Esse negócio de contar carneirinho para dormir, para mim, é algo assim meio... abstrato.
Quando era possível manter em casa um gato de TV à cabo, aqueles canais de venda de boi me eram muito úteis. Boi p'ra lá, boi p'ra cá, o apresentador ia repetindo os predicados do garrote a venda. Tudo soava feito canção de ninar. Chegava certa hora da madrugada que viajava questionando que quantidade imensa era aquela de bois que desfilavam na telinha, sendo que era um boi só que ia e voltava em repetição da mesma imagem. Eu amolecia e dormia feliz com aquela sensação boa de cansaço, parecendo que uma boiada realmente havia passado pela minha cabeça.
Na insônia vale tudo. Ler, ver lua, cortar unha do pé, bater vitamina de goiaba e leite. Como é madrugada e o liquidificador é barulhento, chocolate quente é bom, pelo menos mais silencioso.
Tem gente que espera o sono chegar no escurinho. Eu, pessoalmente, deixo uma luzinha acesa na casa. Vai que o sono anda perdido no meio da casa mesmo, se houver luz ele encontra quem o espera.
Ligo a luz do terreiro. O chato é que não tenho mais canal de boi e não tem goiaba, muito menos leite na geladeira. Lua? Eu estou com trauma de luas (ver tópico abaixo). Ler? Meus livrinhos acadêmicos grossinhos me sugam qualquer vontade de ler.
Ligo o rádio do telefone e descubro em meio a tantas estações de rádio sertaneja dessa cidade um especial do Ray Charles na rádio Universitária. Puts! É blues! E o problema que eu tenho com isso é que quando eu ouço blues, a última coisa que dá vontade de fazer é dormir. Naquele momento eu desejei vestir uma camisola de cetim preta bizarra que a minha mãe tem, colocar um ray ban, passar um baton vermelho sangue, pegar a vassoura e dançar, dançar a casa inteira! Ai que ódio! Eu preciso dormir e não dançar, porque se não, amanhã eu viro um bagaço perambulando na faculdade.
Desligo o rádio, vou tentar não pensar em nada. O melhor é olhar para alguma coisa que não me faz lembrar de nada. Aí eu olho para o teto. Só vivencio meia fração de segundo sem pensar em nada. Começo a analisar as pururucas de areia no reboque do teto. Traço estrela, traço patinho, nenhum desenho muito elaborado, nada de sono vir. Desenho uma cobra, uma galinha com pintinhos. Nenhuma cosquinha de sono.
De repende, depois de muitos desenhos (na verdade nem tantos assim), encontro um rabo. Um rabo e depois um chifre. Um boi se forma do nada! Um boi que ainda dava sorrisinho! O sono chega, a cabeça acomoda no travesseiro. Dormirei feliz essa noite por ainda existir um boi para me fazer dormir.
Quando era possível manter em casa um gato de TV à cabo, aqueles canais de venda de boi me eram muito úteis. Boi p'ra lá, boi p'ra cá, o apresentador ia repetindo os predicados do garrote a venda. Tudo soava feito canção de ninar. Chegava certa hora da madrugada que viajava questionando que quantidade imensa era aquela de bois que desfilavam na telinha, sendo que era um boi só que ia e voltava em repetição da mesma imagem. Eu amolecia e dormia feliz com aquela sensação boa de cansaço, parecendo que uma boiada realmente havia passado pela minha cabeça.
Na insônia vale tudo. Ler, ver lua, cortar unha do pé, bater vitamina de goiaba e leite. Como é madrugada e o liquidificador é barulhento, chocolate quente é bom, pelo menos mais silencioso.
Tem gente que espera o sono chegar no escurinho. Eu, pessoalmente, deixo uma luzinha acesa na casa. Vai que o sono anda perdido no meio da casa mesmo, se houver luz ele encontra quem o espera.
Ligo a luz do terreiro. O chato é que não tenho mais canal de boi e não tem goiaba, muito menos leite na geladeira. Lua? Eu estou com trauma de luas (ver tópico abaixo). Ler? Meus livrinhos acadêmicos grossinhos me sugam qualquer vontade de ler.
Ligo o rádio do telefone e descubro em meio a tantas estações de rádio sertaneja dessa cidade um especial do Ray Charles na rádio Universitária. Puts! É blues! E o problema que eu tenho com isso é que quando eu ouço blues, a última coisa que dá vontade de fazer é dormir. Naquele momento eu desejei vestir uma camisola de cetim preta bizarra que a minha mãe tem, colocar um ray ban, passar um baton vermelho sangue, pegar a vassoura e dançar, dançar a casa inteira! Ai que ódio! Eu preciso dormir e não dançar, porque se não, amanhã eu viro um bagaço perambulando na faculdade.
Desligo o rádio, vou tentar não pensar em nada. O melhor é olhar para alguma coisa que não me faz lembrar de nada. Aí eu olho para o teto. Só vivencio meia fração de segundo sem pensar em nada. Começo a analisar as pururucas de areia no reboque do teto. Traço estrela, traço patinho, nenhum desenho muito elaborado, nada de sono vir. Desenho uma cobra, uma galinha com pintinhos. Nenhuma cosquinha de sono.
De repende, depois de muitos desenhos (na verdade nem tantos assim), encontro um rabo. Um rabo e depois um chifre. Um boi se forma do nada! Um boi que ainda dava sorrisinho! O sono chega, a cabeça acomoda no travesseiro. Dormirei feliz essa noite por ainda existir um boi para me fazer dormir.
3 comentários:
Mas é muito interessante a influência do boi em seu sono porque lembro-me da imagem de um boi no pasto ruminando sem parar. Você olha pra ele e o bicho continua na maior paz do mundo. Concluo haver aí relação dos bois com o sono sim. Boi tem cara de sono.
Cadinho RoCo
pururucas? essa nunca ouvi.
e encontrar um boi ali no meio de tantos pontinhos foi tarefa tão difícil quanto a dos antigos, que encontraram constelações nas estrelas.
"De repende, depois de muitos desenhos (na verdade nem tantos assim), encontro um rabo. Um rabo e depois um chifre. Um boi se forma do nada! Um boi que ainda dava sorrisinho!"
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