O desenvolvimento de uma cidade, sem dúvida, depende da fluidez de seu trânsito. Belo Horizonte tem ruas movimentadíssimas, mas é admirável a organização dos ônibus e outros meios de transporte para atender sua população. Ao contrário, em Divinópolis, o mau planejamento do transporte público é acompanhado das péssimas condições das ruas e do desrespeito por parte de pedestres e motoristas.
Em BH, como em qualquer outra capital, o trânsito é uma loucura. Movido por intensos fluxos, como um amigo meu disse. Impressiona que, as massas de carros e pessoas se revezem para atravessar uma rua como a Afonso Pena, por exemplo, onde faixas de pedestre são relativamente poucas, mas estritamente respeitadas. Uma das diferenças entre dirigir e andar em BH ou Divinópolis é, justamente, que os pedestres belo horizontinos não atravessam em lugares indevidos. Por mais que eles tenham de esperar um minuto para cruzar uma rua, assim o fazem porque não se arriscariam numa travessia que passam dois carros por segundo na luz do dia.
Agilidade é outro ponto positivo na capital de Minas. Chegar a esperar por meia hora num ponto de ônibus, com em Divinópolis, é algo impensável numa cidade em que se leva muito tempo para cruzá-la de um ponto ao outro. Os ônibus que circulam em Bh devem girar em torno de nove mil (supondo esse número porque eles são numerados de 1 a 9000 e muitos). Lá, não apenas um ou dois ônibus se ocupam de determinado trajeto. O “ônibus 2004” que eu cheguei a pegar por quatro dias para chegar a Pampulha passava pelo ponto de cinco em cinco minutos. Andava, só pelo tempo que pude contar em meu trajeto, 20 minutos. Prova de que uma linha que vá do Belvedere ao Bom Pastor em Divinópolis, por exemplo, não tem justificativa para demorar tanto.
Às pessoas perdidas que, em Divinópolis, necessitam do falível serviço de informação por telefone da Trancid para saber qual ônibus pegar, podem, pela BHtrans conseguir informações dos seus ônibus por um
endereço eletrônico. Mais que indicar os ônibus a serem pegos, o site informa quantos metros você vai andar e quanto vai pagar para chegar ao local que deseja.
A respeito das passaginhas em Belo Horizonte duas informações importantes. Uma, não tente comprar passaginha com o vendedor de bala. Duas, não fale em hipótese alguma na palavra “passaginha”, eles só conhecem vale transporte em Belo Horizonte. O valor do tíquete é R$2,10, o que é justificável pela distância que um ônibus chega a rodar lá dentro. Os passageiros podem optar, também, pelo uso de um cartão que é identificado pela roleta e fornece desconto de 50% no segundo ônibus pego no mesmo dia.
Outro ponto admirável, se não criativo, é que, para aliviar o trânsito de ônibus em alguns pontos da capital, existem ainda os táxis-lotação. Carros que passam por um trecho determinado e cobram 10 centavos a mais que o ônibus; também por pessoa. Competem pelos mesmos pontos dos ônibus minuto a minuto.
Agora o quê imperdoavelmente devia funcionar em Divinópolis é a sinalização das ruas. Divinópolis não tem sinalização horizontal (linhas pintadas no pavimento das vias) em suas principais ruas: Rua Goiás e Pernambuco. A Primeiro de Junho só foi repintada depois do projeto de alargamento das calçadas que ocorreu em 2007 e que, como toda obra de prefeitura, foi interrompido pela metade na Rua Goiás. Falta de verba ou não, a quantidade de rotatória para substituir semáforo nessa cidade é alarmante! Isso quando não falta os dois como no cruzamento da 21 de Abril com a Pernambuco. Faixas de pedestres mal sinalizadas e impaciência dos motoristas somam ao problema.
No centro de Belo Horizonte o motorista dá seta para trocar de faixa porque lá tem faixa. Lá os motoristas podem se estressar como a quantidade de carros, mas não com pedestre atrevido que atravessa a rua fora da faixa de pedestres. Em Belo Horizonte a gente não paga R$1,75 para andar dez quarteirões. Pedestres não têm que ficar no meio de rotatória a mercê de um motorista bonzinho que deixe a gente atravessar.
Aos críticos de plantão, isso não são observações de uma recém-habilitada pondo a culpa de dirigir mal no carro ou nas ruas. É o olhar de uma cidadã que fez título de eleitor com 16 anos, vota desde então, pretende comprar um carro o mais rápido possível e não quer que o seu IPVA seja para molhar a mão do Demetrius e demais políticos da Buracolândia.
P.S. O texto não faz uma comparação generalizada entre ruas de Divinópolis e Ruas de Belo Horizonte.