar, que ele entenda que essa é apenas a minha definição para pessoas sensíveis ao extremo. Definição para pessoas que conseguem chamar a atenção por suas esquisitices e fazem questão disso.

Mas esse texto é sobre o Dalí e não sobre o Felipe (Catzo!).

Eu continuo lendo ‘A vida das musas’ e não bastasse me contaminar com aquela história de coruja com fezes, encontrei outras idéias fantásticas no livro!
Na verdade, o livro cita trechos de uma autobiografia: ‘A vida secreta de Salvador Dalí’ (um livro certo na minha lista de compras!).

O primeiro trecho (pag. 249) é um manual para a criança introspectiva poder chamar a atenção dos coleguinhas na escola. (Certeza que o Felipe já fez isso!)

Sendo uma criança tímida, Salvador Dalí ansiava por atenção. Na escola ele descobrira, acidentalmente, o quanto jogar-se escada abaixo aumentava sua reputação.

Dalí em seu livro: Eu me joguei do alto da escadaria durante o segundo intervalo do recreio, bem no momento em que a animação no pátio estava no auge (...). Antes de me despencar lá de cima, lancei um grito agudo para que todos olhassem para mim (...). Aquilo foi um estímulo e tanto para que todos olhassem para mim (...). Aquilo foi um estímulo e tanto para continuar, e de tempos em tempos eu repetia a minha queda. A cada vez que eu ia descer a escada, havia grande expectativa. Será que ele vai se jogar, ou será que não? Qual era a vantagem de em comportar pacata e normalmente quando percebia que centenas de olhos estavam ansiosamente me devorando?

O segundo trecho (pág. 250) explica as razões de Dalí para pintar relógios derretidos.
Tudo ligado ao mais piegas sentimento de todos os tempos: AMOR.


Como me vestir, como descer uma escada sem cair 36 vezes, como não perder continuamente o nosso dinheiro, como comer sem jogar o osso de galinha no teto, como reconhecer nossos inimigos (...). Gala (esposa e amante dele), com a saliva petrificante de sua devoção fanática, conseguiu construir para mim uma concha para proteger a nudez vulnerável do ermitão que eu era, de modo que, em relação ao mundo exterior, eu assumia mais e mais a aparência de uma fortaleza, enquanto dentro de mim seguia amadurecendo na maciez, e na supermaciez. E no dia em que resolvi pintar relógios, eu os pintei macios.

(Conclusão para leitores que não fazem idéia de quem seja e nem querer saber quem é Felipe Lacerda)

Tão romântico isso, não é? Quando eu me apaixonar, vou arriscar escrever textos derretidos neste blog. Não queiram saber no que vai dar!

(Conclusão para o Felipe)

Antes relógios ou textos macios que duendes cor de rosa!

Eu mato o sapo e mostro o pau!

Esse vídeo é um estudo da anatomia de anfíbios. Ocorreu em uma aula de Zoologia de vertebrados na minha faculdade. A corajosa que abriu o bichinho foi eu. O áudio está ruim, mas o reproduzi logo em baixo.

A foto já fez sucesso e espero que o vídeo também faça.

Enjoy!

Professora: Abre e não faz mais nada não!
Emanuelle: Ele é molinho!
Voz sem identificação: A Mariana também abrindo isso...
Mariana: Ai que delícia!
Vanderlaine: Delícia?
Mariana: Tão gostoso abrir isso!
Cairo: Ali gente! Pára!
Mariana: Ui!
Voz não identificada: Olha a perna!
Cairo: Ele tá mexendo a perninha... Ali o coração dele batendo!
Vanderlaine: Ele tá morto!
Outra voz: Ele tá morto!
Taty: Ela (a professora) falou que ele faz de tá morto.
Cairo: Ela falou que o coração dele fica batendo.
Professora: Já abriram?
Cairo: Ah é p’ra abrir até a boca, só isso... Imagina se o sapo pula e sai voando tripa?
Vanderlaine: Nussa senhora!
Professora: Agora gente... Pára aí um pouquinho Mariana! Só um minutinho. Tira o chumaço de éter e abre a boquinha para vocês verem por dentro.
Cairo: Pode tirar o chumaço?
Professora: Pode tirar.
Mariana: Na boca do sapo.
Todos: Ahg! Ugh! Ahgh! Ugh!
Professora: Pega a língua e tira.
Todos: Ahg! Ugh! Ahgh! Ugh!
Cairo: Alguém se candidata a provar?
Vanderlaine: Não.
Emanuelle: Pára Cairo!
Simone: Aqui a língua dele.
Professora: Tem dois buraquinhos no céu da boca. No céu da boca...
Voz sem identificação: Que nojo!
Emanuelle: Sapo é muito nojento!
Professora: ... São duas cóanas, comunicação da narina com o céu da boca, tá?
Um outro detalhe...
Mariana: Cadê? Narina com o céu da boca... Dois buraquinho aqui oh!
Cairo: Agora mesmo as tripa cai.
Pedro: Mostra aí para mim!
Voz sem identificação: Deixa eu ver?
Mariana: Aqui oh, tá vendo? Dois buraquinho aqui oh.
Voz sem identificação: Deixa eu ver? Vira para cá Mariana?
Tamara: Mariana, você vai jogar os resto dele aí.
Cairo: Olha o sapo que tá ali em cima.
Mariana: Aqui oh! Coanas aqui oh! Dois buraquinho na frente. A língua aqui oh! Muco, muco, aquess muco! kkk
Cairo: Gente vocês estão matando um príncipe!
Mariana: Mucosa e submucosa.
Professora: ... Ouvido médio tá certo?
Mariana: Sei onde que é o ouvido médio não.
Cairo: Cadê o ouvido médio? Olha o coração dele batendo, péra aí Andréia (professora)!
Mariana: Cadê coração dele?
Cairo: Aqui o coração oh, olha! Olha!
Todos: O Coraçããããããoooo!!!!
Nayane: Tá mesmo!
Raquel: Tadinho!
Os que estavam morrendo de nojo: Ouuhhhhhg!
Professora: Depois vocês lipem a mesa que a turma do sexto período vai vim pra cá.
Mariana: Péra aí!
Professora: Agora observa a pele dele por dentro.
Cairo: Cadê o ouvido dele? Péra aí. Onde tá o ouvido coisinha... oh Andrea (professora)?
Voz: Tá batendo!
Cairo: Andréa?
Emanuelle: Gente o coração dele tá batendo!
Voz: Ah!
Cairo: Por isso que tá falando: meu coração por ti bate como caroço de abacate.
Voz: Cadê o ouvido dele?
Professora: Mostra p’ro Cairo aí a membrana timpânica.
Mariana: Gente olha comigo, só um minutinho o coração batendo, tá mais interessante!
...
Mariana: Aqui oh, tira a pasta.
Professora: Tem uma cartilagem que protege o peito tá? Protege.
Vanderlaine: Cadê? Cadê o negócio do tímpano?
Mariana: Tira a foto do coração batendo?
Vanderlaine: Tô filmando.
Mariana: Tá?
Vanderlaine: Tô.
Mariana: Que que é a membrana timpânica?
Emanuelle: Gente alá!
Mariana: Abri então. Que nojo!
Cairo: Não abre mais não!
Mariana: Aqui, essa aqui deve ser a virilha né?
Kkk!
Cairo: Olha, depenou ele... cadê isso aqui que ela (professora) falou que é vascularizado aqui? Levanta esse troço para ver o que é vascularizado.
Emanuelle: Nossa olha!
Cairo: Olha aqui que tanto de vaso!
Voz: Deixa eu ver? Deixa eu ver?!
Mariana: Péra aí, vô bota... põe a a a bandeja do lado de lá pra eu colocar pro ceis aí ver.
Cairo: Cadê a membrana timpânica Andréia?
Mariana: Cadê a membrana timpânica Andréia?
Cairo: Péra aí Mariana... Deixa eu ver?
Mariana: Uma minhoquinha faz ginastiquinha, ela tá filmado e tô fazendo assim!
Cairo: Cadê Andréia a membrana timpânica?

domingo, 6 de julho de 2008

To be or not to be!


Todo blog tem um texto relacionado à 'crise existencial', eis o meu:

Ta aí! Eu queria me chamar Mulher Gata, ter sete vidas e morar na Suíça p’ra comer chocolate o dia inteiro!
A Mulher Gata casa com o Batman? (uhn... Acho que não!) Então eu não quero ser mais a Mulher Gata também não!

Eu quero morar na Índia e ter um elefante. Aí eu ia tirar carteira de dirigir elefante e ia andar pela Índia inteira!
Será que um elefante é muito caro? Eu posso montar um negócio de elefantes! Produzir elefantes ‘in vitro’ e comercializar na Índia. Já sei, vou montar uma auto-escola, melhor, uma elefanto-escola!
Mas xiiii! A gestação de um elefante é demoraaaada e eu vou ter que pagar gente para adestrar os bichinhos. Idéia sucumbida!

Já sei! Eu vou ser Mulher Melancia nos Estados Unidos. Até as bundas-murchas brasileiras como eu, têm protuberâncias melhores que as Americanas. Será que Mulher Melancia faz sucesso nos Estados Unidos?

Ah! Está decidido! Eu vou virar locutora de rodeio. Aí posso viajar para o exterior, conhecer o Texas. Solto meu cabelão castanho-escuro, ponho uma bota bico fino, chapéu branco, e vou lá p’ros bretes anunciar aqueles peão buniiiito que pula no lombo de boi brabo.
Ixi! Tenho medo de boi brabo!
___________________________________________________
Enquanto a decisão do 'o que vou ser quando crescer?' extrapola o alcance dos dedos, sigo aproveitando o presente. Sigo aproveitando estas belas férias!
Eu estou indo para a roça. Vou capinar para ver se as idéias sobrevivem. Respirar ar puro!
Até semana que vem!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Se beber, não tome água com carvão!

E o fim do meu período letivo da faculdade foi comemorado entre baldadas de Vodca e pagode improvisado. Tudo numa seletiva festa para as 50 pessoas do busão mais badalado de Itaúna: Transa Araújo! Essas festas acontecem no caminho Itaúna-Divinópolis (MG) e duram aproximadamente 1 hora. O tempo que a viagem dura. Tirando a bebida e a qualidade musical, a festa foi até boa! Mas aí vocês se perguntam: Tirando a bebida e o pagode, sobra o quê? E eu respondo. Sobra o SHOW! O ESPORTE! E a dica de como fugir do bafômetro!

Bebida alcoólica, para mim, e acredite, para mais de 60% da população, é algo saborosamente ruim. E mais! Todas essas pessoas trocariam cerveja por Coca-cola numa festa, se não fossem consideradas ‘gays’ ao fazer isso. Bebida alcoólica é fator socializante indissociável. Você, homem, bebe para parecer machão e para adquirir barriga também. Você, mulher, bebe para se aproximar dos homens pseudo-machões e para mostrar que igualdade de sexos, também remete a igualdade de barrigas.

Um fator interessante associado à barrig... ops bebida, é o aval que ela dá à criatividade, ao mico, à alegria, ao êxtase. A lógica injusta é a seguinte: Se você NÃO estiver bêbado, você NÃO tem justificativa para extravasar suas emoções, você NÃO tem justificativa para ser alegre. Se você bebeu, faça o que quiser porque a bebida justifica tudo.
O mais interessante é que esse aval não é necessariamente efeito da bebida no organismo, é efeito simplesmente da impressão de se estar bebendo. Por exemplo, faça o teste! Vá para uma festa e encha um copo de cerveja (porque é barato, se tiver dinheiro, compra whisky), dê umas duas goladas no copo. Fale com os amigos que você vai dar uma andada para ver se encontra alguém. Longe deles, jogue fora metade do copo. Volte com o copo para perto dos seus amigos e complete com mais cerveja. Depois, fale que vai ao banheiro, joga a cerveja toda no vaso sanitário e volte com o copo vazio (demore um tempo bom viu?). Encha o copo de novo, e pronto! Repetindo a seqüência mais umas duas vezes, você pode ser considerado tonto e, por isso, terá o direito de fazer o que quiser. Os seus amigos vão rir das suas palhaçadas sem te chamar de louco.

É meus caros! Bebida é algo retardado exatamente desse jeito!
Sem maiores rancores, voltemos à festinha do Transaraújo.
O SHOW da festa foi observar as manotas do povo julgo – bêbado. E o ESPORTE foi o ‘surf rodoviário’ (ou vocês acham que é fácil permanecer em pé num ônibus que se arrisca por curvas sinuosíssimas?). Mas, de fato, a combinação ‘ônibus balangando + bebida’ não faz muito bem mesmo não. Uma conversa, que prometia ser produtiva, surgiu no fundo ônibus e virou discussão entre todos da pequena festa.

Toinhão: É gente, agora a gente vai ter de maneirar com a bebida depois dessa lei nova do bafômetro!
Larissa: Maneirar só não. Parar de beber! Um copinho desses de Vodca já acusa no bafômetro sabiam?
Bianca: É, mas, fiquei sabendo que tem pessoas que já estão desenvolvendo um produto que você toma depois que bebe e consegue driblar o bafômetro.
Brazil: Um amigo meu falou que se a gente tomar água com carvão depois que bebe, não dá nada (no bafômetro) não.

Não daria nada mesmo não! Não se eu não tivesse ouvido esse disparate. Mas sou dedo-duro e transformo esse meu texto em denuncia de aviso para os policias: Voz de prisão para os com bafo de carvão também, ok? Kkkkk! Aos cientistas, desenvolvam rapidamente um detector de bafo de carvão!

P.S: Os nomes foram mudados para preservar a identidade dos referidos.

domingo, 22 de junho de 2008

Se a coruja não é d’aqui, é Dalí.

Se a coruja não é d'aqui...

Eu não devo ser normal mesmo não! Quem convive comigo no dia a dia cansa de falar isso. Mas hoje, excepcionalmente, faço questão de concordar com essas pessoas porque acabo de me definir como adoradora de tudo aquilo que é petecado (trapaiado ou qualquer outro sinônimo que preferirem).

Como tudo que é petecado é escória do senso comum, e como senso comum é a maioria normal, sou eu anormal.

Mas o quê de extremamente petecado me leva a escrever mais esse texto?

Bom, estou eu a ler um livro (aparentemente normal) de biografias: ‘A Vida das Musas’. Biografia é algo chato que fica mais chato ainda se é sobre alguém chato ou se quem lê é alguém chato. Mas se alguém tem o meu talento (pouco valorizado) de filtrar coisas que não prestam das mais monótonas ocasiões, ah!... Uma biografia pode ser um tesouro não lapidado!

Tudo bem! Eu sou boazinha e vou lapidar alguma coisa da biografia de Salvador Dalí. Sem cobrar nada!

Se você visualiza os quadros desse pintor, já cai para traz. O homem era um maluco de marca maior, tinha algum distúrbio de hipercriatividade e era COPRÓFILO (quem tem fascínio por fezes e excrementos).

Certa vez, Salvador foi se encontrar com um notável poeta da época: Éluard. Esse senhor era importante e Salvador devia manter total integridade nesse encontro. O que aconteceu ao vê-lo é narrado por um trecho extraído do ‘A Vida das Musas’ (pág. 244. Edição Única).

“Na presença de Éluard, Dalí foi magicamente curado dos ataques de riso histérico que o haviam perseguido durante anos e que recentemente tinham se tornado fonte de intensa preocupação para seu pai e sua irmã. Esses ataques tinham início quando imaginava uma coruja sentada na cabeça de quem estivesse conversando com ele – uma coruja que levava, em sua própria cabeça, um pedaço de cocô de Dalí. Com Éluard, ele se sentiu inexplicavelmente impedido de evocar a imagem que, de maneira inevitável, provocava-lhe o riso e teve de elevar sua fantasia para um outro nível. Dalí imaginava a coruja de cabeça para baixo, grudada com seu excremento na calçada – o que fez com que risse tanto que chegou a rolar no chão antes de poder continuar sua caminhada.”

... é Dalí.

Avidez por leitura mata e eu sou o exemplo vivo disso. Para quê fui ler isso?! Resultado: O meu grau de anormalidade está aumentando e já estou começando a ver coruja com fezes na cabeça de quem converso.

Podem mandar me internar!

sábado, 21 de junho de 2008

Eh pai!

De piadista aqui em casa bastaria eu, mas tem um monte!
Meu pai falou que a música de abertura da novela ‘A Favorita’ é Michael Jackson em tango. Kkkk! “É mole, mas trisca para ver o que acontece!” (Como já diz José Simão na Folha Ilustrada).
O meu velho é ainda mais engraçado quando tem crise de ciúmes. Ciúmes de mim, é claro! A primogênita dele! (Nuuu! Até estufei o peito para falar agora).
Essa semana meu plano de fundo da área de trabalho do computador foi essa foto aqui oh:

Clica na imagem para ampliar e salve-a se quiser!

Brad Pitt e alguns dos seus filhinhos adotivos! Chiquerrérrima neh é não meninas?
Meu pai não achou. Quando ele foi ligar o PC para jogar spider, viu a foto. Foi curto e grosso: Ou tira a foto ou eu te deserdo!

É! A coisa aqui em casa é na rédea curta.
Precisa falar da reação do dad quando o pedi para me levar no show do Latino (ontem, aqui em Divinópolis)?

Então eu vou contar. Primeiro ele veio com a história de que a gasolina tinha acabado. Aí eu falei para ele ir no meu carro. A desculpa posterior era de que ia ter tiroteio entre das facções rivais do bairro Niterói (um bairro periférico da cidade de Divinópolis, mas que não tem cara de ter facções rivais. Kkk!).

Mudar a foto do Brad Pitt é fácil, mas deixar de ir ao show do Latino não é não. Fiz papai me levar e ficar lá. Até arriscou dançar ‘festa no apê’. Leitores não se preocupem! Eu estou passando bem e não teve nenhum tiroteio no show. A autora está aqui vivinha para contar a história. E o Latino é realmente lindo! (Não mais que o meu pai).

sábado, 14 de junho de 2008

Filho de porca peidorreira!

Lugar: Oficina.
Ocasião: Eu precisava alinhar meu carro. Mais que isso, queria que fosse na minha frente para adquirir noção de como funciona.

Mecânico: ‘Pode deixar o seu carro aí que eu vou terminar aquele que está lá dentro e depois começo no seu. ’
Eu: ‘Você demora com o carro que está lá? Porque eu posso esperar. ’
Mecânico: ‘Não, mas eu vou almoçar depois de alinhar aquele carro e quando eu voltar é que eu vou mexer no seu carro. ’
Eu: ‘Volto um pouquinho mais tarde então, quero ver como funciona o alinhamento. ’
Mecânico: ‘ Você tem agulha e linha? Traz uma máquina de costura também.’
Eu: ‘FILHO DA PUTA!’ (Pensei, não falei. Estou praticando não-violência no trânsito, então só levantei o dedinho do meio para ele. Na verdade a reação foi sair cantando pneu... Ops! Com fusca não tem jeito de cantar pneu. Que merda!)

Resultado: Existem milzis oficinas na cidade. O coitado do mecânico não levou meu dinheiro e se a família dele passar fome, ele é quem vai ter de costurar para ganhar dinheiro. A praga foi rogada!

Desabafo: Otário! Filho de porca peidorreira! Brinquedinho de creche! Estrume de jegue! Escarro de bêbado! Parasita de intestino de sapo!

Estratégia: Nessas horas eu queria ter um daqueles brinquedinhos japoneses para filmar uma coisa dessas e meter processo!

Ai que raiva!

domingo, 8 de junho de 2008

Os cinco livros.

Meu parceiro blogueiro Cochise César me convidou para participar de uma corrente. Uma corrente de livros: Falar sobre cinco livros. Eu estou entregando meu ‘five list’ atrasada e peço desculpas antecipadas a ele.

É bom esclarecer que NÃO comento aqui os cinco melhores livros que já li pela minha vida. Escolhi simplesmente aqueles livros que tormentam minha cabecinha nos últimos dias.

Vamos a eles.

Terminei de ler no final de Abril...
‘O Rei do Inverno’ de Bernard Cornwell. Editora Record.

Narrativa clara e simples. Muito prazerosa! O livro reconta a história do lendário Rei Artur. Um rei que assim foi consagrado, mas nunca chegou a ser realmente um rei.
O legal do livro é que ele foi elaborado dentro de pesquisas reais do próprio autor. É uma invenção em cima de fragmentos reais que o autor encontra do período medieval.
As surpresas do livro são muitas. Por exemplo, Lancelot nunca foi um grande lutador. Lancelot apenas teria pagado os bardos (poetas que narravam artisticamente as guerras) para falarem bem de sua pessoa como bom lutador. Outra surpresa deliciosa é ler que Artur também cometeu loucuras por amor. E a protagonista dessa insanidade seria uma linda e ruiva mulher: Guinevere. Por causa dela Artur leva toda a antiga Britânia à guerra.
No pano de fundo da doce narrativa encontramos um amargo conflito entre o Politeísmo e a Religião Cristã. É brilhante a forma como o autor retrata essa transição da fé na Idade Média! Sem tomar partido em nenhuma das crenças, há passagens que o autor debocha do cristianismo, como quando Guinevere (adepta ao politeísmo) xinga o bispo Sansun (cristão) e fala que ele é um tolo por construir um templo para um Deus carpinteiro nascido num curral. A crítica ao politeísmo acontece quando um exército de homens barbudos não consegue, por medo dos Deuses, transpor uma barreira de feitiços infantis feitos pela personagem Nimue.
O livro pertence a uma trilogia. Tem 544 páginas, mas juro que quem ler nem vai ver elas se passarem.
Livro de cabeceira...
‘Toda Mafalda’. Quino. Editora Martins Fontes.

Dizem as más línguas que quem lê histórias em quadrinhos é gente preguiçosa que odeia livro. E o que diriam essas mesmas pessoas se elas vissem um livro em quadrinhos? Sim, 420 páginas! Isso mesmo! 420 páginas com 5 tirinhas cada! E a mágica maior da obra é que as tirinhas têm seqüência! A gente pode ler o livro como um dicionário (uma tirinha de cada vez) ou como uma obra na íntegra!
Sou super suspeita para falar da Mafalda. Sempre fui apaixonada por essa argentinazinha e desde quando a vi numa prova de português da quinta série, não consigo abandoná-la. Comprei esse livro quando recebi meu primeiro salário e é a coisa mais preciosa e carregada de ciúmes que possuo entre todas as minhas outras coisas. É isso mesmo! O tanto que vocês pensarem que eu sou tarada por ela... multipliquem por 100 vezes! É um amor tão incondicional que nem ligo quando ela resolve me xingar de estar lendo muita história em quadrinho:

Comprei na banca de promoção e estou lendo...
‘A vida das musas - Nove mulheres e os artistas que elas inspiraram’. Francine Prose. Editora Nova Fronteira.

Se eu tivesse vivido nas décadas passadas, com certeza eu era uma daquelas mulheres mal faladas pela sociedade. Não, eu não seria uma prostituta, mas eu usaria meus lindos cabelos castanho-escuros para seduzir um homem que tivesse poder. Como naquela época mulher não tinha voz, nada mais inteligente do que dominar as figuras masculinas que tinham. Talvez essa seja a apropriada tradução para a palavra ‘musa’: uma mulher que sabe fazer picadinho do coração masculino.
E quem são as nove mulheres e os nove homens importantes com corações picadinhos? São elas: 1 Yoko Ono e o seu beatle John Lennon; 2 Gala Dalí e o pintor Salvador Dalí; 3 Suzanne Farrell e coreógrafo de balés Balanchine; 4 Alice Liddell e o escritor Lewis Carroll que escreveu ‘Alice no País das Maravilhas’ em sua homenagem; 5 Lou Andreas Salomé e seus três afairs (o que modifica os números para 11 homens de coração picadinho!). São eles: os filósofos Nietzsche e Freud (Ela pegou os dois!) e o poeta Rilke; 6 Hester Thrale e o doutor Samuel Johnson; 7 Charis Weston e o fotógrafo Edward Weston; 8 Lee Miller e Man Ray (não conheço); 9 Elizabeth Siddal e o pintor Dante Gabriel Rossetti.
O livro é muito bom! Oscila entre partes românticas e partes picantes! Os detalhes em cada página envolvem o leitor a todo instante.
Como é uma leitura atual, futuramente posso postar trechos da obra para os ilustres leitores do ‘Chuva de Containers’.

quero comprar...

‘Guerra de Esperma’ de Robin Baker. Editora Record.

As partes que eu já li do livro me fizeram ter muito nojo! O livro é para quem tem estômago. Mas eu estou precisando de uma obra como essa para por de lado algumas caretices. O livro narra os pormenores do ato sexual. Segue a seguinte estrutura: O autor narra um episódio com direito a personagens e cenas muito picantes e detalhadas. Depois ele explica com naturalidade o fato cientificamente falando. Como a revista Veja também comenta: ‘Eis uma boa explicação para o sucesso do livro. As pessoas têm uma desculpa bastante consciente para comprá-lo -- vão ler páginas de alta voltagem erótica com a desculpa de que estão às voltas com um legítimo tratado científico.’
Leiam a crítica da Veja clicando aqui. Vocês todos vão ficar curiosos e sedentos pelo livro!

Baixei da internet e leio uma parte toda vez que ligo o computador e não tenho internet (ou seja, dia de semana)...
‘A Menina Que Roubava Livros’ de Markus Zusak. Editora Intrínseca.


Sim, eu confesso que comecei a ler o livro por causa do título e porque ele está na lista dos mais vendidos da Veja. Mas péra aí, também não me culpem! Se toda vez que eu agir por modismo eu descobrir um tesouro como foi o caso desse livro, quero seguir a moda sempre!
Sabe quem narra ele? A Morte. Ela muito boa escritora viu? E como. A história, em si, é simples. Narra a vida da menina Liesel Meminger na época da Alemanha nazista. O livro é bem escrito, poético, filosófico... é simplesmente lindo!
No início da história a Morte faz associação entre a ‘cor do céu’ e os momentos de ‘vida’ e ‘morte’. Essa passagem é só um aperitivo das futuras palavras que vão revirar todos os sentidos e todas as emoções dos leitores.