sábado, 30 de agosto de 2008

O Ligador, a Camioneta e a Chuva de Granizo.

Hoje, dia trinta de agosto, eu Mariana Martins me fudi (na verdade quase). Desculpa o desconcerto que a palavra destacada remete você leitor, mas é que uma pessoa recém-fudida não liga muito para cerimônias.

Acontece que ao começar o dia de hoje, fiz uma oraçãosinha básica e um pedido nem um pouco normal. Eu pedi: “Papai do céu me livra dos homens que só querem saber de sexo, cessa um pouco esse assédio masculino na minha vida e me mostra um macho descente para me ajudar a comprar uma camionete cabine dupla. Manda um sinal aqui na Terra paisinho! Se o homem certo for o Zé, manda um terremoto. Se for o João manda um maremoto. Se for o Teobaldo, manda uma chuva de pedra.”

Sim, eu sei que eu não ia receber sinal nenhum do céu. Inventei essas coisas impossíveis justamente para não receber resposta nenhuma, já que resposta nenhuma significava eu ter de esquecer qualquer ser com balangandam entre as pernas.

Mas Gente! Hoje choveu pedra em Divinópolis (Mg)! Eu nunca vi um troço desse aqui e até arrepio de pensar! Foi granizo dos grandes e a área de claridade do meu apartamento ficou quinze centímetros atolada em gelo!

Desespero Total! O fenômeno natural indica que o Teobaldo foi o escolhido! E a parte que eu me fodo é que o Teobaldo é o mais inapropriado dos gentlemans que se candidatam ou são cotados a posar do meu lado na sociedade.

Sim, O Teobaldo é lindo, altão, moreno, barbudo, fica bem de amarelo e tem um fusquinha. Mas tem namorada. E não foi o Teobaldo que me ligou depois da chuva de granizo perguntando se eu estava bem. Preocupado se eu estava na rua andando de carro no momento que a chuva ocorreu.

A Chuva de Pedras foi como um daqueles casamentos arranjados sabe? E pior de tudo, um casamento arranjado por uma divindade! Para superar o desespero de ter sido predestinada ao Teobaldo, meu pai arrumou uma brecha para a angústia da madame que vos escreve.

O meu pai é um ‘Ligador’. Desses que tem um monte de bônus sobrando no celular e os aproveitam ao máximo. Depois do fenômeno da chuva ele pegou seu celular e foi fazer um rastreamento dos efeitos do gelo sobre a moradia dos parentes. Resultados constatados: Um primo quebrou a clavícula porque escorregou da moto, o telhado da varanda da minha avó desabou, a sala da minha tia alagou e o carro da minha dindinha levou porrada de quilos e quilos de pedra.
Mas o detalhe interessante está na pergunta que ele fazia aos parentes: “Nevou aí?”

É isso! Foi neve! E ai de quem discordar comigo! O liquidificador que pica os gelos no céu de Divinópolis para formar neve estava inativo há um bom tempo e não funcionou. Mas a intenção dos céus era neve e isso é o que importa.
O fato é que nevar não sinalizava nenhum macho apropriado. As divindades dizem que não preciso de um homem para comprar uma Hilux. O problema é que hei de precisar de um para lembrar de ligar para mim e perguntar se estou bem depois de uma chuva de pedras!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Como ganhar quinze mil reais?

Pegue uma lata de leite Moça e faça dois furinhos nela. Delicadamente, despeje um pouco do produto num recipiente para dar a impressão de que você consumiu o leite condensado. Depois, vá até o cantinho do seu guarda roupas, pegue um daqueles casulinhos pretos de baratas (ooteca, é onde ela põe os ovos). Cuidadosamente com uma pinça dessas de fazer o suvaco, abra o casulo e retire alguns ovinhos de baratinhas. Agora é só colocar dentro do leite condensado, esperar crescer um baratão dentro da lata. O próximo passo é procurar o serviço de proteção ao consumidor (PROCON) e se queixar de que a Nestlé anda fabricando Leite condesado com baratas.

(Detalhe importante: Se a pinça estiver suja de cabelo é melhor ainda. Acuse a Nestlé de fabricar leite Moça com barata e com cabelo! Hehehe)

Assim (ou não bem desse jeito) um guarda municipal de Uberaba conseguiu uma indenização de 15 mil reais da Nestlé. Ele conta que estava bebendo o leite condensado da própria lata por um dos furos quando foi surpreendido por “um objeto estranho de cor escura” obstruindo a saída do produto. Quase que ele confunde a barata com chocolate, mas por infortúnio da Nestlé o consumidor identificou o inseto e meteu (oua!) processo na empresa.

A história saiu no jornal Estado de Minas semana passada. A reportagem oline vocês podem acompanhar clicando bem aqui.

Se você leitor tiver achado difícil fazer o criadouro de baratas, vai aí outras dicas a exemplo de outras indenizações que essa mesma reportagem diz terem sido pagas para alguns consumidores. Eis a estranhices e os respectivos valores das indenizações:

Largatixa dentro de lingüiça rendeu seis mil e quinhentos reais.
Croissant mofado, um mil reais.
Pirulito com formiga deu sete mil e seiscentos reais para uma dona de casa.
Largata em barra de cereais, seis mil reais.
Larva em chocolate, três mil reais.
Cabelo na coxinha, um mil e quinhentos.

Pronto. Você que está na pitimba. Assaltando o mendigo para comprar balas! Seus problemas acabaram!
Pegue uma coisa nojenta e adapte numa comida. Com um bom advogado você pode ficar rico!
E se lembre de pagar royalties a mim!

domingo, 3 de agosto de 2008

A cor do céu quando a galinha d’angola morrer.


O divinopolitano Cochise inventou (ou copiou) um termo muito atraente em uma das suas últimas postagens: “Pavonice”. Ele próprio conceitua a palavrinha como um termo para definir a necessidade dos humanos de se exibirem como um pavão. Seja participando do Big Brother Brasil, seja montando uma banda, seja blogando textos inusitados para que muitas pessoas leiam.

Existe uma coisa que me agrada muito fazer como blogueira! É ser uma galinha d’angola e roubar as penas de um pavão para fingir que sou um. É só uma forma de dizer que adoro comentar a literatura alheia, já que quando descubro alguma coisa interessante nos livros e posto nesse blog, me sinto de posse daquilo.

E as penas pavonescas que roubo dessa vez é coisa linda de se ver e ler! Ironicamente ou não, elas vêm de um livro com nome sugestivo: ‘A menina que roubava livros’ - (Markus Zuzak).
Assim como as penas de pavão, o que roubei desse livro vem recheado de muitas cores!

O livro deve ser conhecido por muita gente, já que esteve (ou ainda está) na lista dos livros mais vendidos da revista Veja. Mas confesso que o quê me levou a lê-lo foi o nome e não propaganda em si.

Bem, vamos às CORES que cheguei a espremer dele.
Imaginem vocês A Morte. É A Morte, aquela que mata (Kkkkk!). Pois é, A Morte é a narradora do livro.

Só por aí eu já comecei a me apaixonar pela obra. É que sempre gostei da personagem Morte na Turma da Mônica nas histórias do Penadinho. Com uma foice pontiaguda e capuz preto. É fantástico admitir feições humanas para ela. Algo debochado e avesso!
E a Morte narradora do livro supradito é assim também debochada e avessa. Sensível! Por que não? E o maior talento desse personagem-narrador que vos apresento é exatamente a sensibilidade. A Morte do livro escolhe a COR do céu para o momento em que deve levar uma pessoa consigo. O que quer dizer que, quando eu ou você morrer, o céu vai ter uma cor que foi criteriosamente escolhida pela Morte.

Segue a explicação extraída logo do iniciozinho do livro: (Lembrando que é a Morte quem vai conversar com você agora!)

MORTE E CHOCOLATE

Primeiro, as cores. Depois, os humanos. Em geral, é assim que vejo as coisas. Ou, pelo menos, é o que tento.

• EIS UM PEQUENO FATO •
Você vai morrer.


Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.

• REAÇÃO AO FATO SUPRACITADO •

Isso preocupa você?
Insisto — não tenha medo.
Sou tudo, menos injusta.
— E claro, uma apresentação.
Um começo.
Onde estão meus bons modos?

Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente.

(...)

A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?
Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo no espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar.

• UMA PEQUENA TEORIA •
As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa.
Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes.
Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.



A Senhorita Morte não explica porque o céu tem cores. Mas posso afirmar que vêm das penas de pavão que ela já levou.
A minha dúvida é saber se como galinha d’angola eu acrescentarei alguma cor ao céu.