segunda-feira, 27 de julho de 2009

Beijão Furacão!

Olha só, falando sério agora. Se um dia eu me casar e o meu marido ficar benzinho p’ra lá, benzinho p’ra cá e abaixar a cabeça para tudo que eu falar, separo dele na hora. Um relacionamento é feito de brigas. Brigas são necessárias para que existam momentos de reconciliação.

Minha mãe, Sra. Nelma, e meu pai, Sr. Januário, estão juntos há mais de 20 anos e o tanto que esses dois se implicam não está escrito. As discussões se dão desde críticas sobre a forma como um e outro jogam Paciência (Spider) no computador, até discussões mais sérias, questionando - por exemplo - onde o outro foi, com quem o outro estava e por aí vai.

Meu pai não é muito de consertar coisas aqui em casa. Mesmo pequenos problemas - como um espelho que precisa ser pendurado na parede – se torna algo complicado de mais para ele. A minha mãe fica louca se tem alguma coisa para arrumar e o meu pai não resolve ou nem chama alguém para socorrer o problema. Para piorar a situação, o senhor meu pai ainda alfineta essa louca dona de casa - que é no que se transforma a dona Nelma nessas situações.

Há alguns meses atrás, a torneira da cozinha começou a vazar água por um problema na rosca ou na borracha vedante, razão que nem vem ao caso. Depois de reclamar horrores para meu pai na cozinha tadinho, a mamãe exigiu providência naquele momento. Sabe o que o Sr. Januário fez? Rancou cinco reais da carteira e falou assim: “Aqui oh! Chama o profissional para te ajudar!”. Lógico! No tom mais debochado possível, porque cinco reais mal dão para comprar um doce na esquina. Na verdade, não sei como ele não teve medo. Pelo que conheço a mãe, se ela estivesse de TPM, ela arrancava aquela torneira e jogava na cabeça de seu homem na hora!

Mas dona Nelma não desiste! Esses dias ela fez um pedido simples para o marido dela: Que ele calçasse direito a máquina de lavar roupas, pois estando em desnível com o solo produzia uma trepidação.

Vocês acham que ele fez alguma coisa?
Fez. Escreveu um bilhete e saiu de fininho.

“Nelma quando
você sair verifique a máquina de
lavar. Eu desliguei porque
eu senti algo estranho. Confesso
que fiquei com muito medo sai
sem olhar para traz. Se você tiver
consertado, você me liga.
Januário. Beijão Furacão!”

sábado, 18 de julho de 2009

Ontem.

É férias horas! Por um mês eu acordarei 11 horas com muito orgulho! O dia - para todos - devia funcionar a partir desse horário. E ainda sobra muito tempo para a gente estragar essa fração de 24 horas do tempo. Ontem eu repeti a rotina de casulo ambulante que assumia na minha adolescência. Não muito diferente, onze horas eu acordei. Abri os olhos, é melhor dizer. O processo de descer da cama demora mais outra hora. Nada de café, o almoço está pronto. “Marra esse cabelo para almoçar Mariana!” Minha mãe grita comigo. No espelho eu mesmo concluo: “Meu Deus que porcaria de juba!”. Antes de começar a pentear o cabelo, na privada, o meu mp3 – que já acorda na minha mão – resolve tocar Janis Joplin para mim. Perfeito! Com cabelo monstro que nem o dela que eu estava, eu nasci Janis nesse dia. Incorporei as profundezas de cada grito das músicas dela. E gente! Eu lembrava cada acorde, cada arrancada ganissada que a cantora dava em suas canções. Eu já quis ser Janis, e... na verdade, nem tem tanto tempo assim. Mudei foi nesses últimos dez meses, em que forças estranhas ocultas mataram a minha capacidade de me divertir sozinha e de fazer cover’s artísticos assim... do nada.

Pentear cabelo é uma coisa que eu não gosto. Você também odiaria se tivesse quase um quilo de cabelo na cabeça e de um tamanho enorme que quase alcança a bunda. Então, melhor coisa a se fazer é ir para o chuveiro, passar muito creme para pentear tudo e conseguir, enfim, aparecer em sociedade. A Janis interior murcha junto com a água que acalma os cabelos. Depois de resolvido o ‘hairproblem’, eu almocei. A minha mãe reclama de eu sempre almoçar em horas erradas, mas é que em Alfenas eu faço almoço só quando eu estou com fome. O que acho ser um procedimento honesto com o meu estômago que aceita qualquer tipo de comida, qualquer hora. Esse órgão se tornou uma figura safada do meu corpo que come por comer. O meu estômago nunca questiona se ele realmente está com vontade de comer e estarei trabalhando (gerúndio a la Betina Botox) para educá-lo nesse sentido. Diante da comida de mamãe é impossível resistir. A fome é falsa, o estômago continua safado. Vamos comer! A dieta, ou punição do meu estômago, eu início quando voltar para minha cidade universitária (Alfenas-MG). E essa fome de hoje não foi só para a comida da mamãe. Hoje eu decidi: Iria comer Divinópolis (MG)!

Por onde começar? Quem dividiria o banquete comigo?
Que nada! Assim como chocolate que é bom de comer sozinho - sem ninguém olhando ou desejando um pedaço precioso - eu gosto de apreciar minha cidade sozinha. E assim fiz. Na biblioteca pública, li um monte de crônicas atrasada da Takai no Estado de Minas. Depois desci alguns quarteirões para comer os 5 famosos pãos de queijo por 1 real da Dona Dica. Sentei no banco da Praça do Santuário e observei pessoas passarem apressadas e atrasadas. Há muito tempo não fazia isso! Em Divinópolis há ruas boas de andar, há calçadas elegantes, feito tapete vermelho que te deixam mais importante e até mais bonito. Eu gosto da Antônio Olímpio, da 21 de Abril e da Sete de Setembro em seus trechos centrais. Já a Primeiro de Junho é movimentada por gente sofrida de tanto trabalhar. Quando a gente passa por essa rua, lembra que a cidade não funciona só de coisas aprazíveis como pão de queijo e livros. Gente - de cara feia - demonstra estar cansada de pegar ônibus amarelinhos da Trancid. Será que se o ônibus ficasse cor rosa choque a Primeiro de Junho ficava mais otimista? Mudanças que logo se tornariam rotina.

Eu gosto da minha cidade. Nunca me preocupei em medir o quanto. Continuo não me preocupando. Só sinto. Hoje - morando, a maioria dos dias do ano, na nem tão ruim cidade universitária Alfenas (MG) - vejo como faz falta andar na rua e reencontrar olhares conhecidos. Em Divinópolis eu arrisco o olhar para dentro dos carros a procura de pessoas conhecidas, de amores conhecidos. E há lugares que trazem lembranças boas e há lugares que trazem lembranças ruins. Há degraus que sentei para namorar, há lojas que já comprei vestidos belíssimos na promoção. Eu sei achar tudo nesse lugar. Se me pedirem por uma rosca da parafuzeta, sei onde encontrar. Divinópolis é o terreiro do meu verdadeiro lar. É bom estar aqui!

A magia é minha.


Quarta feira, dia 15 de junho de 2009, três horas e meia da tarde. Sabe o que essa garota de vinte anos que vos escreve estava fazendo? Então, eu estava na fila do cinema comprando um concorridíssimo ingresso para ver o lançamento nacional de Harry Potter: O filme 6 da série. Isso depois de superar a frustrada derrota na tentativa de conseguir ingressos para a primeira sessão 00h01min, na madrugada de terça para quarta. Por desaforo, na primeira sessão do dia seguinte lá estava eu.

A fila tinha só crianças e adolescentes. Gente adulta e séria, mesmo fã da mágica história de J. K. Roling, não vai ao cinema 4 horas da tarde. Eu posso ser adulta, mas pessoa séria, nenhum um pouco. Por fim, lá estava Mariana com um pacote de pipoca na mão, enfrentando uma fila cheia de dobras e redobras. Tudo para assistir mais um episódio da bendita história que acompanhou a minha infância e adolescência. Não só a minha, de muitos outros.

Sinceramente, esse texto não é para adultos que nunca leram ao menos um livro ou que só viram os infantis filmes 1 e 2 de Harry Potter. Tem muito preconceito que surge contra esse best seller, tarjando-o como infantil - pela objetividade da linguagem - e até macabro. Engana-se quem pensa que a bruxaria da narrativa traz elementos de maldade. Há passagens nos livros que ainda reafirmam a importância de elementos como o Amor e a Amizade.

Uma história recheada de detalhes, de linguagem simples, com elementos que criam elos perfeitos entre os livros. Foi com Harry Potter que eu aprendi a ler, a viajar com a leitura. Foi com Harry Potter que a minha mente conseguiu ser melhor que qualquer super-produção Holliwodiana. Sim, este texto é de uma amante incondicional dessa fantástica literatura!

O primeiro livro eu li na sexta série (2000). Em três dias todas as páginas foram devoradas. E cadê? Acabou? Não tinha mais? Foi única coisa que, obcecada, procurei saber. Na época, se não me engane, o livro dois já existia. Em quatro dias o li. Depois, a rotina era esperar por todos os outros lançamentos com uma inquietude para saber o que aconteceria.

Mais livros veio. Os filmes começaram e a tara ficou dupla. Os potermaníacos só apareciam na sala de cinema para criticar que no filme tinha faltado isso, mudado aquilo. Nada que viesse da tela chegava aos pés do quê a mente de cada um que lia as obras antes criava.

O livro 6 - que inclusive é o que é retratado no filme que lançou essa semana – me fez chorar. Lembro direitinho o dia. Sentada no sofá da sala, a mamãe passa por mim para ir ao quarto e na hora que voltava para a cozinha ela se desperta por uma fungada. “Mariana! Você está chorando?!” perguntou. Estava mesmo. E pior, as lágrimas soltas molhavam as páginas do livro novinho do meu amigo que tinha tanto recomendo por cuidado.

Olha, eu sou chorona mesmo. Mas normalmente é filme e coisa triste real que me faz chorar. Agora, os textos e letras que fizeram brotar água dos meus olhos posso contar nos dedos de uma mão só. Definitivamente, a narração da morte de Dumbledore em Harry Potter foi uma dessas ocasiões.

Na quarta feira que se foi, me despi totalmente da armadura de mulher estudada, conhecedora de tantas outras literaturas consideradas úteis. Eu era uma criançona naquele dia, como todas as outras crianças ali da fila. E não deixaria de ser por nenhuma aparência que precisasse sustentar.

Enfim, mesmo conhecendo a história, sabendo do fim dela, mesmo decepcionada porque o filme não mostrava o velório de Dumbledore - com o Hagrid carregando o corpo enrolado num pano roxo estrelado e com o canto dos sereianos – estava lá, numa daquelas muitas poltronas vermelhas do CineRitz, chorando horrores no fim do filme.

sábado, 11 de julho de 2009

E eles? O que fazem com esses números?

O Mateus tem 10 anos. Ele é meu vizinho. Arteiro que nem ele, não existe! A sua mãe – mulher fraca, magra, mas brava na fé – põe o filho para rezar terços toda vez que ele faz alguma coisa errada. As penas variam de 1 a 3 terços. 1 terço para palavrões ditos e 3 terços, se ele arruma alguma briga de unha na rua. Essa é a regra da casa ao lado, mas na minha casa também se educa com números.

Eu moro num prédio onde também vive a família inteira por parte do papai. De primos, conto aproximadamente uns 10. Somos praticamente irmãos. 2 deles são rapazinhos, 17 e 19 anos. Idades de afloramento do instinto de safadeza masculina. O meu pai - nobre homem entendedor de finanças - chama os dois novos potenciais reprodutores da família para efetuar cálculos na mesa da cozinha. Calculadora sobre a mesa, o Rafa e o Carlos somaram, multiplicaram, fizeram suposições de inflação, juros simples, composto... e resultado: Um filho, até completar 18 anos, não fica por menos de 30 mil reais! Isso só com o pagamento mínimo da pensão, tirando consultas médicas extras e auxílio externo.

Resultado funcional: O Mateus parou com as agressões físicas e as agressões verbais ele anda fazendo baixinho. O Carlos falou que só vai pegar mulheres acima de 60 anos com afirmação de passagem pela menopausa.

O texto saiu meio Florbela Espanca, mas pode me espancar pela pretensão de ser essa poetisa.

Impressionante a capacidade que ela tem de matar as borboletas que se atrevem visitar o seu estômago.

É um medo sem igual do amor carnal.
Ninguém atravessa o limiar da boca naquele corpo.
A alma cautelosa permanece só,
a abraçar os amores infantis.

E cria príncipes pelo cheiro de um simples perfume.

Cria outros príncipes, simplesmente pela música que resolveu tocar de fundo em algum beijo.

Na pefumaria descobre a existência solitária de uma essência,
na rádio, a existência solitária de uma música,
no espelho, a existência solitária de uma princesa.

Quem é ela? Corto o meu pescoço e não conto quem é.

sábado, 4 de julho de 2009

Dolce & Gabbana & Mariana.

Olha só, em 20 anos de vida eu já fui muita coisa: Técnica em Eletricidade Industrial pelo Senai; Técnica em Eletrônica Industrial; Professora de Computação da primeira a oitava série; Professora de inglês; Professora de reforço; Protótipo de Bióloga; Professora de Biologia. Agora eu sou um protótipo de médica e seja o que Deus quiser!

Só que nessas minhas testadas (de bater com a testa) e esbarradas pela vida, teve uma coisa que eu comecei, não terminei, mas acho que teria futuro. A profissão de estilista.

Eu estudei numa escola Técnica que oferecia o curso de Vestuário concomitante ao Ensino Médio e comecei a fazer o curso. É que confecção é o forte da minha cidade (Divinópolis-MG) e formar costureira também. Seis meses se passaram e a diversidade de agulhas, linhas, máquinas e panos me estressaram bastante. Foi só começar as aulas de costura mesmo - que ensinava tipos de ponto e como usar máquina - que chutei o balde.

O fato é que a minha história pregressa indicava um talento para fazer roupas sem usar qualquer tipo de linha. Quadrados com dois furos para os braços.


Tudo tem suas justificativas. Então, lá vai as minhas justificativas.
Eu era criança, fêmea (ainda continuo fêmea), só ganhava bonequinhas nos aniversários. As amiguinhas só brincavam de bonequinhas e o jeito era se adequar às condições da sociedade infantil feminina. A sociedade infantil feminina da minha época - não muito diferente da que existe nos dias atuais - valorizava as esbeltas bonecas Barbies. Com o corpinho de modelo que todas tinham, a graça de brincar consistia em trocar a roupa da boneca, pentear o cabelo dela e levá-la para passear com o Bob (o boneco homem com topetinho estilo Elvis).

Roupa para Barbie eu comprava num bazar não muito perto de casa. Era 1 real cada vestido mais lindo! Assim como os meninos de hoje colecionam cards que vêm dentro dos chips de comer, eu colecionava roupas de Barbie. Arrumava cozinha para minha mãe para ganhar um real e comprar roupa de boneca. Algumas vestimentas a minha mãe costurava para mim e o guarda-roupas da Lady Suzy se tornava invejável.

Só que num desses acontecimentos brilhantes para uma criança (O aniversário, porque se ganha muitos presentes), eu ganhei uma boneca grávida - esbelta de qualquer forma - mas que tinha uma barriga removível e um bebê. Um bebê nu! Rsrs.

Não era de ficar fazendo partos toda hora nessa Barbie. Preferia ela sem barriga mesmo. Para vocês verem que não tem essa de talento precoce para Medicina em Mariana Martins. Só que uma coisa era problema nessa situação: O bebê, que eu não gostava de deixar dentro da barriga, não tinha roupa. Não se vendia roupa para ele no bazar. Então o jeito era pedir mamãe para costurar alguma coisa. Ela tinha pouco tempo e talento tadinha. Tomei uma iniciativa.

Agulha é um objeto indesejado nas mãos de qualquer criança. Sobrava tesourinha de ponta redonda e pano. Foi aí que desenvolvi a linha mais fantástica de todas: A de roupas sem costura. Na época, o baby da Barbie chegou a ter cerca de 50 peças no seu guarda roupas. Uma de cada cor! Cotom, Jeans, Xadrez, eram muitos os tecidos explorados. Hoje, enquanto arrumava alguns guardados antigos no meu guarda-roupas, só encontrei seis peças.

O bebê teve um fim trágico, que já narrei num outro texto nesse blog. Ele caiu no ralo do tanque de lavar roupa. Então os modelos da foto abaixo são brinquedos substitutos que o psicólogo me receitou comprar para sanar um trauma de infância.