domingo, 3 de agosto de 2008

A cor do céu quando a galinha d’angola morrer.


O divinopolitano Cochise inventou (ou copiou) um termo muito atraente em uma das suas últimas postagens: “Pavonice”. Ele próprio conceitua a palavrinha como um termo para definir a necessidade dos humanos de se exibirem como um pavão. Seja participando do Big Brother Brasil, seja montando uma banda, seja blogando textos inusitados para que muitas pessoas leiam.

Existe uma coisa que me agrada muito fazer como blogueira! É ser uma galinha d’angola e roubar as penas de um pavão para fingir que sou um. É só uma forma de dizer que adoro comentar a literatura alheia, já que quando descubro alguma coisa interessante nos livros e posto nesse blog, me sinto de posse daquilo.

E as penas pavonescas que roubo dessa vez é coisa linda de se ver e ler! Ironicamente ou não, elas vêm de um livro com nome sugestivo: ‘A menina que roubava livros’ - (Markus Zuzak).
Assim como as penas de pavão, o que roubei desse livro vem recheado de muitas cores!

O livro deve ser conhecido por muita gente, já que esteve (ou ainda está) na lista dos livros mais vendidos da revista Veja. Mas confesso que o quê me levou a lê-lo foi o nome e não propaganda em si.

Bem, vamos às CORES que cheguei a espremer dele.
Imaginem vocês A Morte. É A Morte, aquela que mata (Kkkkk!). Pois é, A Morte é a narradora do livro.

Só por aí eu já comecei a me apaixonar pela obra. É que sempre gostei da personagem Morte na Turma da Mônica nas histórias do Penadinho. Com uma foice pontiaguda e capuz preto. É fantástico admitir feições humanas para ela. Algo debochado e avesso!
E a Morte narradora do livro supradito é assim também debochada e avessa. Sensível! Por que não? E o maior talento desse personagem-narrador que vos apresento é exatamente a sensibilidade. A Morte do livro escolhe a COR do céu para o momento em que deve levar uma pessoa consigo. O que quer dizer que, quando eu ou você morrer, o céu vai ter uma cor que foi criteriosamente escolhida pela Morte.

Segue a explicação extraída logo do iniciozinho do livro: (Lembrando que é a Morte quem vai conversar com você agora!)

MORTE E CHOCOLATE

Primeiro, as cores. Depois, os humanos. Em geral, é assim que vejo as coisas. Ou, pelo menos, é o que tento.

• EIS UM PEQUENO FATO •
Você vai morrer.


Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.

• REAÇÃO AO FATO SUPRACITADO •

Isso preocupa você?
Insisto — não tenha medo.
Sou tudo, menos injusta.
— E claro, uma apresentação.
Um começo.
Onde estão meus bons modos?

Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente.

(...)

A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?
Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo no espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar.

• UMA PEQUENA TEORIA •
As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa.
Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes.
Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.



A Senhorita Morte não explica porque o céu tem cores. Mas posso afirmar que vêm das penas de pavão que ela já levou.
A minha dúvida é saber se como galinha d’angola eu acrescentarei alguma cor ao céu.

5 comentários:

Unknown disse...

Very Good!

Anônimo disse...

Quando eu morrer o céu vai estar vermelho, pq vai ser uma noite chuvosa... E vermelho é minha cor preferida, então a Morte será boazinha comigo pelo menos nesse instante e me deixará contemplar a coisa q eu acho mais bonita (noite chuvosa e céu vermelho) enquanto eu estiver sendo aniquilada...

Anônimo disse...

Coisa estranha...essa história de galinha d'angola está no meu comentário ao sr.cochise, sua ladra de livros!!!
hmm...tipo...bonito, o texto. Eu também gosto da MORTE do Penadinho, mas ainda prefiro a idéia da morte jogando xadrez...condiz mais com minha vontade de vencê-la (ou pelo menos me da uma chance, né?)
Abraço do seu comentador preferido.

E pára de roubar textos, expressoes e neologismos alhieos, que coisa mais feia, tá parecendo eu.

Marcella disse...

Excelente texto!!!
Comecei a lê-lo com uma certa dorzinha no coração, será que contém spoilers, já que comecei a ler o livro supracitado esse fim de semana... ainda bem que não!!!
Muito bom!!
See ya!

Anônimo disse...

morte jogando xadrez?
Ingmar Bergman?
hmmm...