quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Incrível Homem de Blusa Azul.

Nesse feriado, felizmente, não estive sozinha a esperar pelo telefonema de um banana qualquer que pudesse me fazer sentir desejada. Os bananas disponíveis na minha vida não são pessoas sérias e nem sempre raciocinam que num feriado a pobre garota dos containers precisa de carinho. Para o fim de todos os males e fadigas, o super-homem loiro adivinhou que eu precisava ser socorrida.

Olha, eu não escrevo nada nesse blog que explicite assim a minha vida amorosa não. Mesmo porque é uma vida múltipla e cheia de causos. Mas o homem da blusa azul merece esse texto, porque, afinal de contas, ele já escreveu muitos outros para mim no blog dele. É só uma retribuição. Esclareço isso porque a gente não tem absolutamente nada e dentro de poucos dias ele arruma mais uma namorada (que não é eu) para sanar as suas necessidades sexuais e abranger a sua coleção de 10 indivíduas. Inclusive, do final de samana para hoje, ele já até arrumou uma falsa ninfeta qualquer para transar.

Mas enfim, me desculpem os meus outros tantos amores existentes. Em todos os casos, vocês - nobres possuidores do meu coração - não escreveram nenhum texto ou carta de amor para mim, não é mesmo? E mesmo assim, ainda escrevo citações indiretas para todos no blog inteiro. E mesmo assim, ainda me encontro solteiríssima a procura de homens seja de camisa azul, verde ou vermelha, mas montados num cavalo branco. Repetindo, é só uma retribuição.

Superman, apesar de não poder te dizer "Te amo!" e apesar de não termos trocado oficialmente nada mais que beijos, eu reafirmo que não descarto a possibilidade de criar um filhinho junto com você. Você me completa em potencial criativo, como nenhum outro homem me completa. É bom fazer piadinhas sórdidas e negras e ter alguém para entender e rir comigo. É bom ouvir piadinhas negras suas superhomem! É bom conversar de história, matemática, astrofísica, astroquímica, astrobiologia, tudo ao mesmo tempo! É bom te propor usar a cuequinha box de zebra (corrige lá que no seu blog tá ‘vermelha’) do manequim da vitrine e ver que você fica todo sem jeito porque é magrelo de mais para caber dentro de uma delas. É bom dividir com você milkshake de alpiste, comidinha digna de dois passarinhos de mente fértil. É bom desenvolver elucubrações sobre a frustração sexual do homem sentado sozinho no balcão e enamorando uma Kaiser. É bom bagunçar seu cabelo e fantasiar estar pegando um Hansons. Foi bom ter um personal elogiator. Foi bom ter alguém não-orgulhoso para andar comigo num fusca, mesmo sendo o carro velhinho e a motorista uma recém-possuidora de carteira.

Foi especial te conhecer, é especial te conhecer.

E as cores no nosso arco-íris não se restringem a minha calça roxa e a sua blusa azul. Afinal, sempre existiram Duendes Cor de Rosa.

Foi desse jeito que tudo começou...
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Texto de 07 de Julho de 2008

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Homem de Blusa Azul:
... sou transportado para o meu Jardim High-Tech. Vocês já ouviram falar dele, é onde planto meus cadáveres.
Porém, dessa vez não foi um dos meus que vi brotar da terra. Não... Estava lá, estirado de bracinhos abertos e lingüinha pra fora como um siricate do Rei Leão, um maldito cadáver de Duende-Cor-De-Rosa. Essa praga que já tanto amaldiçoei por aqui, que tanto fuça em meus domínios, que tanto quis matar, trucidar, exorcizar, e que nada adiantou, esses escrotinhos do Angeli, essa merda que empesteia meus pastos verdejantes, um redundante e fosforescente Duende Cor De Rosa. Tava lá, mortinho, um cadáver de duende.
Eu que sempre quis matá-lo, vejam só, agora ao vê-lo ali, esticadinho feito uma lagartixa, sei lá, bateu um remorso disfarçado de peninha dele. Quase chorei, se em meu rosto houvesse lágrimas. Mas não há. Muita coisa falta em meu corpo.
E o Duende, fiédamãe, lá, todo durinho, olhando pra mim dois olhinhos vidrados.
...
Não, não... parece morte morrida mesmo, não morte matada. Sei lá.
Ia estender a mão pra pegá-lo, mas vieram então da terra, do fogo, da água e do ar, uma série de outros duendes, não só Cor De Rosa, mas de todas as cores. Ora essa, eles sempre se esconderam de mim, mexendo no meu jardim enquanto eu distraído jogava video-game. Agora estavam todos perfilados, vindo numa marcha fúnebre, bem frente a meu nariz.
Vieram, sem nem ao menos me notar ou fugir assustados de Mim-Gulliver, gigante na terra dos duendes. Esnobaram minha presença como poucos o fazem, apenas carregando o cadaverzinho do diminuto duende (olha o pleonasmo).
Ele tinha nome, esse pequeno Satan que por tanto tempo me atormentou? Se tinha não estava na lápide, que era apenas uma pedrinha lisa entre a violeta e o condomínio BE HAPPY, que construí com exímia arquitetura para as formiguinhas e continua desabitado, às traças, até hoje. Lá, num buraquinho de um palmo, enterraram o finado amigo, em sua roupinha de Peter Pan, sua pele rosa-bebê já até meio empalidecida. Enterraram lá aquele banquete pra meia dúzia de vermes. Se é que ao menos vermes habitam aquele condomínio. Tô realmente ofendido pelo condomínio, construí com o maior esmero, com visão panorâmica e tudo. Elevador de serviço e um besourão na portaria que me deu o maior preju no Ministério do Trabalho. Magoei mesmo, mas isso não vem ao caso. Vamos nos ater ao velório que prossegue sem muita cerimônia.
Deveria eu dizer alguma coisa, quem saber fazer uma oração?
Bah, não quero interromper nada. Parecem tão resolutos em seus rituais pagãos ali, sem caixão nem velas, só um buraquinho que mais parece um pila de bolinha de gude.
Queria dizer que já o conhecia de longa data, desde a inauguração desse jardim, que o diabinho me pentelha desde sempre com suas fuçações noturnas. Mas não disse nada, apenas aprecie em silêncio aquele ritual bonitinho e comovente.
Depois de cobrir o buraco com terra e meia colherzinha de adubo (do MEU adubo, que era para as cebolinhas!), plantaram encima uma linda florzinha azul, que até agora estou por entender onde eles conseguiram.
De noite, quando o ritual acabou e os duendes estavam mais uma vez escondidos sabe-se lá onde (o condomínio BE HAPPY, quem sabe?), eu fui lá e pratiquei uma heresia e uma blasfêmia ao mesmo tempo, movido pela curiosidade e não por qualquer outro ímpeto anárquico que eu venha a ter, deve-se entender. Fui lá e cavuquei a covinha com a ponta do dedão. E não havia mais nada lá, nem ossinhos nem vermes, nem roupinha de Peter Pan. Só a raiz da florzinha, que crescia forte apesar do curto prazo de tempo.
Então eu sentei, peguei meu velho e antológico saquinho de bolinhas de gude, e me puz a jogar, com a alegria de uma criança - uma por uma - naquele redondinho Pila que era um túmulo.
Saudades do meu Duende Cor De Rosa.

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Mariana, a mulher da calça roxa comentando:
...
Considerando o fato de que esse duende é uma praga miserável que surgiu no antigo Egito e era chamada de 'flor roxa que nasce no coração dos trouxas', ...informo que o Duende Rosa costuma fingir de morto. Se a língua dele ficar roxo-amarelada e estiver esturricado no chão (como pode ter sido o seu caso), é porque o bichinho fez cópula e vai ter filhinhos. A absorção da criatura pela terra é o processo de gestação. Florzinha azul é aviso de ‘não perturbe!’. Duende cor de rosa não conhece contraceptivo e tudo vira uma praga danada!
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6 comentários:

Mythus disse...

Esse negócio de amor é complicado pra caramba, não?

Pior que sempre que eu to perto de desistir alguém me aparece para convencer-me do contrário.

Anônimo disse...

Amor é uma bagunça.

Mas eu acho que encontrei o meu. De verdade. Tão bom ter alguém pra dormir do meu lado e nem achar ruim dos meus roncos e chutes à noite... Alguém que gosta da minha comida... Alguém que me escuta, que pelo menos tenta me entender...

Ai ai...

André Luiz Faria disse...

Hummm... :)
será que tem algum post direcionado a minha pessoa?

hehehehehe!

história romântica a gente ver por aqui!

super beijo

.ailton. disse...

há borboletas no estômago de alguém aqui?

Clark Kent disse...

A ninfeta foi só um conto. Ficção barata, tipo filme pornô. A parte da calça roxa foi verdade> E sobre tudo, fui ofendido mas to no lucro. Beiijo e paz. para o infinito e além, aquela coisa toda. Também não posso dizer te amo, mas acho que o cidadao ali tem razão. Tem borboletas demais no nosso estômago.

Clark, o quente (uau...) disse...

E para o seu governo, eu caibo sim naquela cuequinha.
Quer ver?