Receber doses semanais de conhecimento sobre Medicina Forense fará com que nesse blog chova informações cadavéricas. O texto de hoje já está dentro dessa promessa e sai sem antes ter assistido qualquer aula ainda. As informações e imagens vêm de um livro que me emprestaram: [Nome: Medicina Legal. Autor: Eduardo Roberto Alcântara Del-Campo. Editora: Saraiva. 5ª edição. Páginas: 84 e 85.]
Hoje, o Chuva de Containers ensina para você como tomar impressões digitais de um cadáver.
A pele possui duas camadas. Uma superficial, epiderme, e outra adjacente e mais profunda, derme. As ondulações que formam os desenhos papilares ou digitais são circunvoluções da epiderme que se estendem sobre glândulas, terminais nervosos e vasculares da derme. As impressões digitais são variáveis de indivíduo para indivíduo e não se repetem nem mesmo em gêmeos univitelinos. Por isso os desenhos papilares são importantes ferramentas para diferenciação e reconhecimento de uma pessoa.
Para se colher as impressões de um indivíduo vivo, procede-se de forma simples e bem conhecida. Usa-se uma tinta apropriada, um rolo para entintamento dos dedos e o papel impresso destinado ao recebimento das impressões.
O dedo de um ser humano vivo possui um tônus próprio que permite a pressão da digital sobre o papel para reproduzir satisfatoriamente o desenho papilar. Para se obter as impressões digitais de uma pessoa que faleceu recentemente, o procedimento ainda é efetuado sem dificuldades. Basta que o pesquisador efetue a pressão do dedo do morto sobre o papel. Contudo, há obstáculos quando a pessoa faleceu há mais tempo e o corpo se encontra em rigidez cadavérica, amolecido, murcho ou em início de putrefação. Para tudo há um jeitinho. O jeitinho para solucionar esse problema é descrito no livro citado.
A rigidez cadavérica não é óbice para a tomada das impressões digitais, podendo, no máximo, dificultar bastante a sua execução.
O amolecimento excessivo dos tecidos ocorre, por exemplo, nos corpos dos afogados. Normalmente basta que o pesquisador tenha cautela de limpar os dedos do cadáver com um pouco de álcool e em seguida aplicar a tinta.
Em alguns casos de emurchecimento mais avançado preconiza-se a injeção subdérmica de um líquido inerte, como parafina ou a glicerina, com finalidade de devolver a conformação da extremidade digital e permitir a coleta de impressões.
Para os corpos em decomposição é necessária a retirada da luva cadavérica, ou seja, a pele que recobre os dedos da mão do cadáver. [O desenho explica como é a retirada dessa luva cadavérica. Corta-se transversalmente a pele do dedo alcançando com o corte a área de um anel (1). Depois, a pele do dedo é arrancada como um preservativo (2)]. Após isso, o pesquisador veste a pele do cadáver sobre sua própria mão, previamente protegida por uma luva de borracha (3). [É a hora de ver se a capinha de dedo do morto serve no seu dedo. Hehe]. Enfim, pode-se tranqüilamente fazer a tomada das impressões digitais (4 e 5).