domingo, 6 de janeiro de 2008

Nem com óculo se lê isso.

Panfleto de anúncio da loja ótica. As informações mais importantes vêm tão pequenininhas!

Para quem usa óculo desde os cinco anos, como eu, sabe como é caro aviar uma receita. Existem armações caríssimas! E só vendo para confirmar que a delicadeza e beleza delas variam em proporcionalidade ao preço.

Dois pares de lente de resina miolight (um material que permite moldar graus mais altos em lentes mais finas) variam de 100 a 150 reais, e, portanto, não é um investimento muito fácil de se fazer.

No dia dois de janeiro desse mês, uma nova loja de ótica foi inaugurada em Divinópolis. Para atrair clientes ela apresenta a promoção de lentes monofocais a 9 reais e armações gratuitas!

Uma parenta minha - minha tia – se arriscou a ver se a promoção valia a pena. Ela queria um novo “óculo de fazer unha” (assim ela o chama).

A Tia é muito irônica, o dobro se não o triplo de mim! Ela apareceu lá, observou com detalhes a fila enorme da porta da loja, analisou todo o evento e passou aqui em casa hoje contando, de um jeito pouco engraçado que ela tem, a saga de um pobre para pegar uma promoção (nas palavras dela).

"Ah não!!!! Nem para deixar a chave do carro seu tio deixou, fui eu enfrentar um calor desses no centro e andando a pé. Eu chego ali na Rua Goiás e começo a ver uma mocinha em cada esquina sacudindo uma bandeirinha da marca da ótica. Tinha movimento quase nenhum na rua. Eu pensei em ir embora já nesse momento, mas fiquei curiosa com as bandeirinhas. Ainda bem que tinha bandeirinhas, porque eu não sabia o endereço da loja. Seguindo as bandeirinhas eu cheguei lá. (aí ela começa uma crise de riso e interrompe o caso. Depois de uns dois minutos, ela respira fundo e continua.).
Quando eu cheguei à porta da loja eu passei para o outro lado da rua e analisei a situação assim meio do canto do olho. Tinha uma fila enorme de umas trinta pessoas mais ou menos. Aí eu pensei comigo “A promoção deve ser boa mesmo!” (Segunda crise de riso). Fiquei curiosa e resolvi enfrentar a fila. Tava fazendo nada mesmo. Mas p’ra quê minha fia. Num passou cinco minutos e chega uma senhora atrás de mim com um cachorro vira-lata enorme. Ele começou a cheirar a minha canela. A senhora passa a mão na cabecinha do bicho e fala assim: ”Meche com os zoto não fio”. O cachorro era dela! Agora você pensa (ela falou para mim) o nível de pessoa humilde que estava naquela fila!
Eu não desisti não. Pobre sabe das coisas. Aquela fila ia valer a pena. E valeu. Chegou um garçom. Um garçom, isso mesmo! Sabe o que ele tava servindo lá? Algodão-doce. Minha nossa! Tava bom de mais para ser verdade! Quando pego o algodão-doce... Ah não que ridículo! (aí ela retorna a rir)... O algodão-doce não tinha palito! O garçom me serviu algodão-doce no guardanapo!
Até aí tudo bem, eu não tava lá para comer algodão-doce mesmo e a fila estava terminando. Depois, o garçom veio oferecendo refrigerante. Por alguns momentos ele me dissuadiu do propósito de comprar um óculo. Estaria eu em uma ótica? (agora fui eu que disparei a rir. Ela veio com um comentário de que o garçom - pelo menos - era bonitão).
Enfim, entrei na loja. A atendente veio me mostrando uns óculos caros, olhou o meu antigo “óculo de fazer unha” e veio arrumando alguns iguaizinhos para eu ver. Já fui ficando nervosa. Um que, eu lá queria óculo igual ao que eu já tinha? Dois, porque ela não me ofereceu os da promoção? Eu perguntei neh. ”Moça, quais óculos são nove reais?”. A mocinha meio sem graça me mostrou um canto cheio de armações de linha econômica em zilo!!! (zilo é um plástico grosseiro e armação de zilo nem minha avó, mãe dessa minha tia, usa). Nossa!!!! Os óculos eram todos modelo Harry Potter. Não...muito pior!!! Eram ridículos!!! Todos pretos de lente redondinha. Larguei a atendente lá.
Como eu sou muito esperta, num deixei por menos. Fui embora. Antes, fiz questão foi de pegar mais um algodão-doce no papel."

Um comentário:

Anônimo disse...
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