Ataque terrorista, maremoto, vendaval, neve, terromoto, seca, redemoinho, erupção vulcânica, tsunami, chuva de mais, chuva de menos. Tudo isso sempre me pareceu produção holiwoodiana porque felizmente aconteceu bem longe do refúgio que é o meu lar. E quando qualquer desastre desses acontecia, era pela televisão que ficava sabendo de tudo, com direito a melhores imagens, gente chorando que nem em filmes, desgraça acontecendo que nem nos filmes.
A quantidade de desgraças foi se avolumando na TV e as cenas que trazem pessoas e mais pessoas morrendo e sofrendo são comuns. Tudo contribuiu pela minha insensibilidade às coisas ruins que acontecem no mundo.
Na madrugada do dia 17 para o dia 18 de dezembro, contudo, desgraça aconteceu bem perto da minha segura residência. A insensibilidade que ousava sustentar foi infelizmente quebrada por um monte de casas inundadas até o teto. E essas casas se distanciavam no máximo há quatro quarteirões da minha casa! A água do rio Itapecerica recebeu um volume de água grande por demais da leva de chuvas que aconteceu na região. Subiu quase sete metros além do leito normal do rio e inundou casas e edificações da população que vive às margens do rio e às margens do córrego Flecha que atravessa a cidade. A força e a quantidade de água nos rios interditaram quatro pontes da cidade. Ainda cerca de 200 mil habitantes ficaram sem água por cerca de três dias. Já que a estação de tratamento foi completamente inundada.
Enfim, é muito ruim ter de ver tragédia acontecer perto da gente para acreditar que elas acontecem. Eu peno em saber da fragilidade de todos nós diante das muitas intempéries que nos pegam de surpresa. O meu pedido para o papai Noel é que ele ajude as famílias a reconstruir os danos causados pela enchente e que ele proteja as árvores da minha rua contra qualquer coisa braba da natureza que possa impedir o aparecimento das flores amarelinhas da primavera.