domingo, 25 de janeiro de 2009

Iniciando as despedidas.

Foi meio abismática a situação que aconteceu comigo nessa semana. Eu estava em Itaúna (MG) cancelando uma bolsa integral de Biologia pelo PROUNI e encerrando a minha matrícula para o próximo semestre do meu curso na UIT (Universidade de Itaúna). Três pessoas lá do setor Administrativo da Faculdade perguntaram se eu tinha certeza do estava fazendo, já que era um ato irreversível no sistema do MEC segundo todos eles. Eu disse que sim, eu tinha certeza, mas os funcionários que me atendiam pareciam ler a insegurança que perpassava todos os meus pensamentos. Afinal eu estava abandonando, com 2 anos já concluídos, um curso superior totalmente gratuito e que de alguma forma, há dois anos de minha vida, eu quis. No mesmo dia do cancelamento tinha gente demais lá na Universidade. Gente com envelope nas mãos e papelada que faltava para tirar xérox, pais nervosos e filhos também. Ansiavam pela aprovação em uma entrevista que concederia a muitos jovens, que ali estavam, o direito de uma Universidade gratuita. A menina de cabelo castanho escuro e óculo chegou sem papelada nas mãos e logo chamou atenção pelo motivo de estar ali. Ela não queria mais a sua bolsa de estudo, ela queria cancelar o benefício.

Não !!!
A garota, que sou eu, não estava ficando louca não! E para aliviar o incomodo que a minha ação causava para as pessoas que sabiam da finalidade pela qual eu estava lá, tive de juntar minhas argumentações interiores p’ra revelar com orgulho a opção pelo meu sonho: Eu estou largando tudo para ser doutora senhores! Fevereiro agora eu parto para Alfenas e lá permanecerei pelos meus próximos 6 anos. Vou me formar médica urologista. (Bricadeirinha só para descontrair os ânimos de quem acabou de ficar triste ao saber que já não sou mais cidadã divinopolitana).

É meus amigos... eu estou feliz, mas desgarrar de Divinópolis não está sendo fácil e desgarrar dessa minha mole vida e de Itaúna também não. Foi só por o pé p’ra fora da faculdade que um filme de lembranças veio me cutucar. Passaram pessoas, amigos de sala, de cidade, de ônibus. Passaram coisas que fiz e que empenhei tempo e vontade por esses dois anos de formação acadêmica.

A gente abriu sapo, peixe e gente. Coletamos fezes de capivara para ver no microscópio. A Elizangêla descobriu que eu tinha cabelo branco e tratou logo de arrancar todos os sete fios que achou na minha cabeça. A gente comeu muito tropeguete junto na beirada da rodovia. Eu ganhei bolo de aniversário dos meus amigos. Eu arrumei amores lá por aquela cidade. Eu conheci pessoa que andava de fusquinha branco como eu. Eu perdi o enjôo de andar de ônibus. Eu descobri amigos gays, heteros e safados. E descobri que lubrificante íntimo de pimenta é o mais eficiente. Eu vi que gente sabida pode ser simples ou arrogante e que a receita p’ra ser amada pela sala inteira é passando muita cola (he he).

Beijos p’ra todo mundo! Não esquecerei de ninguém. Itaúna, tu fica fica com um pedacinho pouco de mim.

3 comentários:

Marcella disse...

Meninaaa!!!
Tô bege!!!
Saiu da facul e vai fazer o que agora?
Me conta viu?
Quero detalhes...
BJUS

André Luiz Faria disse...

Hummm...
Doutora Mariana Martins,

Você esta sendo requisitada na sala de cirurgia...

É... isso vai acontecer muito!

Sucesso pra você!

E não se esqueça de Div.
Beijossss

Anônimo disse...

Tudo vale a pena.
Cada pedaço do mundo ou de nossas escolhas. Espero por você no futuro, pra compartilhar nossas conquistas numa mesa de café.
Você, doutora Mariana MArtins.
Eu, cineasta Felipe Lacerda.

Só pra rir.

Eu admiro sua coragem e sua generosidade para consigo mesmo.
Mas mais que todos por aqui, acho que uma certa escola num certo bairro da cidade vai sofrer desesperadamente a ausência da Tia Mariana.
Os blogueiros não.
Eles são raça-ruim.
Sobrevivem.
Se acostumam. Tewrão você na distância de um clique.

E só pra lembrar vossa senhoria, estou esperando um telefonema seu para um café, antes de você se tornar abridora de cérebros e sisitemas digestivos.